Os agricultores da Catalunha intensificaram seus protestos depois de alguns dias de trégua e após conseguir entrar em Barcelona e ter reuniões com as principais instituições da comunidade autônoma.
A Unión de Pageses, que agrupa a maioria dos trabalhadores do campo, se mobilizou com seus tratores na região e bloquearam algumas rodovias da comarca, além de bloquear a circulação no principal mercado de Barcelona, Mercabarna, e do Porto de Tarragona. O governo espanhol decidiu finalmente se reunir com os representantes da mobilização para tentar alcançar um acordo que ponha fim à paralisação nacional indefinida em curso.
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O setor primário catalão, assim como no resto da Espanha, continua se mobilizando e reclama pelo fim ao que eles chamam de “a competição desleal dos produtos que não cumprem os estândares europeus, a defesa do modelo europeu na fronteira e a necessidade de uma reciprocidade nas relações comerciais sobre o uso de fitossanitários, medicamentos e medidas veterinárias, e condições ambientais”.
Só na Catalunha, onde se registraram os protestos mais importante da jornada, os tratores se deslocaram até Mercabarna a partir de várias comarcas agrícolas, como o Baix Llobregat e Anoia, enquanto os que se dirigiram ao Porto de Tarragona procediam dos municípios agrícolas dessa província e das Terras do Ebro. Durante seus deslocamentos, fizeram barricadas com pneus e fogueiras que geraram tensão com a polícia.
Além dos protestos na Catalunha, também houve bloqueios de tráfego nas províncias de Sevilha, Granada, Jaén, Cádiz, Zaragoza, Burgos, Soria, Valladolid e Madri, entre outras.
Foto: Union de Uniones / X
Tratores mobilizados em Mercabarna, na Espanha
Detenção e multas
O ministério do Interior espanhol informou que desde o princípio dos protestos foram detidas 33 pessoas, identificadas 8.415 e multadas 3.176.
Após o governo espanhol, nos primeiros dias das mobilizações, chamar os agricultores de “manipulados pela extrema-direita”, retificou e decidiu convocar uma reunião com as principais organizações do setor, como Asaja, COAG e UPA, com as quais se encontraria nesta quinta-feira (15), na sede do Ministério de Agricultura e Pesca, em Madri.
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Entretanto, em Bruxelas, a Comissão Europeia aprovou o regulamento pelo qual se suspende durante 2024 a obrigação prevista de que os agricultores mantenham uma porcentagem de suas terras cultiváveis em repouso. A medida entrou em vigor nesta quarta-feira (14) e será aplicada de maneira retroativa.
Na Itália, o governo aprovou medidas de redução fiscal para neutralizar o protesto dos agricultores, ao anunciar que firmou um pacto para desbloquear em torno de 200 milhões de euros para o setor, a redução de 50% do Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas, além incluir uma emenda no decreto-lei sobre prorrogações normativas e obrigações fiscais, que deverá passar pelo Parlamento.
Armando G. Tejeda | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
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