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ToggleNesta terça-feira (27), o mal-estar e a exaustão dos agricultores europeus chegaram até Bruxelas, cidade capital da União Europeia (EU), onde cerca de 900 tratores provocaram caos, enquanto os ministros de Agricultura do bloco e os máximos representantes da Comissão Europeia (CE) se reuniam na sede da instituição para avaliar suas demandas.
Nas ruas de Bruxelas, houve queima de pneus e o bloqueio, durante algumas horas, do aeroporto da capital belga. Houve confrontos com os agentes antidistúrbios, que dispersaram os manifestantes com jatos de água e gás lacrimogêneo.
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Em Madri, ocorreu uma mobilização de mais de 30 mil pessoas, segundo as organizações convocadoras, e cinco mil, segundo a delegação do governo. Os manifestantes chegaram até as portas do Parlamento Europeu na cidade, no cêntrico Paseo de la Castellana, onde estacionaram cerca de 100 tratores. Ali entregaram suas reivindicações, argumentando que, na reunião de Bruxelas, estavam “decidindo nosso futuro”.
Na Polônia também houve protestos, com o bloqueio de uma parte da fronteira com a Alemanha, para exigir à CE a imposição de taxas à importação de produtos alimentícios procedentes da Ucrânia.
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As mobilizações, que se iniciaram na França e se estenderam à Bélgica, Alemanha, Portugal, Itália, Polônia, Grécia, Hungria e Holanda, entre outros locais, provocaram uma maior celeridade na modificação das políticas agrárias da região.
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Foto: Union de Uniones
Protesto de agricultores em Madri em 22 de fevereiro de 2024
Relaxamento não é suficiente
Os representantes dos governos de cada país assistiram ao encontro da Bélgica ávidos de que se aprovem medidas imediatas, para impedir a agudização das mobilizações. Ao término da reunião, disseram que a proposta da Comissão de relaxar os requisitos ambientais da Política Agrária Comum (PAC) “não é suficiente”, informou o representante da Bélgica, país que ostenta a presidência de turno do Conselho, David Clarinval, segundo a agência AFP.
O ministro francês de Agricultura, Marc Fesneau, afirmou que concordaram que as iniciativas constituem “um primeiro passo concreto na direção correta” e convidaram a CE “a completar as propostas rapidamente, com novas e mais ambiciosas medidas”, agregou.
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Uma decisão que celebraram foi a eliminação dos controles de “condicionalidade reforçada”, como pediram os agricultores, medida que beneficia 55% dos lavradores espanhóis e uma boa parte dos europeus.
Exigências “voluntárias”
O comissário europeu de Agricultura, Janusz Wojciechowski, propôs que passem a ser voluntárias algumas das exigências sobre meio ambiente que os agricultores devem cumprir para receber o apoio do PAC. É “melhor incentivar que impor” para garantir o cumprimento dos objetivos do Pacto Verde, apontou.
Por sua vez, os representantes do agro consideram que as decisões de Bruxelas foram escassas. Exigem, entre outras medidas, o fim definitivo de negociações com os países do Mercosul e o fim de travas burocráticas excessivas.
“Quando um de nossos cavalos faz caca, temos que informar quanto fez, o que se passa com essa caca, para onde irá e quando. É demasiada loucura para explicar”, se queixou a produtora rural Marieke Van de Vivere.
Armando G. Tejeda | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
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