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ToggleAtravés da história (pelo menos desde o fim da segunda guerra mundial) a marca intervencionista dos Estados Unidos teve a Agência Central de Inteligência (CIA) como ator principal.
Toda a rede conspirativa que levou a invasões armadas, golpes de estado contra presidentes democráticos, assassinato de líderes, desestabilização de países, treinamento de terroristas e oficiais de outras nações, aplicação de interrogatórios sob tortura e a sistematização de métodos de obtenção de informação violando direitos humanos e todo tipo de ações ilegais tinham como eixo operações encobertas e de inteligência desse serviço, fundado em 1947.
O segredo e o ocultamento das operações da CIA marcavam a pauta da política exterior dos Estados Unidos, em conflito permanente com o Departamento de Estado e o Conselho de Segurança Nacional, no protagonismo por atribuir-se êxitos no cumprimento dos objetivos internacionais imperiais de seu país.
Chile
Caso paradigmático neste sentido foi a ação dos Estados Unidos contra o Chile durante o governo do presidente Salvador Allende. Em primeiro lugar, o presidente Nixon tentou impedir por todos os meios que Allende fosse ratificado pelo Congresso como estabelecia a lei chilena da época. Para tanto recorreram até ao recurso de assassinar o Comandante em Chefe do Exército, general René Schneider, um militar constitucionalista.
Quando não conseguiu esse objetivo, Nixon deu instruções para desestabilizar o país a fim de fazer fracassar a gestão do governo da Unidade Popular e provocar um colapso com a ordem de “fazer crepitar a economia”, outorgando amplos recursos e atribuições que foram criando as condições para o golpe de Estado de setembro de 1973. Tudo isto, em acordo com as forças armadas, os partidos políticos de oposição, agremiações empresariais e meios de comunicação.
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Embora houvessem manifestações exteriores que davam conta dos preparativos violentos para a interrupção da democracia, tudo foi planejado e organizado em total segredo. Talvez naquela época a existência de um sistema internacional bipolar impedia que os Estados Unidos atuassem com aberta impunidade.
Hoje já não é assim. Um mundo indefinido em termos de sua estrutura, pugna entre a imposição unipolar dos Estados Unidos e seus aliados, em particular uma Europa sem projeto e subordinada, carente de personalidade internacional, que choca com os desejos majoritários de multipolaridade.
No entanto, não se possui força suficiente para enfrentar a soberba imperial nem impedir os desmandos da potência estadunidense que age com total impunidade ante a violação do direito internacional. Chegou-se inclusive ao absurdo da ONU ser dirigida por um ex- primeiro ministro de um país da OTAN, a aliança militar mais agressiva e guerreirista da história.
Alainet.org
Parece que a administração Biden decidiu assumir o controle direto das operações, reunindo sob um só comando
Situação atual
Este é o contexto que permite que os Estados Unidos possam – atualmente – revelar publicamente seus planos de agressão, sem ter que enfrentar contratempos de nenhum tipo. No caso da Venezuela, tal situação foi mais do que evidente.
Em um primeiro momento, foi curioso que tenha sido o diplomata estadunidense James Story, designado para Bogotá e a cargo da Oficina da Venezuela na Colômbia, atuando como líder do terrorismo crioulo, a dar a conhecer em março a criação de uma nova plataforma política para agrupar esse setor da oposição venezuelana.
Tal agrupamento, batizado como Nova Aliança por Eleições Livres se propõe a ser “uma plataforma formada pela sociedade civil, várias ONGs, um setor do empresariado e os partidos políticos do G-4, que trabalharão unidos para lutar contra o regime”.
Com isto deu-se por superada a “Frente Ampla Venezuela Unida”, que assim como seus inumeráveis antecessores fracassou na tentativa de derrubar pela força o governo do presidente Nicolás Maduro.
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Assim torna-se patente que diante do fiasco e da decepção que significou a liderança nacional, os Estados Unidos tenham decidido que nesta etapa, essa responsabilidade seja assumida diretamente por um membro do Departamento de Estado, que com uma CIA renovada na administração Biden, tratará de formar – assim como no Chile de Allende – um agrupamento de “partidos políticos de oposição, agremiações empresariais e meios de comunicação”, sempre que forem frustradas suas intenções de quebrar a Força Armada Nacional Bolivariana, elemento fundamental, que contrasta absolutamente com a já conhecida experiência chilena.
Antigas novidades
Mais recentemente, na terça-feira (6), soube-se de outra aresta da guerra multifuncional que os Estados Unidos travam contra a Venezuela e que é revelada publicamente por seus dirigentes.
O secretário de Estado Anthony Blinken comunicou-se por telefone com o presidente da Colômbia, Iván Duque, para agradecer pelos serviços que Bogotá está prestando aos Estados Unidos a fim de construir uma “aliança multifacetada” com o objetivo de derrubar o governo da Venezuela e instalar um de seu agrado. Claro… isso foi disfarçado como o “compromisso comum” que têm “com a restauração da democracia e o Estado de Direito na Venezuela”.
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Blinken deixou claro que a violação de direitos humanos na Colômbia, a falta de respeito ao estado de direito e os muitos assassinatos de dirigentes sociais e ex-combatentes das FARC seguirão contando com o aval dos Estados Unidos, desde que a Colômbia continue sendo o porta aviões de Washington para sua intervenção na região. Claro… isso foi dissimulado como “os esforços da Colômbia para promover a democracia em toda a região”.
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Blinken também assegurou a Duque que, para dar continuidade a sua política de segurança democrática, que significa extermínio de dirigentes sociais, realização de execuções extrajudiciais, aliança com o narcotráfico e o paramilitarismo e incremento mais acelerado das exportações de cocaína colombiana para os Estados Unidos para que os jovens desse país tenham a droga suficiente para seu consumo, sem criar insuficiências perigosas para o mercado, – a Colômbia continuará contando com o apoio dos Estados Unidos. Claro… isso foi mascarado como “compromisso de Washington de continuar a estreita cooperação em matéria de segurança, desenvolvimento rural e luta contra o narcotráfico para apoiar a paz na Colômbia“
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“Pela boca morre o peixe”, eles mesmos deram a conhecer sua estratégia: criação de uma nova plataforma terrorista que busque consolidar o apoio social que não conseguiram; ações militares na fronteira em aliança com gangues de narcotraficantes, paramilitares e delinquentes, além do bloqueio dos recursos da Venezuela para que não cheguem combustíveis nem vacinas a fim de criar desassossego no povo como revelaram os dirigentes terroristas Júlio Borges e Juan Guaidó, tentando com isso culpar o governo por tal situação.
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Nesta nova estratégia, na qual parece que a administração Biden decidiu assumir o controle direto das operações, reunindo sob um só comando suas Forças Armadas, o Departamento de Estado, a CIA, as organizações paramilitares colombianas, os cartéis do narcotráfico, o governo da Colômbia e o setor terrorista interno, a Venezuela também revelou sua estratégia: Escudo Bolivariano, isto é, povo, exército, consciência cidadã, espírito patriótico, vontade de luta e de resistência e aliança cívico-militar.
Sergio Rodríguez Gelfenstein, Resumen Latinoamericano
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