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Foto: Secretaria de Cultura da Argentina / Reprodução Facebook

Argentina: entre a denúncia contra Fernández e a vassalagem de Milei à Otan

Enquanto correm as notícias sobre a denúncia de violência de gênero contra Fernández, a Argentina descobre que Milei pretende entregar a estatal Fabricaciones Militares à Otan
Stella Calloni
Diálogos do Sul Global
Buenos Aires

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Em uma semana muito difícil para o governo do ultradireitista Javier Milei, uma série de situações está chocando a população da Argentina. Quando quase 6 milhões de argentinos foram adicionados às estatísticas de pobreza em poucos meses, denuncia-se que a “Fabricaciones Militares”, empresa estatal, seria entregue aos Estados Unidos e destinada a produzir armas para a Organização do Atlântico Norte (OTAN).

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De igual maneira, revela-se que o projeto presidencial de liberar os detidos por crimes contra a humanidade foi acordado entre estes e os deputados da oficialista La Libertad Avanza que os visitaram recentemente.

Denúncia contra Alberto Fernández

Mas o que ocupa as manchetes dos meios de comunicação é a denúncia de Fabiola Yáñez contra seu ex-marido, o ex-presidente Alberto Fernández, por suposta violência de gênero, “assédio telefônico” e “terrorismo psicológico”.

Isso levou o ex-mandatário a renunciar à presidência do Partido Justicialista (PJ) e, na última sexta-feira (9) à noite, a polícia fez uma operação em seu apartamento e levou os telefones, computadores e outros equipamentos para revisar suas mensagens. Fernández não pode sair do país nem se comunicar com sua ex-companheira, entre outras proibições.

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A denúncia de Yáñez, que está na Espanha com o pequeno filho de ambos, ocorre no contexto de uma investigação sobre supostos atos de corrupção em questões de seguros, que envolvem o esposo de sua ex-secretária.

Cristina apoia Yánez

A ex-vicepresidenta Cristina Fernández de Kirchner, que teve uma relação muito difícil com o ex-presidente durante seu mandato, se solidarizou com Yáñez, considerando que o comportamento do ex-mandatário “revela o mais sórdido e obscuro da condição humana e que a misoginia, o machismo e a hipocrisia não têm bandeira partidária”.

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Tudo será visto na causa aberta pelo juiz Julián Ercolini, que é um dos juízes que integram o chamado Partido Judicial, que inventou causas e que também deveria estar imputado por ter ido – com outros magistrados – à casa de Joe Lewis, acusado pela quantidade de terras compradas na Patagônia e por se apropriar de um lago, além de ter uma plataforma sobre o Atlântico na qual podem aterrissar os aviões britânicos da base que a Inglaterra tem nas Malvinas. Lamentavelmente, a utilização do tema pela imprensa e pelos políticos não permite que seja a justiça a estabelecer a verdade.

Milei e a Fabricaciones Militares

Por outro lado, a Associón de Trabalhadores do Estado (ATE) denunciou que os Estados Unidos tomariam controle da Fabricaciones Militares, localizada em Río Tercero, província de Córdoba, e assumiriam o setor metalúrgico destinado a fabricar armas para a Organização do Atlântico Norte (OTAN).

Denunciaram, ademais, que o governo nacional quer reconverter a figura de Sociedade do Estado para Sociedade Anônima, com o que pode ser vendida ou entregue, neste caso ao exército dos Estados Unidos.

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Durante um plenário nacional da ATE e ante a preocupante situação que atravessa a Fabricaciones Militares, decidiu-se que essa entrega de unidades produtivas se encaixaria dentro da política de ajuste e desmantelamento do governo de Milei.

Por outro lado, no sábado (10) foi divulgado que o ex-ministro de Energia do governo de Mauricio Macri, Javier Iguacel, criou uma empresa através da qual ficou com quatro importantes setores da produção petroleira.

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A tudo isso se agrega que foram enviadas duas novas cargas de ouro do Banco Central para a Grã-Bretanha, pelo que se exige ao governo que declare publicamente o que está acontecendo neste caso, enquanto o país está em queda livre economicamente e à beira da explosão.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Stella Calloni Atuou como correspondente de guerra em países da América Central e África do Norte. Já entrevistou diferentes chefes de Estado, como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Luiz Inácio Lula da Silva, Rafael Correa, Daniel Ortega, Salvador Allende, etc.

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