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De olho na multipolaridade, 26º Foro de SP condena sanções e defende integração regional

Cúpula, criada em 1990 para discutir uma alternativa popular e democrática ao neoliberalismo, encerrou edição de 2023 neste domingo (2)
Renato Santana
Jornal GGN
São Paulo (SP)

Tradução:

A 26ª edição do Foro de São Paulo foi encerrada neste domingo (2), em Brasília, com a condenação dos bloqueios e medidas coercitivas contra Cuba, Nicarágua e Venezuela. Para enfrentá-los, entre outros desafios, o Foro voltou todas as suas atenções ao projeto de integração regional. 

O encontro, que teve início na última quinta-feira (29), recebeu um total de 270 representantes de 57 organizações sociais que defendem a integração e a soberania na América Latina e no Caribe. Uma nova ordem mundial multipolar também é defendida pelo Foro.

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Para isso, acontece as retomadas de iniciativas de integração, como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e a Unasul, entendidas como centrais para os países do bloco conseguirem defender seus ponto de vistas no sistema global.

“As bases políticas e históricas da união latino-americana e caribenha nasceram com nossas repúblicas, desenvolvem-se fortemente no século 21 baseadas na defesa da soberania popular e dos direitos sociais e políticos dos povos”, defenderam os representantes presentes no Foro.  

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Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Alberto Fernández (Argentina) e Gustavo Petro (Colômbia) vêm definindo integração como um programa político, o que conflui com o Foro, que defende “um olhar para o futuro que tem como ponto de partida a nossa realidade e os imensos recursos naturais que nossa região possui”. 

Cúpula, criada em 1990 para discutir uma alternativa popular e democrática ao neoliberalismo, encerrou edição de 2023 neste domingo (2)

EBC
O Foro de São Paulo foi fundado em 1990, quando partidos da América Latina e Caribe se reuniram a convite do Partido dos Trabalhadores

Ação integrada contra bloqueios 

Para o parlamentar nicaraguense Wilfredo Navarro, a ação integrada contra bloqueios e outras medidas coercitivas na região foi um dos eixos do Foro, que vê nos bloqueios uma forma de manter populações em dificuldade.

“Existe uma opinião internacional de que qualquer medida coercitiva ou agressão econômica contra um país soberano deve ser rejeitada”, disse Navarro lembrando que no sistema internacional há posicionamentos nesse sentido. 

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A última edição do Foro ocorreu em Caracas, em 2019, ou seja, este foi o primeiro encontro do Foro pós-pandemia. 

“As consequências da crise multidimensional do capitalismo, fruto de profundas desigualdades acumuladas, exacerbadas pela pandemia da covid-19, têm um impacto devastador na vida dos povos e na estabilidade dos países”, disse trecho do documento do Foro.

Discurso de Lula

“Nós estamos em uma trincheira, nós temos que cuidar de fortalecer o papel de setores progressistas e democráticos da sociedade nesse mundo, porque a direita fascista tem crescido”, afirmou Lula em discurso para os participantes do Foro na sexta-feira (30). 

“A gente gosta da democracia, a gente gosta de ter gente protestando contra a gente, a gente gosta quando tem greve contra a gente, nada disso é contra a democracia, tudo isso resulta da democracia”, acrescentou. 

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Para Lula, se faz necessário que a esquerda tenha uma estratégia enfática para conquistar espaço na América Latina, juntamente com a elaboração de uma nova estratégia de comunicação.

Migrantes atacados

A delegada do partido Morena, Martha García Alvarado, por sua vez, denunciou que nos Estados Unidos “estão atacando migrantes da América Latina e do Caribe”.

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Sublinhou que os migrantes enriquecem “um país que não lhes oferece nenhum benefício (…) não podemos viver com estas leis desumanas, racistas e que só incitam ao ódio por parte de grupos extremistas”, disse.

Partidos de África

Representantes estrangeiros de oito países fora do eixo América Latina-Caribe foram convidados e estiveram no Fórum para conectar lutas populares e anti-imperialistas.

O presidente do Partido Socialista da Zâmbia, Fred M’Membe, disse que “aquele espírito tricontinental não se perdeu, mostra a necessidade de unificar as nossas lutas”.

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Ele argumentou que “o imperialismo tenta dividir nossos países apesar de suas origens, eles tentam colocar a América Latina contra a África, por que eles fazem isso? (…) O que eles buscam é baratear os recursos minerais que eles captam”.

Histórico do Foro 

O Foro de São Paulo foi fundado em 1990, quando partidos da América Latina e Caribe se reuniram a convite do Partido dos Trabalhadores com o objetivo de debater a nova conjuntura internacional pós-queda do Muro de Berlim e as consequências da implantação de políticas neoliberais. 

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A proposta principal foi discutir uma alternativa popular e democrática ao neoliberalismo, que estava entrando na fase de ampla implementação mundial.

Renato Santana | Jornal GGN


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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