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Ramy Al-Rifi e Ismail Al-Ghoul, assassinados por Israel em 31 de julho (Foto: Reprodução / Al Jazeera)

Carro de repórter da Al Jazeera e fotógrafo assassinados por Israel tinha identificação da imprensa

Israel disparou míssil contra carro mesmo marcado com os sinais “TV” e “PRESS”; sobe para 157 o número de jornalistas assassinados pelo Estado sionista desde 7/10
Wisam Zoghbour
Diálogos do Sul Global
Gaza

Tradução:

O falecido Gershon Knispel escreveu: “Na guerra, a primeira a ser assassinada é a verdade”… Assim, o Estado ocupante, Israel, assassinou 157 jornalistas e trabalhadores da mídia desde o início da guerra de genocídio na Faixa de Gaza, em 7 de outubro passado. As vítimas mais recentes foram os colegas jornalistas Ismail Al-Ghoul, correspondente da Al Jazeera, e o fotógrafo Ramy Al-Rifi, que trabalhava para a Agência Nacional de Informação. Eles foram atingidos por um míssil disparado contra o carro marcado com os sinais “TV” e “PRESS”, no qual estavam após uma cobertura de mídia perto da casa do chefe do escritório político do Hamas, Ismail Haniyeh, com o objetivo de matá-los e silenciá-los, apesar de estarem vestindo coletes e capacetes de imprensa. Esse ato é um covarde assassinato premeditado, somando-se ao registro de crimes de guerra de genocídio.

Aqui em Gaza, que vive 300 dias de guerra de genocídio contínua contra o povo palestino, especialmente contra a comunidade jornalística, participei de um encontro com os colegas Ismail Al-Ghoul e Ramy Al-Rifi, além de outros jornalistas, para ouvir sobre os desafios e perigos que enfrentam ao desempenhar suas funções profissionais na cobertura e documentação dos crimes de genocídio e na transmissão da mensagem sobre o que está acontecendo na Faixa de Gaza. Que suas almas descansem em paz e se juntem aos mártires da imprensa que os precederam.

Foto: Wisam Zoghbour

O Estado ocupante erra se pensa que assassinar jornalistas e suas famílias vai intimidá-los e interromper sua jornada de cobertura dos crimes de guerra de genocídio na Faixa de Gaza e sua divulgação para o mundo. Os jornalistas estão determinados a continuar a cobertura e a expor os crimes de guerra cometidos pelo Estado ocupante contra o povo palestino, que já resultaram em mais de 50 mil mortos e desaparecidos, mais de 90 mil feridos e milhares de detidos.

Está claro que o Estado ocupante não se contenta em matar civis, destruir casas sobre seus ocupantes e devastar a infraestrutura. Eles também visam matar a verdade, esconder suas implicações e intimidar as testemunhas desses crimes, matando cerca de 157 jornalistas e trabalhadores da mídia, assassinando dezenas de seus familiares, destruindo cerca de 100 escritórios de instituições de mídia, e prendendo mais de 100 jornalistas, a maioria ainda detida nas prisões do Estado ocupante. Quatro colegas jornalistas estão desaparecidos sem que se saiba seu destino até hoje, de acordo com relatórios de direitos humanos do Sindicato dos Jornalistas Palestinos.

O Estado ocupante continua sua guerra contra a mídia palestina, árabe e internacional, proibindo a Al Jazeera de operar nos territórios ocupados e em Jerusalém, além de impedir jornalistas estrangeiros de entrar na Faixa de Gaza para cobrir a guerra de genocídio, limitando-se aos jornalistas militares que acompanham o exército ocupante em seus contínuos crimes na região por 11 meses consecutivos.

Israel, Estado fora da lei

O Estado ocupante não atendeu aos apelos das organizações internacionais e da comunidade mundial para parar de criminalizar a imprensa e assassinar jornalistas que continuam seu trabalho sagrado de cobrir e revelar a verdade ao mundo, realizando uma profissão elevada que a lei internacional exige que seja respeitada e protegida. No entanto, o Estado ocupante, seu governo fascista e seu exército, que a ONU descreveu como “o exército que mata crianças”, continuam em sua obstinação, desafiando abertamente a comunidade internacional, confirmando mais uma vez que o Estado ocupante é um estado fora da lei internacional, que deve ser boicotado, isolado e expulso de todas as instituições internacionais.

Leia também | 186 mil palestinos assassinados: Lancet divulga estudo alarmante sobre vítimas em Gaza

Apesar dos perigos, dificuldades e da sistemática perseguição aos jornalistas palestinos e suas famílias na tentativa de silenciá-los e prejudicar seu papel profissional, os jornalistas continuarão a escrever e cobrir com sangue em nome da causa palestina, pelos sacrifícios de seu povo e pelo futuro de seus filhos, documentando e revelando a verdade e expondo as práticas e crimes do Estado genocida sem parar ou se cansar. Continuarão a encarnar as palavras da colega jornalista Shireen Abu Akleh: “Pode não ser fácil mudar a realidade, mas pelo menos eu pude trazer a voz deles para o mundo.”, cujos assassinos ainda estão soltos sem punição.

Os colegas jornalistas partiram, mas sua mensagem continuará a ressoar em nossas mentes, e continuaremos a missão de divulgar a mensagem e acompanhar os crimes de genocídio nos fóruns internacionais, especialmente no Tribunal Penal Internacional, e abrir uma investigação internacional independente para responsabilizar os culpados por esses crimes até que os criminosos sejam punidos.

Wisam Zoghbour, Diretor do Escritório da Revista Al-Hurriya na Faixa de Gaza, e membro do Comitê Executivo do Sindicato dos Jornalistas Palestinos / Setor Norte.

Edição: Alexandre Rocha


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Wisam Zoghbour Jornalista, diretor da Revista Liberdade de Gaza (Al-Hurriya) e membro do Secretariado-Geral do Sindicato dos Jornalistas Palestinos.

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