O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Lin Jian, lançou uma contundente mensagem de apoio à posição de países latino-americanos “em defesa de sua soberania e contra a interferência externa” dos EUA. Nesse sentido, o diplomata chinês denunciou que, “ainda que a Doutrina Monroe possa ter sido declarada teoricamente morta há mais de 200 anos, o hegemonismo e a política de poder em seu núcleo estão longe de ter desaparecido”.
A China apoia firmemente a “posição justa” dos países latino-americanos na “oposição à interferência estrangeira e na salvaguarda da soberania nacional. Os Estados Unidos não deveriam ignorar as preocupações razoáveis e as justas vozes dos países latino-americanos”, enfatizou o funcionário, em declarações citadas pela agência EFE.
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Nesta linha, o porta-voz da Chancelaria chinesa aconselhou Washington a “abandonar quanto antes a obsoleta doutrina Monroe e o intervencionismo”, cessando as ações unilaterais de assédio, coerção, sanções e bloqueios contra nações soberanas da região.
Para China, hegemonia dos EUA vai acabar
Também ressaltou a necessidade de desenvolver relações com os países da América Latina “baseadas no respeito mútuo, no tratamento igualitário e na não ingerência nos assuntos internos”, para levar a cabo uma cooperação mutuamente benéfica.
Lin Jian enfatizou ainda que “a tendência para a independência e o autodesenvolvimento dos países latino-americanos não pode ser contida”, enquanto o contrafluxo do hegemonismo e da política de poder dos Estados Unidos “é impopular e está destinada a ser eliminada pelo tempo.”
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Destacou também a recente crítica de líderes latino-americanos, como a rejeição do presidente mexicano López Obrador aos comentários do embaixador estadunidense sobre a reforma judiciária, e a condenação da presidenta hondurenha Xiomara Castro à ingerência dos Estados Unidos, que refletem a oposição às ações unilaterais e coercitivas de Washington.
A Doutrina Monroe, sintetizada na frase “A América para os americanos” e apresentada em 1823 pelo então presidente James Monroe (1758-1831), estabelecia que qualquer intervenção das potências europeias no continente americano seria vista como um ato de agressão que requereria a intervenção dos Estados Unidos.
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Durante os últimos dois séculos concentrou a política exterior estadunidense e foi utilizada para justificar o intervencionismo na América Latina por todos os meios: políticos, econômicos e militares ao alcance de Washington, com o propósito de assegurar sua hegemonia em uma região que considera seu “quintal”.