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China vai absorver gás recusado pela Europa e fábricas ocidentais desativadas na Rússia

Gasoduto Força da Sibéria 2 unirá a rede energética russa com a chinesa através da Mongólia
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

No segundo dia, o mais importante pelo programa oficial, da visita de Estado que levou a cabo o presidente da China, Xi Jinping, o hóspede e seu anfitrião, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, referendaram nesta terça-feira (21) a intenção compartilhada de mostrar a seu inimigo comum, os Estados Unidos, que formam uma frente conjunta ao assumirem-se como eixos de um mundo multipolar, alheios a pressões externas, e ao comprometerem-se a impulsionar a cooperação econômica em setores chaves até 2030.

As conversações dos mandatários, tanto em formato reduzido como ampliado nas delegações, concluíram com a assinatura de 14 documentos. Entre eles se sobressai uma declaração sobre a vontade da Rússia e da China de “aprofundar as relações de associação integral e de interação estratégica, que entram em uma nova era”. 

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Contra o que sugeriam como um fato alguns funcionários em Washington, não se concretizou nenhum contrato de venda de armamento chinês nem convênio em matéria de cooperação militar. 

Entre os projetos que mais chamam atenção figura o acordo – já amarrado, segundo revelou Putin nesta terça-feira – para construir os 2.600 quilômetros que terá o gasoduto Força da Sibéria 2, o qual unirá a rede energética russa com a chinesa através da Mongólia. Em um futuro ainda por definir, se fixa como meta fornecer 50 bilhões de metros cúbicos de gás por ano que, pela política de sanções, a União Europeia deixou de importar. 

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Junto com a anterior tubulação Força da Sibéria 1, que atingirá sua capacidade total de 38 bilhões de metros cúbicos de combustível azul em 2027, ambos gasodutos não chegarão nem à metade dos 200 bilhões de metros cúbicos que os países europeus consumiam anualmente, mas no médio prazo representarão um ingresso nada desdenhável para a Rússia. 

Antes da ceia de Estado, os presidentes fizeram um balanço de suas conversações diante da imprensa. “Acabamos de fazer umas negociações muito francas, amistosas e produtivas”, expressou Xi ao tomar a palavra, coincidindo com o dito em termos similares por Putin, e agregou: “Graças a nossos esforços conjuntos, as relações russo-chinesas se desenvolvem de modo sustentado e mostram dinamismo. Entre nossos países se aprofunda a confiança mútua em matéria política, se multiplicam os interesses comuns”. 

Embora não estivesse prevista uma sessão de perguntas, todos os jornalistas e aqueles que seguiram por televisão o comparecimento dos presidentes queriam conhecer a opinião de Putin sobre a iniciativa de paz apresentada pela China no primeiro aniversário da guerra na Ucrânia, debatida a fundo na segunda-feira na reunião privada dos mandatários. 

Gasoduto Força da Sibéria 2 unirá a rede energética russa com a chinesa através da Mongólia

Olhar Digital
Putin: "Estamos prontos para apoiar as empresas chinesas no tema da substituição das instalações de produção das empresas ocidentais"




Esperança

O comentário, abrigado à luz do que está passando nos campos de batalha do outro lado da fronteira, resultou em uma esperança: “Acreditamos que muitas das disposições do plano de paz esboçado pela China coincidem com os enfoques da Rússia e podem servir de base para uma solução pacífica quando o Ocidente e Kiev estejam dispostos (a sentarem-se para negociar)”, pontuou o titular do Kremlin.

Ao mesmo tempo, Putin deu a entender que não é o momento adequado para falar de paz ao mencionar que “os planos (da Grã Bretanha) para fornecer projéteis com urânio empobrecido a Kiev indicam que o Ocidente decidiu lutar contra a Federação Russa até o último ucraniano, não com palavras, mas sim com fatos”.

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Por esse motivo, a Rússia “se verá obrigada a responder ao fornecimento de urânio empobrecido a Kiev, já que isso significa que o Ocidente começou a fornecer armas com componente nuclear”, agregou. 

Alguns especialistas acreditam que a partir dos doze pontos da proposta chinesa, os quais devem ser considerados em sua totalidade para lograr o fim das hostilidades, é necessário que as partes beligerantes estejam dispostas a ceder em algo que satisfaça os interesses da outra. 

A diplomacia chinesa – que há pouco conseguiu o que se acreditava impossível: que os acérrimos inimigos Arábia Saudita e Irã aceitassem restabelecer relações diplomáticas – tem muito trabalho pela frente para convencer a russos e ucranianos que devem deter a guerra e negociar as condições para alcançar a paz. 

Nesse sentido, embora se comente de modo extra oficial que os anfitriões não querem que o faça desde território russo, a mediação de Pequim deveria ter como seguinte passo lógico que brevemente o presidente da China chame por telefone seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.

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De acordo com Xi, a China e a Rússia acordaram “melhorar o planejamento integrado ao mais alto nível, intensificar o comércio de energia, recursos e produtos elétricos, aumentar a tolerância das cadeias de produção e fornecimento de ambas as partes, ampliar a cooperação em tecnologia da informação, economia digital, agricultura, seguir garantindo a continuidade da logística e o transporte transfronteiriço”.

Por sua vez, Putin anunciou que a Rússia oferecerá facilidades às companhias chinesas que queiram estabelecer-se aqui, ocupando os nichos de mercado que deixaram as empresas ocidentais que decidiram ir embora. “Estamos prontos para apoiar as empresas chinesas no tema da substituição das instalações de produção das empresas ocidentais que abandonaram a Rússia”, indicou.

Ao referir-se aos produtos energéticos, o presidente russo, além de dar a conhecer o acordo sobre o gasoduto Força da Sibéria 2, disse que a Rússia “está disposta a aumentar o fornecimento de petróleo interrompidos para as necessidades da economia chinesa” e disse que o gigante asiático “já é o principal importador do cru russo”. 

Recalcou que a agricultura está se convertendo em setor estratégico da cooperação bilateral. “O comércio mútuo de produtos agrícolas está crescendo em ritmo acelerado; no ano passado, aumentou em mais de 41%”, informou. Além disso, disse que “há oportunidades para conseguir um incremento significativo das exportações de carne, grãos e outras categorias de produtos à China”. 

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Putin se mostrou otimista de que a balança comercial deste ano “não só possa chegar aos 200 bilhões de dólares, mas tudo indica que vai superar essa meta, fixada há algum tempo com nossos amigos (chineses)”, comentou.

Juan Pablo Duch | Correspondente de La Jornada em Moscou.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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