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Foto: Gustavo Petro - Reprodução / Facebook

Colômbia: atos da ultradireita contra Petro mesclam sionismo e ameaças de “comunismo”

“Sempre haverá forças que não querem perder seus privilégios”, comentou a presidente colombiano sobre as manifestações contra reformas de seu governo
Jorge Enrique Botero
La Jornada
Bogotá

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Milhares de manifestantes saíram para protestar nesta quarta-feira (6) contra o governo do presidente Gustavo Petro nas seis principais cidades da Colômbia, atendendo a uma convocatória dos partidos de oposição e movimentos da extrema-direita.

A maior mobilização teve lugar nas ruas centrais desta capital, que se viram decoradas repentinamente com enormes bandeiras de Israel utilizadas pelos manifestantes em meio a arengas contra um pacote de reformas sociais que o chefe de Estado tenta pôr em marcha, até agora sem sucesso devido à ausência de maiorias no poder legislativo.

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Ao grito de “Fora Petro!” e portando cartazes que advertiam sobre a iminente chegada do comunismo, encarnada – segundo eles – em uma reforma à saúde que elimina a intermediação do setor financeiro na prestação do serviço, os manifestantes também deixaram ouvir sua inconformidade em Medellín, Cali, Barranquilla, Bucaramanga e Cartagena.

“Marcha das maiorias”

A “marcha das maiorias”, como a denominaram seus organizadores, também incluiu o rechaço a uma reforma à aposentadoria, atualmente atascada no senado, assim como uma mudança nos códigos trabalhistas vigentes que devolveria aos trabalhadores antigas conquistas, cortadas no festim neoliberal das últimas décadas, como o pagamento de horas extras, a estabilidade dos empregos e uma remuneração especial para aqueles que trabalham aos domingos e feriados.

O ambiente para esta nova marcha se cozinhou a fogo lento durante as últimas semanas, marcadas por sucessivas polêmicas ao redor da gestão de Petro e pelo enfrentamento que o mandatário teve com a Corte Suprema de Justiça por impedi-lo de escolher – de uma terna apresentada por ele – a nova Procuradora-Geral da Nação.

Com os alto-falantes a todo volume, a maioria dos meios de comunicação também pôs em seus microfones as vozes indignadas daqueles que consideram um grande erro estratégico para o país a postura radical do presidente Petro contra o que chamou de “genocídio israelense em Gaza” e seu apoio aos direitos do povo palestino.

Segundo as forças de direita, a decisão de Petro de suspender a compra de armamento de Israel, principal fornecedor bélico da Colômbia, deixou o país em estado de vulnerabilidade militar, pois toda a sua artilharia e seus aviões de combate provêm de Tel Aviv desde os anos 90.

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Petro ironizou as motivações das marchas, dizendo que “sempre haverá forças que não querem perder seus privilégios”, e reiterou sua tese de que os setores tradicionais estão nervosos ante a iminente chegada de uma Procuradora-Geral cuja principal tarefa será acabar com as máfias políticas e com a corrupção. Segundo o chefe de Estado, “as forças vulcânicas da sociedade colombiana indubitavelmente querem uma transformação”.

Após presenciar a marcha de Cali, o reconhecido ativista Rafael Quintero resumiu o que disse Petro em uma linguagem tão coloquial como contundente: “O medo é brutal entre aqueles que mandaram toda a vida neste país. Se percebe no fervor de seus coros e nas rezas das orações que entoaram com muita fé. Pedem que se acabe o pesadelo que estão vivendo”.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Jorge Enrique Botero Jornalista, escritor, documentarista e correspondente do La Jornada na Colômbia, trabalha há 40 anos em mídia escrita, rádio e televisão. Também foi repórter da Prensa Latina e fundador do Canal Telesur, em 2005. Publicou cinco livros: “Espérame en el cielo, capitán”, “Últimas Noticias de la Guerra”, “Hostage Nation”, “La vida no es fácil, papi” y “Simón Trinidad, el hombre de hierro”. Obteve, entre outros, os prêmios Rei da Espanha (1997); Nuevo Periodismo-Cemex (2003) e Melhor Livro Colombiano, concedido pela fundação Libros y Letras (2005).

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