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ToggleEx-secretários de Defesa e ex-chefes do estado maior expressaram que existe uma “tensão extrema” na tradicional relação civil-militar nos Estados Unidos, gerada em parte pela polarização política “que culminou na primeira eleição em mais de um século na qual a transferência pacífica do poder foi interrompida e posta em dúvida”: o atentado ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Em uma avaliação que antes só se fazia sobre países do chamado “terceiro mundo”, oito ex-secretários de Defesa e cinco ex-chefes de estado maior advertem sobre o desafio de manter as relações militares-civis nos Estados Unidos, agora em perigo pelas consequências de uma série de fatores – desde a evolução da situação política global, o impacto da pandemia do coronavírus, “deslocação econômica” e a polarização política”
David Brooks | A democracia em perigo e o perigo da democracia nos Estados Unidos
“Vendo para adiante, todos estes fatores bem poderiam piorar antes de melhorar”, advertem e, portanto, enumeram os “princípios centrais” e as “melhores práticas” que historicamente mantiveram a relação cívico-militar e que agora devem ser fortalecidas, escreveram em uma carta aberta publicada no portal War on the Rocks, especializado em temas militares.
Ressaltam que o “controle civil do militar” é fundamento da democracia estadunidense, assinalando que “o projeto democrático não está ameaçado pela existência de forças armadas poderosas sempre e quando civis e militares – e as filas que as encabeçam – abraçam e implementam o controle civil efetivo”.
Agregam que os oficiais militares fazem um juramento de defender a Constituição, e não “um juramento de lealdade a um indivíduo ou posto”.
Sublinham que os militares estão obrigados a obedecer aos líderes civis e suas ordens, sempre e quando estas sejam “legais”. Os militares, recordam, “são obrigados (por lei e por ética profissional) a se recusar levar a cabo uma política/ordem/ação ilegal ou inconstitucional”.
Cubadebate.Cu
Soldados dormem no Capitólio
Papel limitado e bem definido
Ao mesmo tempo, recordam que há um papel muito limitado e definido dos militares em tarefas de segurança pública sob a Constituição e as leis.
Enfatizam que “líderes militares e civis têm que ser diligentes em manter os militares separados da atividade política partidária”, e que é o povo e “não os militares” aqueles que elegem o comandante chefe – esclarecimento significativo já que o ex-comandante chefe Donald Trump estava contemplando ordenar aos militares a intervir na eleição, incluindo até confiscar as urnas (embora a carta nunca mencione o ex-presidente por seu nome).
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Que os ex-máximos chefes civis e militares do Pentágono que serviram a presidentes de ambos os partidos – entre eles dois secretários de Defesa de Trump – se vejam obrigados a publicar esta carta aberta é, em si, algo extraordinário na história moderna do país [a carta pode ser lida aqui].
Um dos que firmam a carta, o almirante Mike Mullen, o qual foi chefe do estado maior nas presidências do republicano George W. Bush e do democrata Barack Obama, comentou ao Washington Post que, depois do ataque ao Capitólio de 6 de janeiro de 2021, está preocupado pelo fato de seu país estar “no umbral de perder uma democracia”.
Não é a primeira vez que ex-chefes do Pentágono, tanto civis como militares, expressaram suas preocupações sobre o deterioramento não só da relação cívico-militar, mas do uso das forças armadas na pugna política interna do país, sobretudo sob Trump.
Em junho de 2020, quase 90 altos oficiais e ex-secretários de Defesa depuseram que Trump havia contemplado ordenar uma repressão de manifestações anti-racistas por forças militares, enquanto o seu ex-secretário da Defesa, James Mattis, classificou o seu ex-chefe como uma ameaça à democracia.
David Brooks, correspondente do La Jornada em Nova York.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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