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Foto: Zura Narimanishvili

Geórgia: lei sobre “agentes estrangeiros” aumenta tensão entre governo e oposição

Parte significativa da população da Geórgia é contra a lei, pois poderia impedir a entrada do país na União Europeia
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Aprovada pela maioria governista do Parlamento na Geórgia, república ex-soviética do Cáucaso do Sul, a controversa lei sobre a transparência da influência estrangeira está longe de pôr fim ao conflito entre governo e oposição que produziu a discussão desta iniciativa legislativa, a qual teve como pano de fundo amplos protestos durante mais de um mês.

O Sonho Georgiano, partido criado pelo magnata Bidzina Ivanishvili, que acumulou sua fortuna na Rússia, não é “pró-russo” por ter se inspirado na lei semelhante que o Kremlin utiliza para excluir da cena política seus adversários, e cuja mais recente emenda impede que um “agente estrangeiro” possa ser indicado para qualquer cargo eletivo (a Geórgia ainda não chegou a tanto), acusação ad hoc que a oposição difunde para indignar os jovens, os mais ativos nos protestos.

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Esta geração, nascida após a dissolução da União Soviética em 1991, só sabe da Rússia que seu exército fez com que a Geórgia perdesse 20% de seu território em agosto de 2008 – uma ferida aberta para qualquer georgiano, independentemente de suas preferências políticas – ao garantir a “independência” da Abecásia e da Ossétia do Sul.

Porém, o rechaço multitudinário à lei aprovada deve-se ao fato de que mais de 80% da população, segundo as pesquisas, apoia a entrada da Geórgia na União Europeia, e esta já advertiu que, caso a lei entre em vigor, vai congelar sua solicitação de adesão (em dezembro passado, a Geórgia recebeu o status de país candidato, mas as negociações ainda não começaram), entre outras medidas.

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Dá-se como certo que a presidente da Geórgia, Salomé Zurabishvili, promotora da integração europeia, exercerá seu direito de veto, que por sua vez deve ser superado pela maioria parlamentar, abrindo um novo capítulo desta crise, cujo desfecho ainda está pendente. Não é a primeira vez que um partido governante tenta usurpar o poder ao restringir a forma de operação da oposição e a independência dos meios de comunicação, bem como reprimir os protestos pacíficos.

O Movimento Nacional Unido de Mikheil Saakashvili, agora na oposição e cujo líder está preso, cedeu o governo ao Sonho Georgiano nas urnas. Nas legislativas de outubro seguinte, poderia acontecer o inverso.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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