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ToggleOs Estados Unidos superaram hoje 100 mil mortes pela Covid-19, consolidando a liderança mundial no número de vítimas fatais e a narrativa de que a grande maioria das mortes resultou do manejo político tardio e caótico da pandemia pelo presidente Donald Trump.
Neste cenário, Trump, que apenas recentemente decidiu declarar uma “guerra” contra um “inimigo invisível”, converteu-se no presidente e comandante em chefe que carrega sobre seus ombros o maior número de mortes de estadunidenses, mesmo que sejam somados o número de baixas (mortes) relacionados as guerras da Coréia, Vietnã, Iraque e todas as demais ações militares, inclusive as que se encontram ativas atualmente.
O saldo mortal de vítimas do coronavírus foi alcançado em pouco mais de quatro meses e supera em dezenas de milhares os prognosticados pela Casa Branca ao longo das últimas semanas. Especialistas asseguram que o total é seguramente ainda maior, já que não se conta com dados precisos no nível nacional.
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Os Estados Unidos superaram hoje 100 mil mortes pela Covid-19
Mortes evitáveis e a narrativa trumpiana
Segundo várias pesquisas recentes, a grande maioria destas mortes poderiam ter sido evitadas se o governo Trump houvesse implementado medidas de quarentena parcial e distanciamento social duas semanas antes de quando foram ordenados, em 16 de março.
De acordo com um pesquisa de especialistas da Universidade da Colúmbia difundida há uma semana, 83% das mortes poderiam ter sido evitadas se as medidas tivessem sido implementadas em 1º de março; e se os governantes tivessem agido uma semana antes, teriam sido evitadas 40 mil mortes.
Mesmo diante das informações e números, ontem, através do Twitter, Trump reiterou “que foi só pela sua grande liderança que se conseguiu que apenas 100 mil tenham morrido” (até agora). E acusou os meios de comunicação e os democratas de “propagar uma nova narrativa de que o presidente Trump foi lento em reagir à Covid-19. Equivocados! Fui muito rápido…”.
Joe Biden, o provável candidato presidencial democrata comentou em um comunicado: “Muito disso poderia ter sido prevenido se tivéssemos um presidente que escutasse mais alguém além de si mesmo”.
Ameaças ou bravatas trumpinianas
Mas o dia começou com Trump defendendo seu direito de enganar. Intensificou a disputa pela ação do Twitter que inseriu, pela primeira vez, avisos que diziam “verifique os fatos”, em dois tuítes presidenciais.
Diante disso, Trump declarou nesta quarta-feira, por tuíte, que a medida adotada pelo Twitter era “um atropelo intolerável à liberdade de expressão” e ameaçou determinar até mesmo o fechamento da empresa.
“Os Republicanos sentem que as Plataformas de Meios Sociais silenciam totalmente vozes conservadoras. Regularemos firmemente, ou as fecharemos, antes de permitir que isso aconteça”.
Na terça-feira à noite acusou que o “Twitter está interferindo agora na eleição presidencial de 2020… o Twitter está sufocando completamente a Liberdade de Expressão, e eu, como presidente, não permitirei que aconteça!”
Mundo real
Enquanto isso, os múltiplos efeitos da crise continuam se manifestando. Milhões de inquilinos ao redor do país estarão enfrentando a perda de suas casas ao ser concluídas as moratórias temporárias em vários estados sobre o pagamento de aluguéis. Sobretudo inquilinos de baixa renda e os mais afetados pela onda de desemprego, cujos benefícios de emergência estão quase esgotados, estarão agora diante da possibilidade de ser despejados em pelo menos a metade dos estados do país, reportou o New York Times. Uma especialista no tema prognosticou “uma avalanche de despejos” em várias partes do país.
Por sua vez, Trump continuou insistindo em realizar a convenção nacional de seu Partido Republicano em agosto sem restrições de tamanho e atividades. A presidente da câmara baixa, a democrata Nancy Pelosi, respondeu que se deveria evitar convenções em grande escala e que a decisão final deveria estar sujeita a especialistas e autoridades locais. “Não creio que haja ninguém que diga a essas alturas que dezenas de milhares de pessoas deveriam reunir-se para uma convenção política, sem importar o quanto isso infla o ego de alguém (obviamente em referência a Trump). É demasiado perigoso para tantos”.
Por outro lado, um terço dos estadunidenses exibem sinais de ansiedade ou depressão clínica em meio à pandemia, reportou o Bureau do Censo.
David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York
La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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