Pesquisar
Pesquisar

Justiça da Bielorrúsia condena opositores de Lukashenko por conspiração e extremismo

Maria Kolesnikova e Maksim Znak, que se negaram a sair da Bielorrússia como exilados políticos, foram condenados ontem a 11 e 10 anos de prisão, respectivamente
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Dois dos integrantes do conselho de coordenação da oposição bielorrussa – que foi criada em agosto do ano passado no calor dos protestos multitudinários e pacíficos pela enésima reeleição do presidente Aleksandr Lukashenko –, Maria Kolesnikova e Maksim Znak, que em seu momento se negaram a sair da Bielorrússia como exilados políticos, foram condenados ontem a 11 e 10 anos de prisão, respectivamente.

Uma corte de Minsk – em julgamento celebrado a portas fechadas – os declarou culpados de “formar parte de uma conspiração que tinha como finalidade tomar o poder de forma inconstitucional, de exortar a cometer ações que punham em perigo a segurança nacional da Bielorrússia e de organizar e dirigir um grupo extremista”, segundo um comunicado oficial. 

Ambos trabalharam na equipe de campanha de Viktor Babariko, que era o principal opositor de Lukashenko e nem sequer pode formalizar seu registro como candidato presidencial ao ser detido por supostos delitos de ordem econômica, imputações que o opositor qualificou de falsas e que, no entanto, lhe valeram uma condenação de 14 anos de privação de liberdade no passado mês de julho.

Maria Kolesnikova e Maksim Znak, que se negaram a sair da Bielorrússia como exilados políticos, foram condenados ontem a 11 e 10 anos de prisão, respectivamente

Plu7
Maksim Znak e Maria Kolesnikova

Em 7 de setembro de 2020, quando as outras duas mulheres que lideraram o protesto pacífico, Svetlana Tijonovskaya e Veronika Tsepkalo, já tinham sido forçadas a sair da Bielorrússia sob pressão das autoridades, os serviços secretos de Lukashenko sequestraram Kolesnikova e a levaram à fronteira com a Ucrânia, mas ela se negou a pedir asilo e destruiu seu passaporte. 

Dois dias mais tarde sua família foi comunicada que ela estava detida em uma cárcere de Minsk e quando seu advogado, Maksim Znak, tentou visitá-la também acabou preso, acusado dos mesmos delitos que ela.

Em outubro deste ano, Kolesnikova recusou participar na reunião que o mandatário bielorrusso fez com um grupo de opositores encarcerados -alguns obtiveram melhores condições como prisão domiciliar ou liberdade condicional -, ao afirmar que, por ser inocente, não tinha porque pedir clemência a Lukashenko.  

Putin pressiona Lukashenko por Constituição e novas eleições presidenciais na Bielorrússia

Tanto Kolesnikova como Znak vão recorrer desta condenação na Suprema Corte da Bielorrússia, mesmo sendo escassas as possibilidades de que prospere o recurso.

Seu caso contrasta com o de Roman Protasevich e sua noiva russa Sofia Sapega, os quais se encontram em prisão domiciliar depois que o dissidente, que temia ser condenado à pena de morte quando o avião comercial em que se encontrava aterrizou em Minsk por uma ameaça de bomba ao sobrevoar território bielorrusso, disse tudo o que queriam que dissesse em uma entrevista coletiva. 

Após ter que declarar-se “admirador” de Lukashenko, lançou montões de lodo em cima da oposição bielorrussa, da qual chegou a ser uma figura relevante desde o exílio. Em troca, Protasevich – convertido em uma espécie de refém de Lukashenko, repudiado por seus antigos companheiros de luta – salvou sua vida e a de sua noiva.

Juan Pablo Duch, correspondente de La Jornada em Moscou.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na Tv Diálogos do Sul

 

   

Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

LEIA tAMBÉM

Cidades “santuário” para imigrantes se preparam para barrar ofensivas de Trump
Cidades “santuário” para imigrantes se preparam para barrar ofensivas de Trump
Putin Mais do que trégua, precisamos de uma paz duradoura (1)
Putin: Mais do que trégua, precisamos de uma paz duradoura
Ucrânia teria prometido US$ 100 mil e passaporte europeu a autor de atentado na Rússia
Ucrânia teria prometido US$ 100 mil e passaporte europeu a autor de atentado na Rússia
A esperança das crianças em Gaza A guerra tirou tudo de nós, mas nunca vai tirar nosso sonho
A esperança das crianças em Gaza: "A guerra tirou tudo de nós, mas nunca vai tirar nosso sonho"