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Mais de 170 famílias solicitam investigação da ONU sobre violência policial nos Estados Unidos

A carta apela ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que estabeleça uma comissão independente de investigação sobre assassinatos de afro-estadunidenses
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Familiares de vítimas de violência policial apoiados por organizações defensoras de direitos e liberdades civis nos Estados Unidos e de outros 40 países enviaram uma carta à Alta Comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas solicitando uma investigação internacional independente sobre o uso de força letal por policiais e a repressão oficial de protestos nos Estados Unidos.

A um ano do assassinato do afro-estadunidense George Floyd por policiais, evento que detonou protestos em massa sem precedentes demandando justiça racial, na carta enviada nesta segunda-feira, firmada por 171 familiares de vítimas de violência policial (inclusive os de Floyd) e 270 organizações de direitos humanos e civis, religiosas e antirracistas de mais de 40 países são exigidas ações para combater a impunidade e obrigar a prestação de contas nos Estados Unidos. 

A carta apela ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que estabeleça uma comissão independente de investigação sobre assassinatos de afro-estadunidenses pela polícia, como também sobre as respostas violentas das forças de segurança aos protestos, inclusive contra jornalistas. 


Na carta, dirigida à Alta Comissária de Direitos Humanos, Michelle Bachelet, se solicita que sejam formuladas recomendações para que os Estados Unidos formulem um plano nacional de ação para eliminar o racismo sistêmico e a discriminação racial no país.  

A carta recorda que “a polícia nos Estados Unidos mata quase mil pessoas a cada ano. A epidemia de violência policial foi enfocada direta e desproporcionalmente sobre gente de cor. Pessoas indígenas e de descendência africana, seguidas pelos latinos, sofrem as taxas mais altas de tiroteios policiais”.  

Oferecendo indicadores de impunidade, a carta afirma que 98,3% dos assassinatos cometidos pelos policiais entre 2013 e 2020 não resultaram em acusações criminais contra os oficiais.

A carta apela ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que estabeleça uma comissão independente de investigação sobre assassinatos de afro-estadunidenses

IJNet
A epidemia de violência policial foi enfocada direta e desproporcionalmente sobre gente de cor.

Jamil Dakwar, diretor do programa de direitos humanos da União Americana de Liberdades Civis (ACLU), uma das principais organizações impulsionadoras dessa iniciativa, declarou que “a violência policial não é um problema unicamente estadunidense, mas a impunidade e assassinato desproporcional de pessoas afro-estadunidenses, latinas e indígenas em mãos das forças de segurança pública sim o é e requer que toda a comunidade internacional aja”.

Agregou que o governo de Joe Biden deveria responder às solicitações dos familiares das vítimas e “estabelecer uma comissão de indagação da ONU para obrigar os Estados Unidos a prestar contas pelo sistema desenfreado de racismo sistêmico que promove a violência das forças de segurança pública”. 


“Os assassinatos extrajudiciais de afro-estadunidenses por policiais nos Estados Unidos são um dos maiores exemplos das violações de direitos humanos registrados na história”, declarou Collete Flanagan, fundadora de Mães contra a Brutalidade Policial, outra das organizações que encabeça essa iniciativa.

A carta segue uma primeira solicitação diante da mesma instância apresentada em 2020, da qual se espera um primeiro informe. No entanto, depois de uma intensa pressão do governo de Donald Trump, a ONU ampliou o enfoque dessa investigação a vários países, e resolveu não atender exclusivamente o caso dos Estados Unidos.  

Entre os outros organizadores dessa iniciativa está a influente Conferência de Liderança sobre Direitos Civis e Humanos, as famílias de vítimas, Anistia Internacional, Human Rights Watch e o Centro Robert F. Kennedy.  

[Acesse aqui a carta e a lista completa das firmas].

David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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