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ToggleEm resposta ao discurso de Jair Bolsonaro na abertura da 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira (22), a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) veio à público para repudiar as acusações sobre indígenas e ONGs serem os responsáveis pelos incêndios na Amazônia e no Pantanal.
De acordo com a nota emitida pelo órgão que representa mais de 250 organizações da sociedade civil de defesa de direitos e dos bens comuns, Bolsonaro fez “declarações descabidas, sem qualquer rigor científico ou senso de realidade”, além de tratar o grave momento em que vive o país como “uma questão de opinião”, “posicionamento político” ou como palanque para “engajamento ideológico”, o que provocaria um “ambiente de guerra interna”.
Segundo a organização, o discurso deixou claro que o Chefe de Estado não quer encontrar saídas para a resolução das queimadas, mas sim, “provocar a divisão e a desordem social”.
Reprodução: Flickr
Segundo a organização, Bolsonaro não quer encontrar saídas para a resolução das queimadas, e sim, “provocar a divisão e a desordem social”.
“Esta postura de se esquivar de suas responsabilidades é uma prática reconhecida como antidemocrática pois nega o pensamento do/a outro/a, sua legitimidade e sua própria existência”, diz trecho do documento, que critica o fato de Bolsonaro responsabilizar os povos indígenas e os pequenos agricultores pelas queimadas na Amazônia e Pantanal e as ONGs pela “péssima imagem do Brasil no exterior”.
Em tom de denúncia, a Abong reivindica que os poderes públicos cumpram seu papel de exigir a imediata mudança de postura do presidente do Brasil e que, caso isso não ocorra, “tomem as medidas constitucionais para que sejam cessadas as mortes de brasileiros, os crimes ambientais e a irresponsabilidade no cuidado com o patrimônio nacional.”
Confira o documento na íntegra:
NOTA PÚBLICA – EM DEFESA DO BRASIL: CHEGA DE BOLSONARO!
A Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais – Abong, articulação nacional que congrega mais de 250 organizações da sociedade civil de defesa de direitos e dos bens comuns, vem a público externar sua profunda inconformidade com o pronunciamento do Presidente da República na Assembleia Geral da ONU ocorrida no dia de ontem.
O chefe maior do Estado brasileiro fez declarações descabidas, sem qualquer rigor científico ou senso de realidade, tratando o momento cruel em que vivemos como uma questão de opinião, de posicionamento político ou de engajamento ideológico.
É verdade que o Brasil sempre foi um país profundamente desigual. É verdade que sempre houve desmatamento na Amazônia, queimadas no Pantanal e problemas ambientais. Também é verdade que o país convive há décadas com doenças endêmicas, incuráveis e que custam milhares de vidas anualmente. Mas também é verdade que os sucessivos governos, desde 1989, nunca negaram esses fatos, nem jogaram a culpa nas ONGs e nos movimentos sociais, justamente os setores da sociedade que lutam contra esses graves problemas. É também verdade que, uns governos mais e outros menos, sempre buscaram construir políticas de fiscalização, proteção e redução dos danos causados por esses dilemas sociais que nascem da profunda desigualdade que perdura em nosso país. Por isso, não é crível que o atual Presidente da República, no espaço internacional mais elevado, envergonhe a nação com afirmações inverídicas, improváveis e incabíveis.
É preciso alertar a sociedade brasileira de que a lógica do pensamento do Presidente Bolsonaro e de seus/suas seguidores/as é muito grave porque tenta descaracterizar a realidade criando inimigos/as imaginários/as e provocando um ambiente de guerra interna, onde não há espaço para a denúncia, para a cobrança política ou para qualquer medida capaz de buscar saídas para os problemas coletivos.
É triste reconhecer que o Presidente Bolsonaro não quer encontrar saídas mas sim provocar a divisão e a desordem social. Por isso, ele não tem qualquer escrúpulo em culpar os povos indígenas e ribeirinhos pelas queimadas na Amazônia, os/as pequenos/as agricultores/as pelas queimadas no Pantanal, os/as governadores/as e prefeitos/as pelas mais de 138 mil mortes por Covid-19 e os movimentos sociais e as ONGs pela péssima imagem do Brasil no exterior. Pior que isso, esta postura de se esquivar de suas responsabilidades é uma prática reconhecida como antidemocrática pois nega o pensamento do/a outro/a, sua legitimidade e sua própria existência.
Por isso, a Abong não pode se calar diante desta postura infame do chefe maior da nação brasileira. Exigimos que os demais poderes públicos constituídos assumam suas responsabilidades com altivez e cumpram com seu papel, exigindo a imediata mudança das posturas e políticas irresponsáveis do atual mandatário da nação e que, caso isso não ocorra, tomem as medidas constitucionais cabíveis para que sejam cessadas as mortes de brasileiros e brasileiras, os crimes ambientais e a irresponsabilidade no cuidado com o patrimônio nacional.
No mais, a Abong afirma que seguirá cerrando fileiras contra este desgoverno irresponsável já que as milhares de vidas de brasileiras/os, dos milhares de animais silvestres e a extinção de nossos ambientes naturais são um preço muito alto para ser pago sem luta.
Pela vida acima da mentira, pela preservação acima da destruição!
#SomosTodasONGs
#ForaBolsonaro
Diretoria Executiva
Escritório Nacional da Abong
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