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Oposição amplia representação nas urnas em Moscou, mas Putin mantém hegemonia

Apesar do escasso comparecimento com 22% dos eleitores cadastrados, os resultados mostraram que o Kremlin não cedeu nenhum dos 16 governos em jogo
Juan Pablo Duch
Prensa Latina
Moscou

Tradução:

Os resultados das eleições celebradas no domingo anterior na Rússia, dados a conhecer nesta segunda-feira, confirmaram o que era previsível: o Kremlin, por um lado, não cedeu nenhum dos 16 governos em jogo e, por outro, a oposição, impedida de participar, conseguiu romper o monopólio do partido oficialista Rússia Unida na capital com sua proposta de “votação inteligente”.

Este último modelo sugerido pelo líder opositor Alexei Navalny de forma experimental — votar no candidato com mais possibilidades de vencer o candidato oficialista, encoberto como “independente”, independentemente do partido que represente – tornou possível que a assembleia parlamentar de Moscou tenha agora quase a metade de legisladores que formalmente não provêm do partido oficialista: 20 cadeiras do total de 45, somados os 13 deputados do partido comunista, os 4 do Yabloko de centro-direita e os 3 de Rússia Justa.

Apesar do escasso comparecimento, menos de 22% dos eleitores cadastrados, o que mostra o pouco interesse por estas eleições, o partido governante tem, por primeira vez na capital russa, onde vive 10 por cento da população do país, uma frágil maioria, muito diferente da quase totalidade – cerca de 40 cadeiras – da legislatura anterior.

É claro que se trata de uma vitória simbólica, na medida em que pouco poderá mudar na hora de instrumentar a política em Moscou, mas, ao mesmo tempo significativa ao destruir o mito da invencibilidade das autoridades, convencidas de que, com todos os recursos ao seu alcance, nada parecido poderia acontecer. 

É curioso observar o que vai acontecer com os deputados comunistas que ganharam não tanto pelo seu programa, mas sim porque se beneficiaram do voto de castigo proposto pela oposição extraparlamentar. Alguns acabarão por aderir, como sucede na Duma federal, aos interesses do Kremlin, mas outros não vão querer aparecer como traidores para quem votou neles. 

Apesar do escasso comparecimento com 22% dos eleitores cadastrados, os resultados mostraram que o Kremlin não cedeu nenhum dos 16 governos em jogo

Governo da Rússia
Vladimir Putin votando em Moscou

Navalny, que não conseguiu que Rússia Unida perdesse a maioria da Câmara, pode dar-se por satisfeito já que sua “votação inteligente” deixou de fora personagens impopulares como Andrei Metelski, o inamovível líder oficialista em Moscou, ou Valeria Kasamara, vice-reitora da Universidade Escola Superior de Economia, no distrito de Ilya Yashin, que era favorita, considerada segura vencedora sobretudo depois que ele foi impedido de participar com todo tipo de pretextos. 

Estas eleições demonstraram que há uma grande brecha entre Moscou e o resto do país, quanto às possibilidades de “ajustar” os resultados aos interesses das autoridades. 

Em São Petersburgo, por exemplo, houve todo tipo de irregularidades e abusos para assegurar que o “independente” promovido por Moscou, Aleksandr Beglov, sem rivais nas cédulas, pudesse ser proclamado governador. 

Mais ou menos a mesma coisa ocorreu nas outras regiões que iam eleger governadores – foram impostos cinco candidatos como “independentes” e dez sem renegar do Rússia Unida -, e apenas no parlamento de Jarovsky obteve maioria um partido diferente do oficialista.

Ao mesmo tempo, mesmo sem alcançar a maioria, os candidatos a deputados que não se identificam com o partido governante começara a ter a possibilidade de fazer ouvir sua voz discordante nos parlamentos locais das treze regiões em que houve votação. 

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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