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Defesa do presidente Donald Trump se torna mais desesperada entre republicanos

Líderes do Senado alinhados ao americano impulsionaram medida condenando o processo de impeachment contra o presidente
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Donald Trump expressou sua gratidão aos legisladores republicanos que tomaram por assalto um salão do Congresso irrompendo nas audiências da câmara para a formação de denúncias de um julgamento político de seu chefe; e líderes republicanos do Senado impulsionaram uma medida condenando o processo de impeachment contra o presidente.

Com cada vez mais dificuldades para defender o mandatário diante de declarações e documentos que comprovam que houve um abuso de poder de Trump ao pressionar um governo estrangeiro a tomar medidas para prejudicar um de seus rivais políticos, convidando assim a intromissão externa no processo eleitoral estadunidense, os republicanos têm se dedicada a desqualificar o manejo do processo pelos democratas, e não a substância.

Esta tarde, o influente senador republicano Lindsey Graham anunciou que estava introduzindo uma resolução na câmara alta para condenar o processo de impeachment em mãos da maioria democrata na câmara baixa, o que qualificou como “uma indagação a portas fechadas ilegítima”. A resolução exige que a liderança democrata da câmara “abra uma indagação de impeachment formal e que outorgue ao presidente Trump plenas proteções constitucionais fundamentais”. 

Líderes do Senado alinhados ao americano impulsionaram medida condenando o processo de impeachment contra o presidente

Foto: Alex Wroblewski / Getty Images
Representantes republicanos nas salas do Congresso no contexto da aparição da secretária de defesa assistente Laura Cooper nas investigações

Agora os republicanos não têm outras opções

Vários observadores veteranos do mundo político estadunidense assinalam que por agora os republicanos não têm outras opções, já que por tropeços do próprio Trump e sua gente, não só não conseguiram defender-se, mas quase admitiram que fizeram justamente aquilo de que são acusados.  Um editorial do New York Times concluiu que “está cada vez mais claro que a única defensa do presidente contra o impeachment é distrair dos fatos e se queixar do tratamento injusto que está recebendo”. 

O próprio Graham, em sua coletiva com jornalistas, admitiu de certa maneira isso, afirmando que “não estou aqui para dizer-lhes que Donald Trump não fez nada mal”, ou seja, não estava rechaçando a substância das acusações, mas só o processo da pesquisa em curso.  

No entanto, analistas legais — inclusive do meio favorito de Trump, Fox News — têm assinalado repetidamente que os deputados republicanos integrantes dos três comitês da câmara encarregados da investigação têm participado plenamente no processo, e mais ainda, que a câmara está operando com as regras adotadas e ratificadas em 2015 sob controle republicano.  

E mais ainda, os democratas têm indicado repetidamente que esperam começar a proceder com audiências públicas em poucas semanas.  

Por sua parte, Trump, que aprovou a ação da tomada do salão no Capitólio por legisladores republicanos, com o que atrasaram o testemunho de uma alta funcionária do Pentágono por cinco horas, tuitou: “obrigada aos republicamos da câmara por serem duros, inteligentes e por entender detalhadamente a maior caça às bruxas da história estadunidense”. 

Enquanto isso, dois sócios do advogado e assessor pessoal de Trump, Rudolph Giuliani, detidos e acusados de fraude por canalizar fundos internacionais a campanhas políticas estadunidenses, vincularam Trump ao seu caso legal, ao expressar que existe o potencial para que se invoque o “privilégio executivo” ao abordar certa evidência no caso, já que Giuliani estava trabalhando para Trump ao mesmo tempo que era advogado de um dos acusados.  

Em outra frente, uma das dezenas de mulheres que acusaram Trump de assédio e ataque sexual, Summer Zervos, una ex-concursante de El aprendiz, o reality show que Trump conduzia, e que agora o está demandando por difamação depois que ele negou suas acusações e aparentemente apresentou documentos ante um tribunal que corroboram sua versão do que aconteceu com o agora presidente.

E, finalmente, a provocação continua pela forma como o presidente disse em um discurso na noite de quarta-feira que estava construindo seu muro na fronteira, inclusive no Colorado. Ele insistiu que era uma piada, tentando justificar seu erro. Entre as melhores respostas estava a do governador (democrata) daquele estado, Jared Polis, que twittou: “Bem, isso é um pouco estranho…. O Colorado não compartilha uma fronteira com o México. É bom que o Colorado agora ofereça jardim de infância gratuito para nossos filhos aprenderem geografia básica. ”

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*David Brooks, correspondente – La Jornada Nova York

**Tradução: Beatriz Cannabrava

***La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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