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Embaixador dos EUA na Ucrânia confirma denúncias que podem derrubar Trump

Os democratas anunciaram hoje que a câmara baixa iniciará as audiências públicas no processo de formulação de acusações contra o americano na próxima quarta-feira
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Talvez as últimas 24 horas poderiam ser resumidas com apenas um fato muito local: a mulher que se fez “viral” quando fez um gesto obsceno de sua bicicleta ao ver passar a limusine do presidente Donald Trump em 2017, ganhou a eleição local contra os republicanos na Virgínia.

Hoje revelou-se que o embaixador interino na Ucrânia, William Taylor, em seu testemunho diante dos comitês que estão investigando o presidente, confirmou há alguns dias que Trump condicionou tanto a assistência militar como uma visita à Casa Branca a que o governo do presidente desse país, Volodymyr Zelensky, anunciasse que estava abrindo uma investigação sobre Joe Biden, pré-candidato presidencial democrata e rival eleitoral do presidente para 2020, e seu filho Hunter. 

Taylor disse aos legisladores, segundo a transcrição dada a público hoje, que “se entendia claramente que o dinheiro da assistência de segurança não seria enviado até que o presidente (da Ucrânia) se comprometesse a lançar a investigação” contra Biden – um favor político para beneficiar pessoalmente Trump em sua campanha de reeleição e confirmando que isso era o famoso quiproquó que a Casa Branca insiste que nunca existiu.

Ao mesmo tempo, Taylor confirmou que o advogado pessoal de Trump, Rudolph Giuliani, era quem estava manejando um segundo canal entre a Casa Branca e o governo ucraniano, e era quem insistia no quiproquó. 

Os democratas anunciaram hoje que a câmara baixa iniciará as audiências públicas no processo de formulação de acusações contra Trump na próxima quarta-feira, e que na primeira dessas sessões os declarantes serão justamente o embaixador Taylor e o funcionário do Departamento de Estado, George Kent.  

Adam Schiff, presidente do Comitê de Inteligência da câmara baixa que encabeçará o processo no início, declarou que as audiências públicas “serão uma oportunidade para que o povo estadunidense avalie por si mesmo as testemunhas”. 

Com isso, o processo de impeachment começará a ser um espetáculo ao vivo, transmitido pelos meios e, com isso, mais difícil da Casa Branca controlar.      

Trump, como quase todos os dias, tuitou outra vez que o processo de impeachment contra ele é uma “caça às bruxas”. 

Enquanto isso, em um tribunal federal em Washington começou o julgamento criminal do assessor pessoal de Trump durante anos, Roger Stone, que enfrenta denúncias de mentir ao Congresso e a investigadores, e de obstrução de justiça. Os promotores federais encarregados do caso – que trabalham formalmente para o governo encabeçado por Trump – acusaram que Stone mentiu para proteger o presidente, porque “a verdade se via mal … Para Donald Trump”. Entre as testemunhas que anunciaram que se apresentarão está o estrategista político do presidente, Stephen Bannon.

Os democratas anunciaram hoje que a câmara baixa iniciará as audiências públicas no processo de formulação de acusações contra o americano na próxima quarta-feira

Twitter oficial / Reprodução
Trump vive seu pior inferno astral

Derrotas republicanas

Por outro lado, o presidente sofreu graves derrotas políticas em eleições em dois estados que ele mesmo havia qualificado como referendos sobre seu mandato, e como defesa diante das “manobras” dos democratas para freá-lo com o processo de impeachment. Na contenda para governador de Kentucky — estado que Trump ganhou por quase 30 pontos em sua eleição de 2016, e que é também sede do líder republicano no Senado, Mitch McConnell. O candidato democrata declarou seu triunfo, embora o republicano ainda não tenha reconhecido pela margem muito estreita de votos. 

Trump viajou a Kentucky um dia antes das eleições para somar-se a um comício de apoio ao governador onde declarou que se o republicano perdesse sua reeleição “dirão que Trump sofreu a pior derrota na história do mundo. Vocês não podem deixar que isso me aconteça, e não podem deixar que isso aconteça ao seu estado incrível”. Agregou que o democrata representava os mesmos que estavam tentando “reverter a última eleição”, ou seja, a de Trump. Umas 24 horas depois, o desafiante democrata declarou seu triunfo embora o governador republicano esteja pedindo uma nova contagem. Parece que “deixaram que isso acontecesse”. 

Nas eleições estatais da Virgínia, onde Trump implorou que suas bases defendessem suas maiorias na legislatura estatal, os democratas ganharam maioria em ambas as câmaras – e agora junto com o existente governador democrata, os democratas obtiveram o controle do governo estatal pela primeira vez em 26 anos. 

Juli Briskman, quien en 2017 fue despedida de su empleo después de que, mientras pasaba la caravana presidencial al lado de su bicicleta, levanto el dedo medio -una imagen que se volvió viral y que después ella usoó para su campaña –  ayer derrotó al republicano en el puesto y fue electa a la junta de gobierno de un condado en Virginia donde está ubicado un club de golf de Trump.

Juli Briskman, que em 2017 foi demitida de seu emprego depois de passar a caravana presidencial ao lado de sua bicicleta, ela levantou o dedo médio – uma imagem que viralizou e depois usou para sua campanha – derrotou ontem o republicano no cargo e foi eleito para o conselho de administração de um condado da Virgínia, onde está localizado um clube de golfe Trump.

*David Brooks, Correspondente – La Jornada – Nova York.

**Tradução: Beatriz Cannabrava

***La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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