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Diplomatas e militares: as testemunhas que ameaçam Trump de impeachment

A primeira audiência pública de um processo de impeachment em 20 anos apresentou mais dois diplomatas que testemunharam contra o presidente americano
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

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Abriu-se diante do público a obra política do processo de impeachment de Donald Trump com proclamações de que se está “testemunhando história” por ser só a quarta vez que um presidente dos EUA enfrenta esse tipo de processo.

A primeira audiência pública de um processo de impeachment em 20 anos (depois de quase dois meses de sessões a portas fechadas) foi transmitido ao vivo por televisões, rádios e portais eletrônicos de meios nacionais durante mais de 5 horas, durante as quais milhões viram/escutaram como os 22 integrantes do Comitê de Inteligência da Câmara Baixa – 13 democratas e 9 republicanos – apresentaram seus argumentos enquanto interrogavam as primeiras duas testemunhas desta fase pública.

As testemunhas, o subsecretário assistente de Estado George Kent, e o embaixador interino dos Estados Unidos na Ucrânia, William Taylor repetiram em grande medida o que haviam declarado nas sessões privadas, reafirmando sobre como Trump e assessores buscaram pressionar o presidente ucraniano ao reter assistência militar de quase 400 milhões de dólares e uma visita à Casa Branca até que ele anunciasse investigações contra Joe Biden, pré-candidato presidencial democrata – principal rival eleitoral de Trump -, seu filho Hunter e contra o Partido Democrata.

E mais ainda, Kent deu mais detalhes de como o advogado pessoal de Trump, Rudolph Giuliani operou um canal irregular entre Washington e Kiev, “infectando” a relação com a Ucrânia.

A primeira audiência pública de um processo de impeachment em 20 anos apresentou mais dois diplomatas que testemunharam contra o presidente americano

Twitter / Reprodução
O subsecretário assistente de Estado George Kent, e o embaixador interino dos Estados Unidos na Ucrânia, William Taylor

Nova revelação

A única nova revelação foi oferecida por Taylor, que comentou sobre uma chamada telefônica entre Trump e seu embaixador na União Europeia (e doador) Gordon Sondland, que depois de desligar comentou a um assistente de Taylor que ao mandatário lhe interessava mais o assunto de Biden que qualquer outra coisa com a Ucrânia, o que deu novos elementos para confirmar que Trump estava pessoalmente envolvido com o chamado quiproquó.

Talvez o fato mais importante do dia para os democratas foi a presença ao vivo dos dois diplomatas veteranos, com décadas de experiência e um deles, Taylor, veterano de guerra condecorado, como testemunhas com grande credibilidade e que dificultavam a tarefa dos republicanos de gerar suspeitas sobre suas motivações ou desqualificá-los por alguma razão. 

Isso não impediu que tentassem. De fato, os republicanos, apegados ao seu roteiro, insistiram em que Trump não cometeu nenhuma violação que mereça a destituição de um presidente e acusaram os democratas de estar usando a “burocracia politizada” dentro do governo para promover todo este processo parcial e injusto destinado a derrocar de maneira ilegítima o presidente.

Em suas intervenções denunciaram que os democratas não haviam permitido que testemunhasse o denunciante anônimo cuja queixa formal detonou a investigação e “iniciou tudo isto”, como disse um republicano. Um representante democrata respondeu que “eu gostaria que testemunhasse a pessoa que iniciou tudo isso. O Presidente Trump é bem-vindo a sentar-se aí, na mesa de testemunhas”, provocando a única risada desta sessão.

Trump

Por sua parte, o presidente assegurou repetidamente que estava “demasiado ocupado” para ver as audiências, embora não tenha se aguentado e enviou uns tuítes comentando o que estava ocorrendo, denunciando o processo como “uma farsa” e “uma piada”. 

Antes do início da sessão, Trump enviou uma mensagem pelo Twitter: “Estão tentando me ferir, porque estou lutando por vocês. E nunca deixarei que isso aconteça”. Mais tarde negou tudo da chamada revelada hoje enquanto se dedicava à visita oficial do presidente da Turquia, Tayyip Erdogan.

Algumas pessoas assinalam que o mais perigoso para Trump nesta conjuntura é que as pessoas que se apresentam como testemunhas formais ou que podiam colaborar no caso contra ele são diplomatas, oficiais de inteligência e militares, e ex-funcionários da Casa Branca que foram direta ou indiretamente atacados, ou ofendidos por ele durante sua gestão.

A jornalista veterana Elizabeth Drew comentou que “eu cobri o impeachment de Nixon, e embora Trump seja teoricamente culpado de delitos mais sérios, há algo notavelmente parecido; Ambos se metem em problemas mais graves por fracassar em reconhecer limites para buscar vingança contra opositores políticos”.

*David Brooks é correspondente de La Jornada em Nova York.

**Tradução: Beatriz Cannabrava

***La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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