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Maradona detona nomeação de Macri para FIFA: "tirem esse impostor!"

O ex jogador da seleção argentina também desabafou em um de seus tuítes "Só nos deixou fome e miséria"
Stella Calloni
La Jornada
Buenos Aires

Tradução:

A nomeação do ex-presidente Mauricio Macri, empresário ultradireitista, como titular da Fundação FIFA, cujo objetivo supostamente é realizar “uma mudança social positiva através do futebol e da educação”, converteu-se em um escândalo no terreno do esporte e da política, e o reconhecido futebolista Diego Maradona solicitou a esse organismo que “por favor reveja esta decisão e tirem desse cargo esse impostor”, enquanto que outros analistas e dirigentes esportivos advertem que é como “pôr o lobo para cuidar do galinheiro”. 

“É incrível que Macri, depois de enganar durante quatro anos os argentinos, agora engane também a FIFA. Aqui só deixou fome e miséria. Depois do que nos custou safar-nos do FMI (Fundo Monetário Internacional) ele tornou a nos endividar pelo resto da vida. Eu peço à FIFA que por favor reveja esta decisão. E que tire do cargo este impostor!” foi a mensagem contundente que Maradona publicou na sua conta no Twitter. 

O astro do futebol argentino enfrenta Macri há muitos anos, desde quando ele era jogador do Boca Juniors e o ex-mandatário – um empresário de obscuras manobras que inclusive o levaram à justiça junto com seu pai Franco por contrabando de peças de automóvel – era presidente do Clube (anos 90). 

O ex jogador da seleção argentina também desabafou em um de seus tuítes "Só nos deixou fome e miséria"

Reprodução Twitter
Maradona tem sido muito atuante em suas redes quando o assunto é politica

Maradona também foi muito crítico da FIFA, fundada em 2018, para enfrentar a Associação de Futebol Argentina (AFA) e competir com esta, como afirmam diversos analistas esportivos. 

O repúdio é geral na condenação à decisão que foi comunicada pelo suíço Gianni Infantino a Macri, que passa férias na Villa La Angostura no sul do país, um lugar exclusivo para milionários, de onde há dois dias falou com um grupo de amigos, transcendendo que acusou seus funcionários por endividar-se, já que ele os havia advertido sobre essa situação, o que causou impacto entre seus seguidores e aliados como a União Cívica Radical (UCR), cuja diretoria criticou duramente suas palavras. 

A maioria das críticas dos meios de comunicação locais dizem precisamente que eleger Macri para conseguir inclusão social e educação se contrapõe totalmente com o que ele fez durante os últimos quatro anos, deixando mais de 40 por cento de pobreza e milhões de indigentes e tendo destruído o sistema educativo. 

O analista Cherquis Bialo assinala em Infobae que “tanto em sua etapa como presidente do Boca ou nas de Chefe de Governo da Cidade e – mais acentuadamente ainda – como presidente da República, Macri fez esforços por inviabilizar as instituições esportivas em seu claro afã de convertê-las em Sociedades Anónimas, porque nunca acreditou na função social dos clubes”.

Em seu governo também fecharam os clubes de bairro ante a imposição de tarifas impagáveis, quando davam contenção social, educação, instrução e outras atividades culturais.

Nos últimos dois anos e especialmente em 2019 foram vários os clubes importantes como River, e outros, que permitiram a milhares de famílias caídas na pobreza absoluta e que viviam nas ruas, que se refugiassem nos dias mais frios do ano em suas sedes, e repartiam alimentos e roupas para aliviar a trágica situação de pobreza. 

Para Bialo “ninguém como os dirigentes do Futebol Argentino sofreram tanto assédio e perseguição para suportar uma intervenção indevida e ineficaz, a criação de uma Superliga desnecessária e a degradação de sua instituição mãe, a AFA. Tal empoderamento de seu governo sobre o futebol, cujo objetivo final era fazer negócios privatizando os clubes através de diferentes figuras jurídicas, vai em simétrica oposição com os objetivos tentativos do cargo para o qual acaba de ser designado. Macri é a contra figura de tudo quanto esteja vinculado com o social e muito mais com o educativo”. 

O presidente do River, Rodolfo D’Onofrio, considerou que “é lamentável que o ex-presidente que nos deixou uma dívida quase impagável, mais de 50 por cento de pobreza (…) inimigo das sociedade civis no futebol… e responsável pelos últimos quatro anos no manejo que vive o futebol argentino, tenha sido nomeado para dirigir a Fundação FIFA”.

Por sua vez, Jorge Ameal, do Boca Juniors, expressou que não estava de acordo com esta nomeação e recordou que a AFA está filiada à FIFA, e por isso Gianni Infantino devia ter consultado o titular desta instituição, Claudio Chiqui Tapia, antes de tomar essa decisão.

Marcelo Tinelli do San Lorenzo e um poderoso empresário televisivo, também no Twitter sustentou que “é lamentável que uma pessoa que sem nenhum pudor e sendo Presidente, tenha manifestado que vinha dizendo aos seus colaboradores que os mercados não iam nos dar mais dinheiro e que íamos à merda”, hoje seja distinguido na FIFA. Triste notícia para os que amamos o futebol”.

Pouco depois, a AFA deu a conhecer um comunicado remarcando sua surpresa pela nomeação, considerando que isso foi “alheio à vontade da Associação de Futebol Argentino”, enquanto que a Superliga demonstrou seu rechaço especialmente “porque a Fundação que será presidida pelo ex-mandatário tem como objetivo contribuir para a promoção de um cambio social positivo”, considerando o sucedido nestes quatro anos no país. 

Pablo Moyano, sindicalista e vice-presidente do Independiente disse que a nomeação de Macri para a FIFA “é um balde  de água fria (…) Lamentavelmente a FIFA não mudou nada e continuam mandando dois ou três poderosos”. E somam dezenas de dirigentes de diferentes clubes que se expressam nas redes sociais. É a notícia do dia e continua sendo debatida. 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Stella Calloni Atuou como correspondente de guerra em países da América Central e África do Norte. Já entrevistou diferentes chefes de Estado, como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Luiz Inácio Lula da Silva, Rafael Correa, Daniel Ortega, Salvador Allende, etc.

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