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Há um esforço ultrassecreto de Trump para provocar guerra com Irã, denuncia Ellsberg

Essa semana também explodiram denúncias pela gravação da investida do presidente de subverter o voto na Geórgia como tentativa de promover fraude eleitoral
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Dez ex-secretários de Defesa alertam contra o uso das forças armadas na disputa eleitoral do comandante em chefe; explodiram denúncias pela gravação da tentativa do presidente de subverter o voto na Geórgia como uma tentativa de promover fraude eleitoral; mais de 150 legisladores estão preparados para suprimir a vontade popular e forças ultradireitistas ameaçam com violência nas ruas da capital – mas apesar de tudo isso, está bem o farol da democracia. 

O nível de alarme por causa das manobras de Donald Trump e seus aliados para se manter no poder chegou a níveis sem precedentes. Os dez ex-secretários de Defesa vivos publicaram em conjunto um artigo de opinião afirmando que “a hora para questionar os resultados já passou” e ante ameaças anteriores do presidente e de alguns de seus próximos de contemplar algum tipo de golpe ou imposição da lei marcial, advertiram que “esforços para envolver as forças armadas para resolver disputas eleitorais nos levaria a território perigoso, ilegal e inconstitucional”.

Por outra parte, 200 líderes empresariais nacionais instaram o Congresso em uma carta a certificar os resultados eleitorais que outorgaram o triunfo ao democrata Joe Biden e advertiram que fazer o contrário ou demorar o processo “é contrário aos princípios essenciais de nossa democracia”, afirmando que a eleição presidencial já foi determinada. Entre os que firmam estão os executivos de Goldman Sachs, BlackRock, American Express e outros de vários setores econômicos.

E as manobras de Trump não são só domésticas e alguns analistas temem que ele esteja preparando uma guerra contra o Irã para os próximos dias. Daniel Ellsberg, o famoso revelador dos Papéis do Pentágono, disse que suspeita que “há um esforço ultrassecreto para provocar uma guerra com o Irã” e solicitou a altos oficiais revelarem a possível existência desses planos. “Façam- no agora”, exortou. 

Essa semana também explodiram denúncias pela gravação da investida do presidente de subverter o voto na Geórgia como tentativa de promover fraude eleitoral

White House
O presidente estadunidense Donald Trump fala com o vice-presidente Mike Pence no Salão Oval da Casa Branca.

Trump, com seus ataques contra as autoridades estaduais na Geórgia também gerou preocupações de violência por parte de seus fanáticos. Autoridades locais implementarão medidas de segurança nos postos de votação enquanto algumas igrejas afro-estadunidenses que participaram na promoção do voto e que também foram sedes de postos de votação cancelaram algumas de suas atividades por ameaças de bomba e de violência, reportou o Wall Street Journal.

A ameaça de violência nutrida por Trump e seus aliados persiste por todo o país, com a capital em espera tensa de manifestantes, alguns prometendo chegar armados, convocados pelo presidente para um evento “wild” (louco, ou selvagem) na quarta-feira para acompanhar uma manobra sem precedentes: mais de 140 deputados e uma dúzia de senadores republicanos encabeçados pelo deputados Josh Hawley e o senador Ted Cruz recusarão certificar o resultado do voto do Colégio Eleitoral outorgando um triunfo esmagador a Biden.  

O governo municipal de Washington mobilizou a Guarda Nacional e terá toda a sua força policial em alerta, e a prefeita Muriel Bowser tem exortado as pessoas a evitar estar no centro da cidade tanto na terça como na quarta-feira. 

Esta noite, o líder dos chamados Proud Boys, organização ultradireitista e misógina fiel a Trump, o cubano-estadunidense Enrique Tarrio, foi preso pela polícia municipal sob uma ordem de detenção por um delito menor de incendiar uma faixa de Black Lives Matter roubada de uma igreja afro-estadunidense em Washington no mês passado quando ele e vários de seus colegas buscaram provocar violência em uma manifestação pró Trump. A detecção seguramente foi parte de um esforço preventivo das autoridades na preparação para a quarta-feira. 

Tanto na Geórgia como na capital, o mais notável é a guerra detonada por Trump dentro de seu próprio partido, com a liderança republicana do Congresso, incluindo o líder da maioria do Senado, Mitch McConnell e outras figuras recusando a manobra para postergar a certificação do voto do Colégio Eleitoral pela Congresso (o que consideram que não pode prosperar) como no nível local, no caso da Geórgia e outros estados, com um presidente exigindo que políticos de seu partido se subordinem aos seus desejos para manter o poder. Alguns dos políticos republicanos, como o senador Rob Portman, denunciaram que esta manobra é nada menos que “suprimir a vontade dos eleitores”. 

“O que você diria se visse isso em outro país? … Estamos vendo a ameaça mais clara à democracia americana que o país já enfrentou …” comentou Ron Brownstein, editor do The Atlantic e comentarista da CNN.

* David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York.

Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava /Ana Corbusier


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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