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Com negativa por vacinação, Rússia vê novo surto de Covid, com mais de mil mortos por dia

Putin decreta férias coletivas obrigatórias. Pessoas com mais de 60 anos terão que ficar em casa de outubro a fevereiro a menos que tenham sido vacinados
Juan Pablo Duch
Diálogos do Sul
Moscou

Tradução:

Com uma alarmante cifra de mais de mil falecidos por Covid a cada dia nesta semana e uma alta porcentagem da população ainda reagindo à vacinação, o governo da Rússia aprovou nesta quarta-feira (20) um novo pacote de severas medidas restritivas.

O titular do Kremlin, Vladimir Putin — em videoconferência com membros do gabinete a cargo de coordenar os esforços contra a pandemia —, decretou, no nível da Federação, o enésimo período de férias, obrigatório para todos e com gozo de salário, de 30 de outubro a 7 de novembro e, “se for necessário, o que faça falta em algumas regiões”, agregou o mandatário que exortou seus compatriotas a vencer suas dúvidas e tomar a vacina. 

“Só há duas possibilidades para acabar com a pandemia — anotou Putin —; ou se vacina ou se enferma. Mas é muito melhor inocular-se e não correr o risco de se contagiar e sofrer as duras consequências da doença”.

Putin decreta férias coletivas obrigatórias. Pessoas com mais de 60 anos terão que ficar em casa de outubro a fevereiro a menos que tenham sido vacinados

Pixabay
Os russos voltarão a sentir as medidas mais duras de restrição no país

O presidente russo se mostrou perplexo pela negativa de muitos a vacinar-se, inclusive familiares e amigos próximos. “Não entendo o que acontece. No começo me perguntavam se eu já tinha me vacinado, e lhes respondia que ainda não. Depois, quando me vacinei era eu quem perguntava se eles já haviam feito. Me respondiam, ainda estou pensando, talvez mais tarde. Não compreendo, estou falando de pessoas com títulos universitários, inclusive mestrado e doutorado…”

No entanto, o presidente não quis que fosse mostrada por televisão sua própria vacinação — argumentou que não queria se tornar protagonista de um espetáculo — mas muito russos preferem seguir os ensinamentos de São Tomé que, como se sabe, disse que mais vale…

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A ordem de suspender todas as atividades por nove dias, e em alguns lugares durante mais de duas semanas, a partir de 23 de outubro, causou preocupação em muitos empresários que temem sofrer perdas que precipitem sua ruína. Além disso, pelo menos 30% do pessoal de todas as empresas e instituições deverá trabalhar à distância e as aulas em escolas e universidades serão dadas por videoconferência.  

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Como tem sido habitual desde que começou a expansão do vírus, cada entidade federal está facultada para aplicar as medidas adicionais que considerar necessárias, dependendo do estado da pandemia. Circulam rumores de todo tipo: que vão fechar os restaurantes, teatros, cinemas, centros comerciais, cabeleireiros e um interminável etecetera. 

Moscou, por exemplo, impôs — anunciado desde terça-feira anterior — o confinamento dos maiores de sessenta anos, que deverão permanecer em suas casas de 25 de outubro de 2021 a 25 de fevereiro de 2022 e, nesses quatro meses, só poderão sair para passeios perto de seu domicílio, com exceção — se diz, mas não se explica como vai ser verificado — dos já vacinados.

Na capital da Rússia, segundo dados de seu prefeito, Serguei Sobianin, do total de 3 milhões de maiores de sessenta anos, a categoria da população mais vulnerável, só pouco mais de um milhão estão vacinados. 

Por sua vez, os dois terços que não se vacinaram constituem a maioria de recentes hospitalizados por Covid, cerca de 1.500 pessoas diariamente. Por seu estado delicado, 80% das pessoas dessa idade requerem estar conectados a aparelhos de ventilação artificial. 

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Entrevistado esta manhã pela emissora Ejo Moskvy, o diretor da prestigiada clínica de urgências Sklifasovsky, Serguei Petrikov, fez um dramático apelo a vacinar-se aos indecisos e negacionistas, que continuam acreditando que não há nenhum vírus e tudo é uma conspiração das indústrias farmacêuticas, chegando a Igreja Ortodoxa, majoritária neste país, ao extremo de declarar em várias ocasiões que vacinar-se “não é pecado”, explicação que continua sem convencer a muitos fiéis. 

Petrikov revelou que sua clínica, que atende os contagiados de Covid com outras patologias graves, está a 100% de sua capacidade e dos hospitalizados só 1% se vacinaram, sendo que nessa categoria são muito leves as consequências da doença e excepcionais os falecimentos.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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