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"Haverá revolta nas ruas" se Trump for processado, intimida senador republicano

Fala partiu de Lindsey Graham, em uma entrevista no domingo (28), acerca da possibilidade de ex-presidente ser autuado pela posse de documentos oficiais
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Donald Trump se encontra cada vez mais em um xeque legal diante de múltiplas investigações por autoridades federais, estaduais e locais e pelo fato de que ele e seus aliados elevam a ameaça de violência política diante de um eventual processo judicial contra o ex-presidente.

Por ora, Trump e seus advogados estão batalhando para enfraquecer a investigação criminal do Departamento de Justiça contra o ex-presidente por possíveis delitos de violar três leis federais, inclusive a Lei de Espionagem, assim como por possível obstrução da justiça no manejo de documentos oficiais secretos que tinha em sua posse em sua residência privada na Flórida, muitos dos quais foram confiscados na busca sem precedentes realizada pelo FBI em 8 de agosto. 

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Esta semana, se espera que uma juíza na Flórida – nomeada ao posto pelo próprio Trump – determine se nomeia um árbitro legal para avaliar se alguns dos documentos são parte do chamado privilégio executivo.

Mas essa manobra é só para demorar e entorpecer o processo legal, uma tática que ele empregou repetidamente como presidente, e antes como empresário. 

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Isso não resolverá a disputa legal, já que se trata de manejo de documentos secretos, incluindo alguns classificados no máximo nível de segredo, por se tratar de material relacionado a assuntos militares e o manejo de agentes e informantes clandestinos em outros países. O possível prejuízo para a segurança nacional dos Estados Unidos já está sendo avaliado pelo Escritório da Diretora de Inteligência Nacional

Fala partiu de Lindsey Graham, em uma entrevista no domingo (28), acerca da possibilidade de ex-presidente ser autuado pela posse de documentos oficiais

Gage Skidmore – Flickr

O senador republicano Lindsey Graham




Fraude eleitoral

Em outros campos, Trump também enfrenta investigações criminais sobre interferência e promoção de fraude eleitoral no condado de Fulton, na Geórgia, junto com alguns de seus sócios e aliados, um caso que alguns especialistas consideram o mais perigoso para o ex-presidente, já que se for formalmente acusado, enfrentaria consequências penais severas. 

Por outro lado, prosseguem as investigações sobre manobras possivelmente ilícitas de sua empresa no estado de Nova York. Ao mesmo tempo, ainda se espera se a extensa evidência arrecadada pela investigação do Congresso da tentativa de golpe de Estado, que culminou com o ataque contra o Capitólio em janeiro de 2021, obrigará o Departamento de Justiça a abrir uma nova investigação criminal contra o ex-presidente. 

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Trump e seus cúmplices têm insistido que ele é vítima inocente de uma perseguição política impulsionada pelos democratas da “esquerda radical”, e do “estado profundo” corrupto que agora maneja o FBI, entre outras agências. 

Embora a cada dia se revelem mais detalhes, sobretudo no caso dos documentos secretos, o volume dos gritos de protesto e denúncia de seus aliados diminuíram, mas alguns insistem em manter sua lealdade a todo custo e quase sempre – junto com o ex-presidente – aludem à possível violência política que isto pode desatar no país. 

“Se há um processo judicial de Donald Trump pelo manejo indevido de informação classificada… haverá revoltas nas ruas”, advertiu o senador republicano Lindsey Graham em uma entrevista à Fox News no domingo (28).

A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, qualificou comentários como esse como “perigosos”. Várias figuras reconhecidas na cúpula política também repudiaram as afirmações por alimentar a violência política. Richard Haass, presidente do Conselho sobre Relações Exteriores, disse nas redes sociais, que a declaração de Graham “é irresponsável… já que será percebida por alguns como um chamado à violência. Funcionários públicos estão obrigados a apelar pelo império da lei”. 

David Simon, o ex-jornalista e criador de algumas das séries de televisão mais famosas dos últimos anos, incluindo The Wire e Treme, assinalou em resposta a tudo isso: “não acredito que haverá sangue na rua se o escroto trapaceiro for acusado e processado judicialmente. Mas se o preço de uma nação de leis é sangue na rua, então que corra sangue. Não há outra opção para uma república. Nenhuma”.

David Brooks, correspondente do la jornada em Nova York.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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