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ToggleEm só pouco mais de uma semana, a Rússia destruiu 1/3 de todas as estações elétricas e outras infraestruturas civis da Ucrânia, segundo foi reportado nesta terça-feira (18) pelo presidente do vizinho país eslavo, Volodymyr Zelensky.
“Um novo tipo de ataque terrorista russo: bombardear nossas infraestruturas energéticas e críticas (que têm vital importância). Desde 10 de outubro, 30% das centrais elétricas estão destruídas, o que provocou severos cortes de eletricidade em todo o país. Já não restam espaços para negociar com o regime de (o presidente russo, Vladimir) Putin”, escreveu Zelensky no Twitter.
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Enquanto nos campos de batalha os exércitos russo e ucraniano mantêm suas posições em toda a linha da frente, de mais de mil quilômetros de extensão, sem quase conseguir avançar há dias, a iminente aproximação do inverno e suas óbvias dificuldades para o movimento de tropas pressagia que a guerra poderia entrar em uma fase estacionária até a próxima primavera.
Se correta essa impressão, a estratégia russa parece centrar-se agora em afetar a infraestrutura energética quando, nos meses de maior frio, a população ucraniana, sobretudo nas grandes cidades, vai necessitar de mais luz, calefação e água potável.
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Por enquanto, o exército russo atacou novamente nesta terça-feira infraestruturas civis e centrais elétricas no leste, centro e sul da Ucrânia. Mísseis e drones caíram sobre Kiev, Járkov, Sumy, Dnipro, Vinnitsa, Zhitomir, Krivoy Rog, Mykolaiv e Zaporíjia.
“Durante este dia, as Forças Armadas da Federação Russa continuaram atacando com armas de alta precisão de longo alcance, a partir do ar e do mar, os centros de comando militar e as redes de energia da Ucrânia, assim como depósitos de munições e armazéns com armas de fabricação estrangeira”, reportou o general Igor Konashenkov, porta-voz do ministério da Defesa russo.
E dentro dessa eventual estratégia, os drones são a arma mais efetiva que a Rússia tem neste momento, por voar mais baixo que os mísseis e não serem detectados pelos sistemas antiaéreos da Ucrânia, embora – em contrapartida – são mais fáceis de derrubar, com um simples fuzil automático ou lança-granadas, antes de entrar nas cidades.
Os drones Bayraktar TB-2 fabricados pelo genro do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan
“Drones kamikaze”
O governo da Ucrânia não tem dúvida de que os drones que a Rússia está usando são comprados do Irã, certamente os Shahed-136 (traduzido do persa como Mártir ou Suicida), batizado pelos meios de comunicação no mundo como drones kamikaze, por serem aparatos que servem para uma só missão.
O chanceler Dmytro Kuleba pediu nesta terça-feira a Zelensky considerar a possibilidade de romper relações diplomáticas com o Irã, devido às “numerosas destruições causadas pelos drones iranianos à infraestrutura civil da Ucrânia, as mortes e o sofrimento de nosso povo, assim como a informação de que poderia continuar o fornecimento de armas de Teerã a Moscou”.
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Um despacho “exclusivo” da capital iraniana afirma que “dois funcionários de alto escalão e diplomatas iranianos revelaram também nesta terça à (a agência de notícias) Reuters que o Irã prometeu fornecer à Rússia mísseis terra-terra, além de mais drones, uma decisão que sem dúvida pode incomodar os Estados Unidos e outras potências ocidentais”.
De acordo com esta versão, “o acordo foi firmado no último dia 6 de outubro durante a visita à Moscou que efetuou o vice-presidente do Irã, Mohammad Mokhiber, acompanhado de dois altos funcionários dos poderosos Corpos da Guarda Revolucionária Islâmica e um funcionário do Conselho Supremo de Segurança Nacional, com o propósito de acertar as pendências da venda de armamento”.
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Teerã, nas palavras do diplomata iraniano citado pela Reuters, “não é parte do conflito da Ucrânia, diferentemente do Ocidente, e considera que isto deve ser solucionado exclusivamente por meios diplomáticos” e, consciente do impacto negativo que poderia ter o fornecimento de armamento à Rússia em relação às negociações em torno do delicado tema de uma acordo nuclear, sempre negou vender a Moscou drones e mísseis de curto alcance (de classe Fathe e Zolfaghar), que segundo as fontes anônimas da agência britânica “despertaram grande interesse dos compradores russos”.
A chancelaria iraniana não tardou em desmentir a informação da Reuters. “É falso que vendemos à Rússia drones ou outro tipo de armamento”, publicou no Twitter, enquanto o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov, remeteu os repórteres ao ministério de Defesa ao dizer que “o Kremlin não tem informação sobre a compra de drones iranianos”.
A dependência castrense russa assegura que são drones de fabricação local, como – em sua opinião – demonstra a inscrição Gueran-2 que levam em caracteres cirílicos, embora parecem um clone dos Shahed-136 iranianos.
Shahed-136 iranianos
De um tempo para cá, desde que o exército russo começou a utilizar drones em seus ataques a cidades ucranianas, especialistas militares independentes – Yuri Fiodorov, Pavel Luzin e outros – concordam que a Rússia nunca fabricou grandes quantidades de aparatos aéreos não tripulados, o que faz supor que os que têm atualmente são comprados em outro país.
A partir dos fragmentos de drones interceptados – o diretor de inteligência militar da Ucrânia, Kyrylo Budanov, disse nesta terça-feira que “sete de cada 10 drones são derrubados” – concluem que os componentes, assim como o tamanho das asas e o comportamento de voo, apontam que se trata dos Shahed-136 iranianos.
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O exército da Rússia sentiu a falta de drones, depois de a Ucrânia causar grandes dores de cabeça ao usar, sobretudo nos primeiros meses da guerra, drones Bayraktar TB-2 fabricados pelo genro do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.
As diferenças entre os drones turcos e os iranianos não se limitam ao fato de os primeiros custarem cerca de 5 milhões de dólares e os segundos pouco menos de 20 mil dólares. Os Bayraktar são de uso múltiplo e com altas tecnologias que permitem manobrar à distância desde o lugar de decolagem e lançam mísseis sobre alvos que se movem. A Ucrânia os utiliza com muito cuidado e geralmente em missões especiais.
Os drones kamikaze iranianos, por sua vez, foram criados para lançarem-se em grupo e como artefatos explosivos para atingir um alvo conforme os parâmetros programados e sem possibilidade de serem manejados à distância; sua velocidade máxima é de 180 quilômetros por hora, de modo que se, por exemplo, forem disparados a 300 quilômetros, tardariam uma hora e meia para chegar ao ponto programado.
Por esta razão, os drone utilizados pela Rússia causam pânico entre a população civil das cidades, mas não são efetivos contra as unidades móveis de lançamentos múltiplos Himars e nem sempre atingem o alvo fixado; basta uma rajada de metralhadora para que desviem e caiam em qualquer lugar.
Juan Pablo Duch | Correspondente do La Jornada em Moscou.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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