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ToggleEmbora as autoridades russas tenham encerrado a causa penal contra o magnata Yevgueni Prigozhin – parte do acordo que permitiu abortar a rebelião de grupo de mercenários Wagner no passado fim de semana – a campanha de desprestígio lançada pelo presidente Vladimir Putin contra seu antigo protegido, e retomada com renovado ímpeto pela televisão pública e pelos blogueiros oficialistas nas redes sociais, passou a segundo plano, nesta quinta-feira (29), diante das notícias que apontam para a inequívoca decisão do titular do Kremlin de tirar do “traidor”, assim definido pelo mandatário russo, todas suas fontes de milionários recursos, assim como meios de influência.
Por um lado, aparte de ter começado a se desmantelar o consórcio Konkord, cujos contratos de fornecimento de alimentos ao exército lhe deixavam poucos ingressos, emissários da chancelaria russa estão voando com destino à Síria, ao Sudão, à República Centro-africana, ao Mali e outros países da África.
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De acordo com informação oficial, viajam para comunicar que o grupo Wagner já não vai prestar seus serviços, mas a Rússia garante que terão os “instrutores” que necessitem, sob outro nome e com outro chefe. Isto se refere aos cerca de 20 contratos que tinha o grupo Wagner no Continente Negro.
Não é claro o que vai acontecer com os ativos de Prigozhin na Síria e na África – poços petroleiros, jazidas de diamantes e ouro, entre outros –, com um valor muito alto, os quais será impossível manter sem o respaldo oficial da Rússia. Os analistas concordam que o empresário caído em desgraça terá que vendê-los na baixa a outros homens de negócio russos, indicados pelo Kremlin.
Império de comunicação
Por outro lado, o magnata Yuri Kovalchuk, uma das pessoas mais próximas a Putin, emergiu nesta quinta-feira como o mais provável comprador de grupo de meios (periódicos e sobretudo canais de notícias no Telegram e outras redes sociais) que deixou de operar há uns dias e pertence a Prigozhin.
A influência midiática que chegou a ter Prigozhin se baseia no que ele admitiu há tempo como sua ideia: fundar a chamada fábrica de trolls, cuja sede em São Petersburgo se encarregou de inundar as redes sociais com mensagens para tentar influir nas eleições dos Estados Unidos em favor de um candidato – com essas palavras disse ele –, mediante a difusão de notícias falsas, agregaram as autoridades estadunidenses que investigaram a torrente de mensagens enviadas da Rússia.
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De acordo com o testemunho de vários empregados que renunciaram ao se sentirem enganados, eram contratados jovens que tinham que mandar 500 mensagens diárias a uma lista de endereços escrita em inglês, conforme os temas que seus coordenadores lhes entregavam.
A sede estava em um edifício de vários andares na rua Savushkina, de São Petersburgo, e começou a funcionar em 2013 com mensagens massivas em favor do Kremlin nas redes sociais, nas páginas web de meios de comunicação e em sites como YouTube.
Prigozhin negava qualquer relação com a fábrica de trolls até que em 2019 esta se integrou ao consórcio de meios Patriot, presidido por ele. E sua nova joia da desinformação começou a se chamar Agência Federal de Notícias (FAN, na sigla em russo), assim como uma infinidade de portais de Internet tipo “Política hoje”, “Economia hoje”. “Notícias do Nevá (rio de São Petersburgo), “Notícias Populares”, sem mencionar a infinidade de anônimos canais de notícias no Telegram e até blogueiros (antigos empregados da fábrica) nas redes sociais.
À margem de quem fique com o empório midiático de Prigozhin, consideram os especialistas consultados pelo meio eletrônico The Bell, fundado na Rússia pela jornalista Elizabeta Osetinskaya, que há um tempo é proscrito: “será o Escritório da Presidência o que marque a linha editorial”.
Sawn Beirut
O magnata Yevgueni Prigozhin, chefe do Grupo Wagner
Onde está o general Surovikin?
Desde o sábado do motim, ninguém tem visto o general Serguei Surovikin, comandante-chefe das forças aéreas e espaciais da Rússia e vice-comandante da operação na Ucrânia, o qual mantinha uma estreita relação de simpatia recíproca com o defenestrado Prigozhin, o que desatou um tsunami de todo tipo de especulações:
Que Surovikin sabia da rebelião e não informou para preveni-la (versão do New York Times citando fontes anônimas da espionagem estadunidense); que está detido no centro de reclusão de Lefortovo (periódicos Financial Times, com base em três fontes anônimas, e The Moscow Times, citando duas fontes anônimas); que não está preso, mas é mantido isolado em uma casa de segurança (vários blogueiros oficialistas em redes sociais); que o interrogaram e o deixaram em liberdade (fontes do meio eletrônico Vashniye Istorii, Histórias importantes); que o porta-voz do Kremlin não sabe aonde está Surovikin; que se encontra em Rostov do Don e participa de vários reuniões (agências noticiosas russas); que Putin o destituiu e que não entra em contato com sua família há vários dias (Aleksei Venediktov, ex-diretor da emissora Ejo Moskvy); e assim por diante.
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Entretanto, nesta quinta-feira, o canal de notícias Baza pôde falar com a filha de Surovikin, Veronika, a qual asseverou que “sinceramente, nada aconteceu com o meu pai” que não está detido e “encontra-se em seu local de trabalho”.
Versão russa do ocorrido em Kramatorsk
Enquanto a Ucrânia põe o acento em que o impacto de um míssil de cruzeiro em uma pizzaria em Kramatorsk, na noite de terça-feira (27), causou 12 vítimas mortais, entre elas três menores de idade, e 60 feridos, o ministério da Defesa russo voltou a se referir nesta quinta-feira a esse ataque e afirmou, com dois dias de atraso, que matou dois generais e até 50 oficiais do exército ucraniano.
“Como resultado de um ataque de alta precisão em 27 de junho na cidade de Kramatorsk, na região de Donetsk, no ponto de estabelecimento temporário da brigada de infantaria motorizada separada 56 do exército ucraniano, dois generais que participavam em uma reunião com até 50 oficiais e não menos de 20 mercenários estrangeiros e assessores militares foram eliminados”, especificou nesta quinta-feira o porta-voz castrense, general Igor Konashenkov.
Juan Pablo Duch | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
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