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“Persona non grata": Lula se soma a personagens ilustres na ignóbil ‘lista’ de Israel

Presidente brasileiro não está sozinho nessa e poderia se sentir honrado em fazer parte desse grupo
Verbena Córdula
Diálogos do Sul Global
Salvador (BA)

Tradução:

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, deve ficar tranquilo. Ele não é a única “persona non grata” para Israel. Há uma lista de nomes ilustres na mesma condição, apenas porque tiveram e têm a coragem de dizer o que deveria ser dito pelo “mundo civilizado” inteiro.

Em 2003, o escritor português e Prêmio Nobel de Literatura José Saramago disse, aqui mesmo no Brasil, que em Israel estavam “a aplicar os mesmos crimes, os mesmos abusos, aos palestinos”, dos quais os judeus foram vítimas. De acordo com Saramago, o muro que Israel construía naquele momento sobre a Cisjordânia “obriga-nos a lembrar os guetos” nos quais os judeus foram obrigados a viver. O português qualificou a situação na Faixa de Gaza como “abuso desproporcional” contra os palestinos.

No ano de 2010 foi a vez do linguista, filósofo e politólogo estadunidense Noam Chomsky, proibido de entrar em Israel, mesmo tendo vivido e trabalhado em um kibutz naquele país, na década de 1950. Sua entrada foi interditada por autoridades de imigração na fronteira com a Jordânia. Conforme informações da AFP, ele teria cruzado a Ponte Allenby, sobre o rio Jordão, quando foi impedido de passar pela Polícia israelense. Em entrevista à TV Al-Jazeera, Chomsky disse que o motivo teria sido um convite para ministrar uma palestra na Universidade Palestina Birzeit e no Instituto de Estudos Palestinos, em Ramallah, na Cisjordânia.

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Presidente brasileiro não está sozinho nessa e poderia se sentir honrado em fazer parte desse grupo

Foto: Ricardo Stuckert / PR
Artistas, políticos, intelectuais são, antes de mais nada, pessoas, seres sociais que têm opiniões e devem expressá-las

Na década de 1980, o grande escritor latino-americano Gabriel García Márquez já tinha entrado na lista de pessoas ‘non gratas’, pois, em 1982, o também Prêmio Nobel de Literatura disse que, se existisse “Prêmio Nobel de la Muerte”, os daria a Benjamin Netanyahu e seu Ministro de Defesa, Yoav Gallant, referindo-se aos acontecimentos na Faixa de Gaza.

No ano passado (2023), o fundador da banda Pink Floyd, Roger Waters, pediu que o governo israelense cessasse o “genocídio” praticado contra os palestinos, em alusão ao contra-ataque do Estado de Israel depois do ataque desferido pelo grupo Hamas, em outubro. Em uma entrevista concedida à TV Brasil, o músico, reconhecido mundialmente, afirmou: “Em Gaza, parem o genocídio. Meu coração não está aqui em Brasília, está lá. Não há como aceitar o que está acontecendo, o que o governo israelense está fazendo e com a permissão dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França e da maior parte da Europa, mas não do povo”.

No mesmo ano, os presidentes dos países vizinhos Bolívia e Colômbia também expressaram seu repúdio à matança em Gaza. Além deles, outras personalidades expressaram suas críticas às violências perpetradas há anos contra os palestinos, sem que os governantes do mundo adotem providências duras contra o Estado de Israel. São pessoas corajosas, que usam sua influência para alertar ao mundo sobre essas atrocidades.

De fato, pessoas influentes mundialmente precisam usar suas vozes potentes para lutar contra as injustiças. Não deve haver “neutralidade”, como apregoam alguns. Artistas, políticos, intelectuais são, antes de mais nada, pessoas, seres sociais que têm opiniões e devem expressá-las. Portanto, o Presidente Lula não está sozinho nessa. Acredito que ele deva sentir-se honrado em fazer parte desse grupo.

Verbena Córdula Professora de História e Comunicação no Mundo Contemporâneo na Universidade Complutense de Madrid (UCM). Professora Titular da Universidade de Santa Cruz (UESC).


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Verbena Córdula Graduada em História, Doutora em História e Comunicação no Mundo Contemporânea pela Universidad Complutense de Madrid e Professora Titular da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus, BA.

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