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Muro de três milhões de mulheres pede justiça de gênero na Índia

A origem da manifestação é o fato histórico de que duas mulheres entraram no Templo de Sabarimala, desafiando uma proibição centenária
Redação Prensa Latina
Prensa Latina
Havana

Tradução:

Após ondas de protestos pela entrada de duas mulheres consideradas “impuras” – ou seja, em idade menstrual – no templo hindu Sabarimala, manifestantes tomaram as ruas de Kochi, capital do estado de Kerala, na Índia, nesta quinta-feira (3), em resposta aos grupos conservadores.

Os protestos começaram com cerca de 400 manifestantes, atualmente, três milhões de mulheres formaram uma corrente humana, chamada de ''Vanitha Mathil'' (Muro de Mulheres), com mais de 600 quilômetros ininterruptos de extensão em Kerala, estado do sudoeste da índia, para lutarem e defenderem a justiça da igualdade de gênero e os valores renascentistas em sociedade.

A origem da manifestação é o fato histórico de que duas mulheres entraram no Templo de Sabarimala, desafiando uma proibição centenária

Prensa Latina
Mulheres se unem para lutar contra injustiças no país

A índia é considerada um dos mais perigosos países do mundo para as mulheres, que enfrentam o risco de sofrerem violência sexual e de serem forçadas ao trabalho escravo. Em solidariedade, os homens desse estado indiano formaram outra corrente humana paralela à do Muro das Mulheres.

O chamado à mobilização para lutar pela justiça de gênero e pelos direitos das mulheres foi dado por 176 organizações progressistas que apreciam o legado do movimento renascentista no estado governado durante o século passado por reformadores sociais famosos como Narayana Guru e Mahatma Ayyankali.

O governo, liderado pela Frente Democrática de Esquerda (LDF) em Kerala e pelo Partido Comunista da Índia (Marxista) elogiaram a organização bem sucedida da manifestação. Mais de 100 reuniões públicas foram organizadas em Kerala, com a participação de pessoas de todos os setores da sociedade, no que foi considerada a maior reunião política na história do território.

No mês passado, no meio da disputa pela peregrinação de mulheres ao Templo de Sabarimala, o principal ministro de Kerala, Pinarayi Vijayan, enviou convites a grupos sociais e foi decidido formar o 'Muro das Mulheres' com o objetivo de promover a igualdade de gênero.

O Partido Comunista da Índia (Marxista) considerou abordar os problemas das mulheres como parte da luta de classes dessa organização, informou o portal de opinião News Click.

Um grande número de líderes políticos e culturais, artistas, escritores, personalidades esportivas, líderes espirituais, entre outros, participaram da iniciativa.

A ideia do Muro das Mulheres foi proposta por movimentos progressistas devido a controvérsias relacionadas ao veredito da Corte Suprema da Índia que destituiu a proibição da entrada de mulheres em idade reprodutiva ao templo de Sabarimala.

Na origem destes protestos está o fato de duas mulheres, com cerca de 40 anos, terem, com o apoio do governo e acompanhadas pela polícia, entrado no Templo de Sabarimala, desafiando uma proibição centenária.

Depois desse veredito histórico, as forças de direita em Kerala tentam divulgar agressivamente a discórdia religiosa nos últimos meses. Os grupos reacionários promovem a ideia de que a religião indiana está sob ameaça devido à decisão do Tribunal Supremo.

Frente a essa tentativa de criar um cenário de misoginia, a Frente Democrática de Esquerda (LDF) em Kerala e o Partido Comunista da Índia (Marxista) lançaram uma campanha de base para se aproximar das pessoas e debater sobre este tema, com isso, se desenvolveu o Muro das Mulheres na Índia.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Redação Prensa Latina

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