Festa sagrada pelo sacrifício feito para derrotar os agressores hitlerianos, os russos celebraram nesta quinta-feira (9) o 79º aniversário da Vitória na Grande Guerra Patriótica, como é chamada na Rússia a Segunda Guerra Mundial.
Seguindo a tradição, ocorreu um desfile militar na Praça Vermelha da capital russa, com cerca de 9 mil soldados e oficiais, mas desta vez – a terceira desde que começou a operação militar especial na Ucrânia – a exibição de armamento foi mais breve do que em ocasiões anteriores, não participaram tanques (exceto um, um simbólico T-34, de meados do século passado) nem as armas mais modernas do exército russo, entre elas os mísseis hipersônicos que as autoridades chamam de “invencíveis”, além de apenas três veículos especiais para infantaria Bumerang.
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Encerraram a exposição de armas os mísseis balísticos intercontinentais Yars, que fazem parte do arsenal estratégico da Rússia, os quais o presidente Vladimir Putin, em seu breve discurso antes do desfile, disse que estão sempre em estado de alerta, prontos para responder a qualquer eventual agressão.
Putin, que estava acompanhado na tribuna por nove chefes de Estado – seis de países ex-soviéticos (Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão), bem como Cuba, Guiné-Bissau e Laos; cinco deles também participaram da cúpula dedicada ao décimo aniversário da União Econômica Eurasiática, como membros e observadores – criticou o revanchismo do Ocidente, as tentativas de distorcer a “verdade da (segunda) guerra (mundial)” ou de justificar “os atuais continuadores do nazismo”.
Momento decisivo
O chefe do Kremlin disse que “hoje a civilização está novamente em um momento decisivo: uma verdadeira guerra foi desencadeada contra nosso país” e observou que a Rússia fará tudo o que estiver ao seu alcance para evitar uma nova conflagração mundial, mas não permitirá nenhuma ameaça à sua segurança. O anfitrião e seus convidados estrangeiros depositaram uma coroa de flores diante do Túmulo do Soldado Desconhecido, junto às muralhas do Kremlin. O presidente russo também se reuniu separadamente com seus convidados.
Em seu encontro com Miguel Díaz-Canel, presidente cubano, Putin disse que “nossas relações com Cuba sempre foram baseadas em um sentimento de amizade e respeito mútuo”. Por esse motivo, “causam-nos sempre repúdio e apoio ao povo cubano as tentativas que, há anos, os Estados Unidos seguem empreendendo para frear o desenvolvimento de Cuba, para causar-lhe dano econômico mediante sanções ilegais e restrições de todo tipo, mas o povo cubano luta contra isso durante décadas e segue adiante”, destacou o presidente russo, segundo as estatísticas oficiais mais recentes.
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O Dia da Vitória é, na Rússia, sobretudo, um dia para lembrar o feito dos antepassados e prestar homenagem aos que deram suas vidas para vencer os invasores nazistas. O preço foi altíssimo: praticamente em cada família morreu pelo menos um ente querido, num total de 27 milhões de vidas ceifadas (tanto de russos como de outras nacionalidades das repúblicas que faziam parte da União Soviética), segundo as estatísticas oficiais mais recentes.
Até há alguns anos, quando muitos dos que contribuíram para hastear a bandeira vermelha sobre a cúpula do Reichstag em Berlim ainda estavam vivos, era uma verdadeira festa popular nas ruas e praças de Moscou e de outras cidades, onde os chamados “veteranos” se reuniam para reencontrar seus companheiros de armas e receber flores e outras demonstrações de afeto de seus concidadãos mais jovens. Por compreensíveis razões – supondo que um soldado, ao completar 18 anos, se incorporou ao exército na véspera do Dia da Vitória em 1945, teria hoje 97 anos de idade – restam muito poucas pessoas que combateram os nazistas nos campos de batalha.
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