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Ordem internacional deve "continuar refletindo nossos valores e interesses", diz Casa Branca

Declaração está inclusa na Estratégia de Segurança Nacional dos EUA, que também reforça a China como principal adversário estadunidense
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Proclamando que esta é uma “década decisiva”, a Estratégia de Segurança Nacional do governo de Joe Biden insiste que os Estados Unidos se manterão como “líder” mundial, identificam a China com seu principal adversário em concurso geopolítico mundial, propõem estar contra uma Rússia “perigosa”, afirmam que a América Latina é a região que “impacta diretamente os Estados Unidos, e – pela primeira vez nesse documento – aborda como assunto chave de segurança nacional a ameaça interna ao sistema democrático estadunidense.

A Estratégia de Segurança Nacional apresentada ´é um documento que toda nova presidência deve apresentar por lei e insiste que os“Estados Unidos continuarão liderando com força e propósito”. Biden escreve que “a necessidade da liderança estadunidense é maior do que nunca”, e reitera sua mensagem básica de que a conjuntura tanto doméstica como internacional se define pela batalha entre “a democracia e a autocracia”

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A Casa Branca resumiu a estratégia como uma que busca “avançar nossos interesses vitais e buscar um mundo livre, próspero e seguro”, empregando “todos os elementos de nosso poder nacional”. 

O assessor de Segurança Nacional, Jake Sullivan, ao comentar o documento com jornalistas, sublinhou que “necessitamos estabelecer as regras do caminho para o século 21” em vários rumos, desde tecnologia aos investimentos, para que “a ordem internacional continue refletindo nossos valores e nossos interesses”. 

Como parte disso, acrescentou, as alianças internacionais – OTAN, no Pacífico, e outras – estão no centro desta estratégia, afirmando que o G7 agora “revitalizado” voltou a ser “um tipo de comitê de direção para o mundo livre sobre temas críticos”. 

A ótica da visão de segurança combina a “competição estratégica” sobretudo com a China, à qual qualifica como “o único competidor tanto com a intenção, e recentemente, com a capacidade para remodelar a ordem internacional”, conter “uma Rússia perigosa” e, ao mesmo tempo, abordar os “desafios compartilhados” transnacionais – como a mudança climática, controle de pandemias, segurança alimentar ou inflação – de uma maneira cooperativa com outros. 

Declaração está inclusa na Estratégia de Segurança Nacional dos EUA, que também reforça a China como principal adversário estadunidense

Joshua Qualls/Governor’s Press Office
Texto aborda “terrorismo doméstico” nos Estados Unidos e que país “não tolerará a interferência externa em nossas eleições”




As Américas

Em relação às Américas, a estratégia afirma que “nenhuma região impacta mais diretamente os Estados Unidos que o hemisfério ocidental”, embora o capítulo dedicado à região ocupe só duas das 48 páginas do documento e quase ao final.

Diagnostica que a pandemia de Covid-19 e a recessão econômica que resultou dela “exacerbaram desafios estruturais antigos, nutriu o mal-estar político e social, minou a fé na capacidade da democracia e gerou níveis sem precedentes de migração irregular aos Estados Unidos e através da região”. Diante disso, propõe “revitalizar” as relações com a finalidade de construir e manter a “resiliência econômica, a estabilidade democrática e a segurança cidadã dentro do hemisfério”.

O texto afirma ainda que os Estados Unidos buscam promover a cooperação para gerar crescimento econômico “inclusivo” e duradouro, e que nesse contexto a prioridade é trabalhar com o México e o Canadá para promover “uma visão norte-americana” para o futuro. 

Ao mesmo tempo, proclama que os Estados Unidos promoverão a “estabilidade democrática” na região, incluindo “proteger contra a interferência ou coerção externa… da… China, da Rússia ou do Irã”. Informa também que através de “instituições interamericanas revitalizadas, e em associação com a sociedade civil e outros governos, apoiaremos a autodeterminação democrática para os povos da Venezuela, Cuba e Nicarágua e qualquer outro país onde a vontade popular seja suprimida”.

A estratégia também sublinha que os Estados Unidos continuarão “construindo segurança” regional ao apoiar esforços para enfrentar tanto ameaças domésticas, como as do crime organizado, e as “externas”, provenientes de “atores malignos que buscam estabelecer presença militar ou de inteligência na região”. 


Segurança nacional em casa

A estratégia de segurança nacional de Biden difere das apresentadas por seus antecessores ao abordar os perigos que enfrenta o sistema democrático de seu país. Ao que parece, foi necessário escrever que “como estadunidenses, todos temos que acordar que o veredito do povo, tal como se expressa em eleições, tem que ser respeitado e protegido”. 

Também é abordada a ameaça que representa o “terrorismo doméstico” nos Estados Unidos e que o país “não tolerará a interferência externa em nossas eleições”.

Para consultar o documento, clique aqui.

David Brooks | Correspondente do La Jornada em Nova York.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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