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Toggle“A grande maioria de nossas importações vêm de fora do país”. “Se não temos êxito, corremos o risco de fracassar”. “O futuro será melhor amanhã”. É tempo para a raça humana entrar no sistema solar”.
Não, amigo. Essas animadas frases não foram ditas por Pedro Castillo Terrones, mas sim pelo ilustre Presidente dos Estados Unidos da América do Norte, George W. Bush.
Uma confirmação palpável de que é igual em toda parte e que as infortunadas expressões de um homem de governo podem remeter-nos às suas qualidades pessoais, mas não necessariamente à condição de seu governo.
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Não há dúvida de que alguns, ao ler essas frases, pensarão no professor. Regressando à realidade, as justificarão plenamente, ao saber que provêm do Chefe da primeira potência mundial, e não renunciarão por causa delas, ao “sonho americano” que os move.
Em Arequipa se costuma chamar “huayquilla”, mas no resto do país se fala somente de “beco escuro”. É uma espécie de castigo ao qual se submete alguém que se quer escarmentar, demonstrando-lhe algo assim como uma sanção coletiva na qual muitos castigam, e só um recebe os golpes. Algo assim está ocorrendo agora com o Presidente peruano.
Não só seus inimigos de ontem se concertaram para castigá-lo das mais variadas formas, mas também seus aliados, aqueles que o levaram à Chefia do Estado em uma contenda que ficará na história social do Peru como um fato imprevisível.
Aqueles que se enfrentaram no início, agem por duas razões: por um lado querem restaurar seus privilégios do velho Peru Oligárquico; e por outra, estão empenhados em derrotar as pretensões dos “igualdados”, esses miúdos provincianos que de repente se sentiram com direito não só a falar, mas inclusive a governar o país, a decidir as coisas. Pôr essa “turma fedorenta” em seu lugar, parece um imperioso dever para aqueles que se sentem detentores do Poder.
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Peru e o beco escuro de Pedro Castillo
Ollanta Humala
Guiados por esse espírito, depreciaram antes Ollanta Humala, a quem finalmente conseguiram esterilizar como costumam fazer as famílias rançosas com seus gatos angorás. O encheram de impropérios e buscaram desacreditá-lo, até que por fim moderou seu discurso e atenuou suas precárias intenções.
Depois encurralaram o PPK, não obstante fosse – por razões de classe – homem dos seus. Não o perdoaram que se levantasse por sua conta e não se pusesse às suas ordens, como sempre.
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Mas Castillo Terrones lhes pareceu já uma afronta intolerável. Nunca tinham imaginado isso. Algo assim como a cuspida de um mendigo em duros anos de crise. Jamais poderiam permiti-lo. Se acontecesse, nem na praia, esqueceriam.
Para intimidar o eleitorado e desanimá-lo de qualquer travessura, inventaram aquilo de “a ameaça chavista”, o perigo de “um governo comunista”, “proximidade com Cuba”, como um castigo do inferno que poderia cair sobre os peruanos se tivessem a ousadia de marcar o lápis na contenda de 2021. O segundo, aconteceu; mas o primeiro poderia ficar inscrito como parte de um mito na imaginação dos peruanos.
E os que agora lhe dão as costas, assemelham a frustração política daqueles que se sentiram os únicos ganhadores e não entenderam nunca que o cenário unipolar não existe tampouco na política peruana; e que ninguém é particularmente proprietário de uma vitória que foi resultado do esforço de muitos.
Sectarismo estreito
Ganhados por um sectarismo estreito, e cegados por um afã de domínio obcecado lhe atribuem a Castillo pelo que não fez por uma razão muito simples: falta de força para operar em um cenário complexo em que a teia de aranha do Poder conspira contra os bons propósitos que aninham no coração das pessoas.
Não é que não seja possível fazer nada desde as altas esferas do governo para mudar a lacerante realidade que nos oprime. Claro que é possível sempre andar por caminhos pedregosos evitando as quedas, mas isso requer algo mais que perspicácia política e experiência sindical.
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Pedro Castillo não foi promovido à Primeira Magistratura por suas elevadas qualidades pessoais nem acadêmicas. Não se tratava de um cientista social nem um profissional excelente. Tampouco, de um economista de primeiro nível. Nem de homens de excepcionais qualidades.
Nunca o foi, nem se ufanou de sê-lo nos difíceis meses de campanha. Apresentou-se transparente, tal como era: um professor rural, agricultor e dirigente de um conflito sindical importante, mas episódico. Assim foi conhecido e assim foi eleito, sem engano algum.
Aqueles que o promoveram como candidato presidencial teriam que fazer a primeira autocrítica por localizá-lo no lugar que lhe ofereceram. Conheciam seus limites, mas não deram importância. Pensaram – e o disseram – que com ele obteriam os votos necessários para “passar a vala”. Não tem, então, nada que repreender-lhe.
Mas a carga de uns e outros, hoje soma. A censura do Ministro do Interior e o ditame aprovado na Comissão Parlamentar que o acusa, o põem na mira de seus adversários, os de antes e os de agora. E faz o reboliço esperado.
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Assoma adicionalmente a Promotoria, o Poder Judicial e, sobretudo, a “Grande Imprensa” que multiplica manchetes e notícias por toda parte e termina convencendo que “se tanto se fala, algo deve haver”.
Desse modo, o beco escuro está prontinho para que caia o mais atacado dos mandatários peruanos. Será assim?
Gustavo Espinoza M. é colaborador da Diálogos do Sul em Lima, Peru.
Tradução de Beatriz Cannabrava.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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