No dia 10 de novembro, a agência internacional de notícias Pressenza, parceira da Diálogos do Sul, divulgou uma nota em que refuta as acusações, feitas pelos EUA, de que estaria associada a uma campanha de desinformação da Rússia na América Latina.
As alegações, assinadas pelo Departamento de Estado dos EUA, foram divulgadas pela Reuters em 7 de novembro e afirmam que tanto a Pressenza como outros veículos independentes estariam defendendo os interesses russos na região latino-americana “a fim de minar o apoio à Ucrânia e espalhar sentimentos anti-EUA e anti-OTAN“.
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“Não temos qualquer contato orgânico com o governo russo, nem com nenhuma das agências mencionadas no comunicado”, inicia a Pressenza na carta-resposta, denunciando a seguir a “absoluta falsidade” de que o governo russo financie o veículo: a agência “se financia exclusivamente através de pequenas contribuições individuais”, observam.
O veículo reafirma o compromisso com a defesa da paz, do desarmamento e da resolução não violenta dos conflitos, e “longe de apoiar ou justificar guerras”, ressalta que as alegações de Washington “se inscrevem na lógica da guerra comunicacional”.
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A nota também aponta o caráter obsoleto e nocivo da Otan, exorta o Departamento de Estado dos EUA a retificar os termos do comunicado e conclama: “É tempo de dar uma contribuição efetiva para a pacificação do planeta, para a cessação dos conflitos armados, […] abandonando a ideia de hegemonia e de excepcionalismo”.
Confira a seguir, em 10 pontos, a resposta da Pressenza.
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Pressenza
"Nossa agência, pela sua própria razão de ser, considera a OTAN obsoleta e nociva", destaca a Pressenza
No dia 7 de novembro, a agência noticiosa Reuters publicou um comunicado do Departamento de Estado dos EUA com o título “Desinformação encoberta do Kremlin na América Latina”.
Segundo o texto divulgado, a nossa agência internacional de notícias com foco na Paz e na Não-Violência, Pressenza, e também outros meios de comunicação independentes, estariam envolvidos numa alegada campanha para “promover os interesses estratégicos da Rússia na região à custa de outros países, optando aberta ou secretamente por colaborar com meios de comunicação locais e indivíduos influentes para espalhar desinformação e propaganda”.
O objetivo de tal campanha, segundo a nota, seria “disfarçar a propaganda e a desinformação russas através dos meios de comunicação locais de uma forma orgânica para o público latino-americano, a fim de minar o apoio à Ucrânia e espalhar sentimentos anti-EUA e anti-OTAN”.
Perante este ataque aberto à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa, a nossa agência afirma:
1 | Que não temos qualquer contato orgânico com o governo russo, nem com nenhuma das agências mencionadas no comunicado.
2 | Que denunciamos a absoluta falsidade de qualquer alegado financiamento por parte do governo russo ou de entidades dele dependentes. A PRESSENZA, para manter um jornalismo independente, é uma agência que se financia exclusivamente através de pequenas contribuições individuais e se mantém graças ao trabalho generoso e voluntário de centenas de jornalistas e colaboradores que defendem a necessidade de expandir um jornalismo de Paz e Não-Violência.
3 | Que a nossa agência, que surgiu no âmbito da Primeira Marcha Mundial pela Paz e a Não-Violência em 2009, longe de apoiar ou justificar a guerra ou os interesses de poder de qualquer potência em particular, tem promovido de forma consistente e coerente a necessidade da paz, do desarmamento, da resolução não violenta de conflitos e da desnuclearização….
4 | Que se pretende induzir o público em erro pela afirmação de que os nossos editores ou redatores utilizam “pseudônimos para ocultar a sua verdadeira identidade e para assegurar que a informação é disfarçada de uma forma orgânica para o público a que se destina”. Todos os nossos redatores e editores aparecem com os seus respectivos nomes no sítio Web da PRESSENZA e, como é de praxe no jornalismo, temos um cuidado especial em fazê-lo no caso de artigos de opinião, exceto no caso de a segurança pessoal do jornalista estar comprometida.
5 | Que é absolutamente falso que a PRESSENZA participe numa campanha anti-americana, publicando conteúdos organizados por organismos oficiais russos para penetrar na “esfera de informação ocidental”, que de resto consideramos bem pouco pluralista, uma vez que é controlada por algumas empresas monopolistas com discursos todos semelhantes.
6 | Que, para além de todas as considerações conspiratórias em relação à difusão de conteúdos para “enfraquecer a Ucrânia e difundir sentimentos antiamericanos e anti-OTAN”, a nossa agência, pela sua própria razão de ser, considera a OTAN obsoleta e nociva e opõe-se à constituição e à atuação de qualquer bloco militarista, bem como a qualquer ação que vise interferir no legítimo anseio de autodeterminação de cada um dos povos do mundo.
7 | Que condenamos a alusão ao jornalista e colaborador regular da PRESSENZA, Oleg Yasinsky, como fazendo parte dum “grupo de atores de influência maligna”, uma linguagem imprópria que procura associá-lo a intenções obscuras. Há muitos anos que Oleg pratica um jornalismo íntegro e empenhado em causas humanistas.
8 | Que a PRESSENZA deplora a atitude do Departamento de Estado, que tenta com este tipo de comunicado manchar o bom nome e a ética profissional daqueles de nós que mantêm uma atitude crítica em relação a todas as tentativas de violar a liberdade de expressão ou de limitar a possibilidade de a opinião pública aceder a diferentes pontos de vista, alternativos à narrativa que continua a alimentar a violência e a vingança como um caminho para a humanidade.
9| Que ações deste tipo, que se inscrevem na lógica da guerra comunicacional, em nada contribuem para um mundo que deixe para trás as pretensões de domínio de umas nações sobre outras ou de uns seres humanos sobre outros, quaisquer que sejam as suas condições ou filiações culturais.
10 | Exortamos o Departamento de Estado e os organismos envolvidos a retificarem os termos do comunicado. Consideramos que é tempo de dar uma contribuição efetiva para a pacificação do planeta, para a cessação dos conflitos armados e do armamento, para a desmobilização dos contingentes armados, abandonando a ideia de hegemonia e de excepcionalismo, e abraçando os valores humanistas que empregaram os melhores momentos da história dos Estados Unidos.
Guilherme Ribeiro | Jornalista e colaborador da Diálogos do Sul.
Com informações de Pressenza
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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