O articulista David Nemer, da revista estadunidense Salon, publicou um artigo nesta quarta-feira (8) comparando o presidente Jair Bolsonaro ao pastor Jim Jones, responsável pelo suicídio em massa de 909 fiéis, incluindo crianças, em Jonestown, na Guiana, em 1978.
O texto de Nemer diz que, da mesma forma que Jones convenceu seus seguidores a tomarem uma bebida envenenada com cianeto, Bolsonaro leva seus apoiadores ao mesmo caminho ao incentivá-los a usar cloroquina como solução contra o coronavírus, assim como criticar o isolamento social em meio à pandemia.
“Embora essa história [de Jim Jones] possa parecer incomum, ela representa a materialização de como as pessoas podem ser manipuladas quando alguém tira proveito de seus medos e vulnerabilidades”, diz o autor.
Montagem Diálogos do Sul
Jair Bolsonaro e Jim Jones
“Pouco antes de Jones decretar suicídio em massa, ele disse a seus seguidores que ‘parassem com essa histeria’, usando a mesma terminologia que Bolsonaro invoca para atacar medidas preventivas de coronavírus. Mas em vez de beber ‘Flavor-Aid’ atado a cianeto para parar a histeria, Bolsonaro instou as pessoas a tomar hidroxicloroquina, uma droga que ainda não foi totalmente testada no tratamento ao COVID-19, e dando às pessoas uma falsa impressão de estarem seguras contra o contágio, para que eles pudessem voltar ao trabalho”, diz em outro trecho.
Nesta quarta-feira, Bolsonaro voltou a atacar pelo Twitter o infectologista David Uip, que também é chefe do Centro de Contingência ao Coronavírus no Estado, e a defender o uso da cloroquina no combate ao coronavírus.
Bolsonaro diz que “cada vez mais o uso da Cloroquina se apresenta como algo eficaz. Dois renomados médicos no Brasil se recusaram a divulgar o que os curou da COVID-19″. Ele então questiona: “Seriam questões políticas, já que um pertence a equipe do Governador de SP?”.
O presidente dos EUA, Donald Trump, também tem insistido no uso da cloroquina, mesmo que não haja estudos que comprovem a eficácia do medicamento no tratamento do novo coronavírus.