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ToggleA notícia, difundida pela cadeia CNN, sobre dois vídeos de conteúdo muito forte que estavam circulando nas redes sociais russas, com militares decapitados, aparentemente ucranianos, provocou que a Ucrânia acusasse nesta quarta-feira (12) à Rússia de cometer “crimes bestiais” e que o Kremlin respondesse que “no mundo de notícias falsas em que vivemos, é preciso comprovar a autenticidade dessas gravações”.
No primeiro vídeo se vê como alguns militares com a cara coberta, presumivelmente russos pelo laço branco no braço com que costumam identificar-se, e por falar russo sem sotaque, sujeitam um soldado, provavelmente ucraniano, por portar um laço amarelo e pelo escudo de sua farda, enquanto outro lhe coloca uma faca no pescoço e, segundos depois, a vítima começa a gritar de dor. O aparente chefe dos verdugos ordena: “Meter a cabeça em um saco e mandar para o comandante (em russo se presta a confusão e pode referir-se tanto ao saco como ao vídeo)”. Na outra gravação, junto a um carro blindado em chamas, aparecem os corpos mutilados, sem mãos nem cabeças, de dois militares com uniforme ucraniano.
Guarda Nacional EUA
Kremlin: Exército estadunidense “tenta ter armas biológicas altamente eficazes para incluir na natureza dos conflitos armados modernos”
O presidente de Ucrania, Volodymir Zelensky, não tardou em lançar: “Há algo que ninguém no mundo pode ignorar: com que facilidade matam estas bestas. O mundo deve ver este vídeo da execução de um prisioneiro ucraniano. Não é casual ou um episódio isolado. Já o tinham feito. Fizeram em Bucha e milhares de outras vezes. Não esqueceremos nem perdoaremos os assassinos”.
O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, retrucou: “No mundo de notícias falsas em que vivemos, é preciso comprovar a autenticidade destas gravações. Primeiro há que comprovar a veracidade destas imagens terríveis. Sem dúvida, são imagens terríveis. Depois podem aparecer elementos para investigar se efetivamente aconteceu, e se é assim, quem o fez e onde”.
Ninguém sabe quem, nem quando, nem para se que gravou esses assassinatos, nem porquê emergiram no primeiro plano noticioso no momento em que a imprensa mundial está centrada nas notícias que chegam dos campos de batalha e nas possíveis ofensivas russas e ucranianas, assim como descobrir quem está por trás e quanto é falso nos comunicados vazados de documentos secretos estadunidenses.
O único certo é que em ambos os vídeos se veem muitas folhas verdes nas árvores e arbustos, o qual sugere que foram gravados no verão passado.
Os canais no Telegram que apoiam a invasão da Ucrânia reagiram com moderação a essas notícias, alguns puseram o acento em recordar os casos de “execuções extrajudiciais”, a sangue frio, de militares russos, e outros preferiram perguntar-se a quem beneficia e porque estes vídeos aparecem agora.
Também houve quem se alegrasse, como Aleksei Milchakov, comandante de um destacamento de ultranacionalistas russos que combatem na Ucrânia ao publicar em sua conta: “Vão ver quantos desses vídeos vão sair”, acompanhando seu vaticínio de numerosos emojis, ou ícones digitais, sorridentes.
Aqueles que estão contra a operação russa na Ucrânia não duvidaram em atribuir os vídeos ao grupo de mercenários Wagner, recordando as atrocidades que em seu tempo foram denunciadas contra eles os jornais de oposição como Novaya Gazeta, proibido desde que começou a “operação militar especial”, em particular a decapitação de um prisioneiro sírio – em uma investigação, com fatos do crime e nomes e sobrenomes daqueles que o cometeram – ou a gravação da execução de um desertor com golpes de martelo na cabeça como advertência aos demais.
Seu chefe, o magnata Yevgueni Prigozhin, difundiu de imediato essa mensagem: “Vi esse vídeo; está mal quando decapitam pessoas, mas não encontrei em nenhum lado nada que indique que isto tenha lugar em Bakhmut nem que os combatentes de Wagner participaram desta execução”.
Laboratórios biológicos de EUA, sob investigação
O Conselho da Federação ou Câmara Alta do Legislativo russo aprovou nesta segunda-feira (10) o informe da comissão parlamentar que foi criada, com o mesmo número de deputados e senadores, para investigar os laboratórios biológico dos Estados Unidos na Ucrânia.
Sua principal conclusão é que Washington “se propõe a desenvolver uma arma biológica universal, modificada geneticamente, capaz de infectar não só pessoas, mas também os animais, assim como os cultivos agrícolas. Seu uso supõe, entre outras coisas, causar danos econômicos irreparáveis e em grande escala ao inimigo”.
Ao apresentar o documento, a presidenta do senado, Valentina Matviyenko, assegurou que a Rússia “está preparada para repelir qualquer ameaça biológica”, e que por isso os cidadãos russos “estão a salvo” e não têm com que se preocuparem.
A Comissão denuncia que o Pentágono, baseando-se no sistema de recopilação de dados sobre doenças contagiosas em seus laboratórios na Ucrânia, “podia vigiar unilateralmente, em tempo real, a situação relativa às doenças infecciosas no território ucraniano, assim como observar o efeito que os patógenos pouco estudados têm nos residentes e mapear a propagação de todo tipo de infecção”.
Os legisladores russos consideram que os agentes nocivos podem causar “epidemias de consequências extraordinárias, equiparáveis a um inverno nuclear” e afirmam que o exército estadunidense “tenta ter armas biológicas altamente eficazes para incluir na natureza dos conflitos armados modernos”.
O informe reconhece: “Os Estados Unidos se viram obrigados a reduzir e exportar urgentemente a outros países e regiões equipamentos, amostras biológicas e outras provas que confirmam o caráter perigoso de suas atividades biológicas militares na Ucrânia”. Isso sucedeu “só porque a Rússia começou sua operação militar especial” no vizinho país eslavo”, enfatizam.
A comissão recomenda que a Rússia e “outros Estados com mentalidade construtiva” iniciam o quanto antes “negociações multilaterais” para elaborar uma convenção que proíba o “terrorismo químico e biológico” no marco da Conferência de Desarme, com sede em Genebra, Suíça.
Juan Pablo Duch | La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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