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<<Marco A. Gandásegui, tradução Diálogos do Sul>>
Os círculos políticos norte-americanos, associados ao poder (establishment), pensaram que podiam transformar Julian Assange em um objeto de escândalo sexual. Acreditavam que era possível destruí-lo, submentendo-o, na Suécia, a um julgamento com distinções sexuais. Posteriormente, seria extraditado para os Estados Unidos e convertido em prisioneiro de guerra, segundo a legislação terrorista deste país. Uma recente experiência fez cair em desgraça o presidente do FMI, após um encontro com uma empregada em um hotel de Manhattan.
A conspiração comandada de Washington, regressou ao ponto de partida e desde sua fuga na Embaixada do Equador em Londres, Assange tem se tornado o defensor mais reconhecido dos direitos humanos e, também, da liberdade de expressão. A perseguição ao fundador do Wikileaks tem despertado uma onda de indignação em todo o mundo.
Com a voracidade que despertou o caso, também o Equador despontou como um baluarte da liberdade de expressão e defesa dos direitos humanos. E então, o que inicialmente, como supôs os Estados Unidos, seria um caso simples, tornou-se um desastre político-midiático.
Os patronos do Wikileaks apresentaram as evidências das sistemáticas violações, cometidas por Washington, da legislação internacional, das leis dos países que tem suas embaixadas e, inclusive, de suas próprias leis. O establishment em Washington montou uma sofisticada operação, na qual participa a Suécia, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Este último país quer capturar a Assange e acusá-lo de ser um combatente ilegal, semelhante aos prisioneiros que tem em Guantánamo. O governo do reino da Suécia fraudou uma denúncia sexual apresentada por duas mulheres residentes neste país nórdico. Baseada na manipulação dos fatos e, segundo alguns, com a assessoria de Karl Rove (cérebro político de George Bush filho), a promotoria sueca emitiu um mandado de prisão contra Assange.
Frente a esta situação, Assange conseguiu asilo na Embaixada do Equador em Londres. Tal decisão desencandeou uma tormenta política nos mais altos níveis dos governos da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos. O governo da Rainha Isabel imediatamente ameaçou violar a Embaixada do Equador e sequestrar Assange. O governo de Quito, por sua vez, recebeu a solidariedade de Unasul, Mercosul e Alba. Inclusive, a OEA – apesar da resistência dos Estados Unidos e Canadá – também apoiou o Equador.
Ficou claro que o que distingue o caso de Assange é a perseguição política dos Estados Unidos, com apoio da Grã-Bretanha e da Suécia. Também ruiu a suposta acusação da promotoria sueca contra Assange por delitos sexuais. No entanto, os Estados Unidos seguem lançando lenha ao fogo para atingir seus objetivos.
A ativista feminina, Naomi Wolf, se interessou por conhecer melhor a acusação contra Assange na Suécia. E chegou a conclusão que era uma aberração do governo sueco. Wolf é uma estudiosa, com 23 anos de experiência trabalhando em casos de violação ao redor do mundo. Há cinco atua em centros especializados na defesa de mulheres abusadas. Ela assegura que o caso Assange “não está sendo tratado como um delito sexual normal”.
Para começar, ela se pergunta por que o político americano Karl Rove tornou-se conselheiro do governo sueco no caso de Assange. Ela também observa que Rove está trabalhando com um ex-ministro da Justiça sueco, que aprovou um programa que permite os EUA levar os presos a países terceiros para serem interrogados e torturados.
aponta para oito irregularidades no caso aberto pela procuradoria sueca, por “delitos sexuais”, contra Assange. Em primeiro lugar, a Polícia sueca nunca persegue pessoas que tiveram relações sexuais consentidas. Assange é o primeiro caso deste tipo na história da Suécia. Uma segunda anormalidade consiste no fato das mulheres que o acusaram, terem apresentado a denúncia juntas. Este procedimento é ilegal e sem precedentes no país.
Um terceiro desvio da promotoria foi aceitar os testemunhos dos namorados das delatoras, que asseguram que as mulheres sempre usavam preservativos durantes suas relações sexuais. Os depoimentos dos noivos não devem ser aceitos (a favor ou contra) por razões óbvias. Uma quarta ilegalidade consiste no fato das denunciantes terem o mesmo defensor, que no caso de Assange, se trata de um advogado corporativista de alto perfil com vínculos internacionais.
Em quinto lugar, a defensora dos direitos femininos assinala que um advogado jamais assume dois clientes em um caso que envolve delitos sexuais. Em sexto, Wolf assegura que, em ocorrências como estas, uma mulher busca um advogado especializado e não um advogado corporativista. Um profissional de tal porte cobra 500 dólares a hora. Quem paga por estes serviços?
Em sétimo, a Polícia pediu para Assange um exame de AIDS. Este procedimento não tem fundamento. E por último, a procuradoria não pode divulgar registros de um caso sob investigação. Contudo, toda a documentação tem sido vazada para a mídia dos Estados Unidos. Segundo Wolf, estes são indícios de que há uma conspiração do mais alto nível entre os governos dos EUA, Suécia e Grã-Bretanha, para destruir a credibilidade de Assange, usando o sexo como uma arma.