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Sólida imagem de unidade entre Xi e Putin é forte impulso à ordem mundial multipolar

Putin e Xi se reuniram 40 vezes nos últimos dez anos, o que dá uma ideia da importância que concedem a estreitar a relação bilateral
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

O presidente da China, Xi Jinping, iniciou nesta segunda-feira (20) na capital russa uma visita de Estado de três dias de duração – sua primeira viagem a outro país depois de sua recente reeleição para um terceiro mandato – com uma reunião “cara a cara” no Kremlin com seu colega russo, Vladimir Putin, que durou quatro horas e meia. 

Os mandatários se regalaram uma tarde/noite – a conversa seguiu em uma ceia informal – em que, a portas fechadas e com a presença apenas dos respectivos intérpretes, puderam falar, com a franqueza que dá chamar-se em público “querido amigo”, dos temas mais relevantes da agenda bilateral e da situação internacional.

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Ao dar as boas-vindas da Xi, na parte aberta transmitida pela televisão russa, Putin destacou que a Rússia e a China “têm muitos objetivos e tarefas conjuntas”, enquanto o presidente chinês sublinhou que “a relação bilateral tem uma lógica histórica” que corresponde aos “maiores vizinhos e sócios estratégicos” que são.

O anfitrião destacou que a China “sempre adota uma posição justa e equilibrada” diante dos problemas mais candentes no âmbito mundial e “se baseia nos princípios de observância dos postulados fundamentais do direito internacional”.

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A esse respeito, o titular do Kremlin mencionou que “estudamos detidamente suas propostas para resolver a grave crise na Ucrânia e, é claro, teremos a oportunidade de debater isto”. 

Na iniciativa de paz – apresentada pela China quando cumpriu o primeiro aniversário da guerra, em 24 de fevereiro – constam 12 pontos indispensáveis para dirimir na mesa de negociações, e não nos campos de batalha, as controvérsias de qualquer conflito armado, não só o enfrentado pela Rússia e a Ucrânia. Porém, quase um mês depois de fazer-se público o documento, Moscou e Kiev só aceitam os pressupostos básicos que correspondem aos seus interesses, sem tomar em conta os do outro.

De acordo com Putin, ao defender posições coincidentes na agenda internacional, a Rússia e a China “contribuem a fortalecer os princípios fundamentais da ordem mundial e da multipolaridade”.

Para esta terça-feira, foram programadas as atividades oficiais da visita de Xi e todas tiveram como cenário distintas salas do Kremlin: encontro em formato reduzido com assessores e ministros; reunião ampliada das delegações; cerimônia de firma de documentos, principalmente de convênios de cooperação econômica entre ambos países; declaração diante da imprensa; e ceia de Estado. 

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Putin e Xi se reuniram 40 vezes nos últimos dez anos, o que dá uma ideia da importância que concedem a estreitar a relação bilateral e a mostrar uma sólida imagem de unidade.

Esta vez não é exceção, levando em conta o apoio que representa a China no atual contexto de sanções ocidentais impostas à Rússia e o desejo compartilhado de exibir uma frente comum contra os Estados Unidos e seus aliados. 

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Reações contra a CPI

Em outra ordem de coisas, o Comitê de Instrução da Rússia (CIR) abriu também nesta segunda-feira uma acusação penal contra o promotor e os juízes da Corte Penal Internacional (CPI), que na última sexta-feira emitiram uma ordem de prisão contra o presidente Vladimir Putin e a comissionada do presidente da Rússia para os Direitos da Criança, María Lvova-Belova.

O CIR atribui ao promotor Karim Ahmad Khan “inculpar de haver cometido um delito muito grave a uma pessoa inocente” e aos juízes Tomoko Akane, Rosario Salvatore Aitala e Sergio Gerardo Ugalde Godínez “terem emitido uma ordem de detenção ilegal contra um representante de um Estado estrangeiro que goza de imunidade”. 

O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dimitri Medvedev, voltou a arremeter contra a Corte Penal Internacional em uma nova mensagem nas redes sociais.

Depois de afirmar no passado fim de semana que a ordem de prisão de Putin e de Lvova-Belova só servia como papel higiênico, nesta segunda-feira ameaçou lançar um míssil sobre o edifício da CPI em Haia. 

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“Os juízes da CPI passaram dos limites. Quiseram mostrar-se muito machinhos, olhem como nos cagamos (sic) e nos lançamos contra uma superpotência nuclear. (…) Não é descabelado imaginar que um míssil hipersônico pode sair de um barco do mar do Norte e fazer em pedaços o edifício da corte em Haia. Não é possível derrubá-lo, lamentavelmente. E a corte é só uma organização internacional intranscendente, e não a população de um país da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Por isso, não vão começar uma guerra. Lhes daria medo. E tampouco vão sofrer por vocês. Assim que, senhores juízes, olhem com atenção para o céu…”, escreveu Medvedev em sua conta no Telegram.

Juan Pablo Duch | Correspondente do La Jornada em Moscou.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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