Generais e almirantes retirados — alguns entre os mais reconhecidos do país – repudiaram o comandante e suas políticas, e mais diplomatas criticam o manejo de relações exteriores para os interesses políticos e empresariais pessoais do presente, enquanto Donald Trump qualifica todos os seus detratores como antipatriotas.
Depois que o almirante retirado William McRaven, ex-comandante de Operações Especiais, escreveu que a república estadunidense estava sob ataque de seu próprio presidente, o general retirado James Mattis, ex-secretário de Defesa de Trump, expressou seu desprezo por seu ex-chefe, burlando-se de como o presidente evadiu seu serviço militar e, em referência ao insulto que o mandatário lhe dirigiu declarando que ele era “um general superestimado”: disse que “sou o Meryl Streep dos generais”, ao recordar que o presidente também chamou a grande atriz de “superestimada”.
Twitter / Reprodução
Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, o auto proclamado
Ao mesmo tempo, outros três generais retirados e figuras amplamente reconhecidas, expressaram suas críticas à decisão de Trump de abandonar os curdos e permitir a intervenção militar da Turquia na Síria.
Junto com eles, também cresce o número de diplomatas veteranos que não apenas foram ao Congresso para testemunhar sobre a controvérsia na Ucrânia, em que Trump pressionou o governo para interferir na eleição presidencial de 2020 ao investigar um dos seus principais rivais – com o que se detonou o processo de impeachment em curso — mas agora sobre outros aspectos de sua política que estão danificando as relações com aliados.
Bill Burns, presidente do Carnegie Endowment e ex-diplomata com enorme prestígio no corpo diplomático escreveu essa semana que “nunca vi um ataque sobre a diplomacia tão daninho (…) como o que está em curso” por esta Casa Branca.
De fato, foi a recente mudança na política com a Síria que criou novas frações dentro do Partido Republicano. O líder da maioria republicana do Senado, Mitch McConnell, denunciou em um artigo de opinião publicado no Washington Post que a retirada das tropas do norte da Síria é “um grave erro estratégico” que põe em risco a segurança nacional e enfraquecerá as alianças internacionais.
Outros de seus colegas se somaram a esta crítica inusual ao presidente, levando alguns estrategistas republicanos a se preocupar com as implicações dessa dissidência justamente quando se acelera o processo de impeachment.
A investigação para formular denúncias para destituir o presidente continuará na Câmara de Representantes na próxima semana com pelo menos 5 funcionários citados, incluindo o atual embaixador na Ucrânia.
Trump, uma vez mais, utilizou um comício eleitoral no Texas para acusar seus detratores de atos contra os Estados Unidos. Disse que a presidenta da câmara baixa e a democrata mais poderosa, Nancy Pelosi, é “uma louca”, acusou os democratas de desejar “derrocar” os resultados da eleição de 2016, e que “já não creio mais que amam nosso país”.
Quem está sob processo de impeachment por possíveis delitos para minar o processo democrático declarou em seu discurso diante dos seus fanáticos que “nesta luta está em jogo a sobrevivência da própria democracia estadunidense”.
*David Brooks, Correspondente – La Jornada, Nova York.
**Tradução: Beatriz Cannabrava
***La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
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