Rússia e Estados Unidos celebraram há poucos dias e a nível adequado consultas presenciais sobre os “motivos de fricção na relação bilateral”, mas não lograram nenhum avanço e só serviram para constatar que os nexos entre Moscou e Washington padecem de uma “gravíssima crise” como não tinham há muito tempo.
A informação é do vice-chanceler russo, Serguei Riabkov, em uma entrevista ao canal de televisão privado RTVI, transmitido em idioma russo via satélite e por cabo na Europa e América do Norte.
Já é hora de proclamar os EUA como “Estado pária” perante a comunidade internacional?
O funcionário, que se ocupa na chancelaria russa da relação com Estados Unidos e do tema do controle de armamento, não precisou quem encabeçou as respectivas delegações, nem onde, nem quando se levaram a cabo as consultas, limitando-se a dizer que esse tipo de contatos se efetua “às vezes” e em “terceiros países”.
De acordo com Riabkov, “há pouco se celebrou no nível adequado uma rodada de consultas sobre os chamados motivos de fricção na relação bilateral com os Estados Unidos. Como era previsível, não se alcançou nenhum progresso e são muito débeis as perspectivas de avançar”.
E lamentou: “não foi possível lograr nem sequer o que caberia pensar que conviria a todos, como o relacionado ao funcionamento das missões diplomáticas e a concessão de vistos, mas a outra parte (EUA) não está disposta a isso”.
O vice-ministro de Relações Exteriores não descartou a possibilidade de ter que rebaixar o nível dos laços diplomáticos, com a retirada de embaixadores e redução de pessoal, mas apontou que Moscou não quer romper relações com Washington.
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“Apesar da gravíssima crise, sem análogas no passado, que padecem nossos vínculos, sopesarmos com atenção cada passo para evitar uma maior escalada. São as instruções de nossos dirigentes e, na chancelaria, as cumprimos ao pé da letra”, afirmou Riabkov.
Foto: Missile Defense Agency/US
Acordo, que estipulava que o Japão prestasse assistência à Rússia para eliminar gradualmente o seu arsenal atômico, foi assinado em 1993
Rússia desiste de acordo para destruição de armas nucleares
As relações com o Japão também não atravessam o melhor momento. O primeiro-ministro Mikhail Mishustin assinou na última quinta-feira (9) o documento que encerra o acordo de cooperação com o Japão sobre assistência à destruição de armas nucleares e encarregou o Itamaraty de notificar a parte japonesa.
Assinado em 1993, o acordo estipulava que o Japão prestasse assistência à Rússia para eliminar gradualmente o seu arsenal atômico através de um comitê binacional que se concentrasse na troca de informações e estabelecesse as modalidades de colaboração.
A ruptura ocorreu após meses de acumulação de tensões em relação a este tipo de armas. Em março passado, Tóquio condenou a decisão do Kremlin de instalar armas nucleares tácticas no território da Bielorrússia, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, acusou, em julho passado, o Japão de ter a intenção de instalar armas atômicas dos Estados Unidos no seu arquipélago.
Juan Pablo Duch | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
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