Pesquisar
Pesquisar

É impossível sair do nó de contradições do capitalismo que afeta a todos, diz Putin

Presidente russo assinalou que há três decênios a humanidade vive um novo período, quando se criaram as principais condições para pôr fim ao confronto ideológico, político e militar
Juan Pablo Duch
Diálogos do Sul Global
Moscou

Tradução:

O modelo atual de capitalismo, sistema que prevalece na imensa maioria dos países, esgotou-se e, baseando-se nessa estrutura social, é impossível sair do nó de contradições cada vez mais complexas que afetam a todos, advertiu ontem o presidente Vladimir Putin ao falar aos participantes do clube de debate Valdai.

A sessão de clausura da edição número 18 desse fórum, que a cada ano se reúne na Rússia, teve lugar no balneário de Sochi, na costa do mar Negro, e não como era habitual no Kremlin de Moscou, talvez devido a que a capital russa, segundo decretou ontem seu prefeito, entrou em confinamento completo até 7 de novembro (só vão abrir as lojas de comestíveis e as farmácias) para tratar de frear o atual embate da pandemia de Covid. 

Ao começar sua intervenção, Putin assinalou que desde há três decênios a humanidade vive um novo período, quando se criaram as principais condições para pôr fim ao confronto ideológico, político e militar. 

O que é o capitalismo e quais são as suas características? | Por Nancy Fraser

Então, agregou, começou a busca de um novo equilíbrio, de relações estáveis em todos os âmbitos, da base do sistema mundial. “Buscamos essa base, porém – há que admitir – não pudemos encontrá-la. E aqueles que depois do fim da guerra fria se sentiram vencedores acreditaram que chegaram ao cume do Olimpo e não tardaram em perceber que esse Olimpo estava desmoronando e inclusive debaixo de seus pés começou a mover-se o piso”. 

Presidente russo assinalou que há três decênios a humanidade vive um novo período, quando se criaram as principais condições para pôr fim ao confronto ideológico, político e militar

Wikimedia Commons
O presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Putin referiu-se aos grandes desafios do momento. Mencionou, entre outras coisas, a crise da ecologia, as deformações do clima e a degradação do meio ambiente, a injusta distribuição dos bens materiais que conduz a uma crescente desigualdade. Também falou da crise dos alimentos, da escassez de água, da falta de energia elétrica, da pobreza e das dificuldades para receber assistência médica adequada. 

Capitalismo, não socialismo, é o que faz maioria da população mundial viver na fome e miséria

Disse que inclusive ao países mais desenvolvidos não se salvam de ter grandes problemas econômicos e sociais e dedicou amplo espaço à pandemia da Covid. 

“É lamentável que o coronavírus, que em teoria deveria unir as pessoas para lutar contra um mal que nos afeta a todos, em lugar de tornar-se um fator de coesão, resultou o contrário. Eu o disse muitas vezes e repito; Há que deixar de lado ambições absurdas e trabalhar juntos”, afirmou. 

Como de costume, após sua intervenção, Putin respondeu as perguntas dos participantes. Chamou a atenção a que fez o jornalista Dimitri Muratov, diretor do periódico opositor Novaya Gazeta, o qual recentemente mereceu o prêmio Nobel da Paz, acerca da necessidade de revisar a lei que permite nomear “agente estrangeiro” aos meios de comunicação que se permitem criticar o Kremlin o que dificulta muito seu funcionamento, convertendo-se em uma espécie de censura.

Com negativa por vacinação, Rússia vê novo surto de Covid, com mais de mil mortos por dia

O mandatário começou sua resposta felicitando Muratov, embora tenha dito que ele lhe haveria dado o Nobel não por seu trabalho jornalístico, mas sim por seu trabalho no campo da beneficência (Muratov encabeça várias campanhas para conseguir fundos e ajudar crianças que necessitam custosas cirurgias), e considerou “exagerada” a preocupação pela suposta perseguição da imprensa crítica na Rússia. 

Não obstante, Putin prometeu falar com os deputados para que revisem essa lei e precisem os critérios para aplicá-la, pois “inclusive tenho amigos que se queixaram de quem quer rotulá-los de “agente estrangeiro” por causa das fundações sem fins de lucro que criam na qualidade de filântropos”. 


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na Tv Diálogos do Sul

 

   

Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

LEIA tAMBÉM

Cidades “santuário” para imigrantes se preparam para barrar ofensivas de Trump
Cidades “santuário” para imigrantes se preparam para barrar ofensivas de Trump
Putin Mais do que trégua, precisamos de uma paz duradoura (1)
Putin: Mais do que trégua, precisamos de uma paz duradoura
Ucrânia teria prometido US$ 100 mil e passaporte europeu a autor de atentado na Rússia
Ucrânia teria prometido US$ 100 mil e passaporte europeu a autor de atentado na Rússia
A esperança das crianças em Gaza A guerra tirou tudo de nós, mas nunca vai tirar nosso sonho
A esperança das crianças em Gaza: "A guerra tirou tudo de nós, mas nunca vai tirar nosso sonho"