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ToggleO titular do Kremlin, Vladimir Putin, declarou nesta terça-feira (27) que o Estado russo financiava completamente do grupo de mercenários Wagner, que no passado fim de semana se rebelou contra a cúpula militar, enquanto o dono desta companhia militar privada na Rússia, Yevgueni Prigozhin, se encontra já na Bielorrússia, confirmou seu mandatário, Aleksandr Lukashenko.
Ao se reunir com um grupo de soldados e oficiais do exército russo, Putin dedicou parte de seu breve discurso ao grupo Wagner: “Sempre tratamos com muito respeito os combatentes e comandantes deste grupo porque, de verdade, deram mostras de valentia e heroísmo, assim como os militares e voluntários do exército”.
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Após o elogio, sublinhou: “Quero que saibam que o Estado assumiu por completo o custo do grupo Wagner, que era financiado completamente pelo ministério da Defesa e o orçamento federal”.
Revelou: “Só de maio de 2022 a maior de 2023, o grupo Wagner recebeu do Estado na rubrica de salários e pagamentos de estímulo a quantidade de 86,262 bilhões de rublos”.
E acrescentou que o Estado assumia toda a manutenção do grupo Wagner, cobrou ao Estado outros 82 bilhões de rublos por fornecer alimentos ao exército: “espero que ninguém tenha roubado nada ou, por dizer assim, tenha roubado menos (do habitual), mas sem dúvida nos vamos nos ocupar de esclarecer isso”.
Kremlin
Aleksandr Lukashenko e Vladimir Putin
Prigozhin, na Bielorrússia
Quando Putin dava a entender que ordenará que se investigue se Prigozhin pode ter embolsado dinheiro público, o avião em que este estava aterrizava em um aeródromo militar da Bielorrússia.
A informação foi confirmada por Aleksandr Lukashenko, o presidente bielorrusso que desempenhou um papel determinante para frear a rebelião de Prigozhin. Ao falar em Minsk em uma cerimônia de seu exército, Lukashenko se referiu ao seu trabalho de mediação, em coordenação com o Kremlin:
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“Por nenhum motivo há que se fazer de mim um herói, nem de mim nem de Putin nem de Prigozhin, porque a situação nos escapou das mãos. Acreditamos que se solucionaria por si mesma, mas não foi assim”, começou com estas palavras seu relato, segundo a crônica da agência noticiosa oficial BELTA.
Ele destacou que Prigozhin lhe jurou que havia tomado o quartel general do grupo de exército Sul da Rússia em Rostov do Don sem disparar um só tiro. “Matou alguém?”, lhe perguntou Lukashenko. “Não, como crê”, respondeu Prigozhin.
“Isto era muito importante para mim – prosseguiu o mandatário bielorrusso –, no caso contrário não poderia seguir tentando buscar um ponto de acordo. Notei que ele estava muito alterado, de cada dez palavras suas nove eram insultos, e me deu a impressão de que os comandantes das unidades de assalto (do grupo Wagner) exerciam muita pressão sobre eles, que se deixavam influir por quem está próximo”.
Quando os destacamentos de Prigozhin chegaram a 200 quilômetros de Moscou, se encontraram com 10 mil soldados russos dispostos a abrir fogo se dessem um passo mais e, nesse momento, de acordo com Lukashenko, o chefe dos Wagner começou a ceder em suas exigências de renúncia do ministro da Defesa, Serguei Shoigu, e do chefe do Estado Maior, Valeri Guerasimov, e contatou o diretor do Serviço Federal de Segurança (FSM, na sigla em russo), Aleksandr Bortnikov para negociar as condições de retirada dos sublevados.
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Diante dos rumores de que o grupo Wagner estaria negociando transferir sua base à Bielorrússia, Lukashenko deu a entender que o exílio de Prigozhin e dos homens que queiram acompanhá-lo, como lhes ofereceu Putin ao dar-lhe a opção de escolher integrar-se ao exército russo, se iriam para suas casas ou à Bielorrússia, poderia ser temporária. “Lhes disse se quem vier por um tempo, os ajudaremos. Isso sim, por sua conta e que paguem tudo”, esclareceu o chefe de Estado bielorrusso.
Desmentiu que os mercenários Wagner vão custodiar as armas nucleares táticas que a Rússia está instalando na Bielorrússia. “Os Wagner não vão custodiar nenhuma arma nuclear, como dizem os polacos e outros (…) É tarefa nossa. E antes que nada, pessoalmente sou responsável pela segurança das armas. Portanto, nunca encomendaria isso a terceiros. Temos suficiente gente preparada, junto com os russos, para proteger esse arsenal”, sublinhou Lukashenko.
Cada vez mais curto
Desde a tentativa de rebelião de Prigozhin, Putin dirige-se à nação.
Em sua primeira mensagem, no sábado de 24 de junho, qualificou de “traição e punhalada pelas costas” a insurreição; em sua segunda mensagem na noite de segunda-feira, não fez referência sobre os rebeldes serem “castigados com dureza” e, em troca, lhes ofereceu a opção de ir embora para suas casas, ao exílio ou firmar um contrato com o Ministério da Defesa.
E em seu discurso desta terça-feira, diante de 2.500 militares, policiais, agentes de segurança e membros da Guarda Nacional, formado na Praça das Catedrais no interior do Kremlin, o presidente agradeceu aos presentes que, com “solidariedade cívica” e “eficaz trabalho coordenado”, evitaram um “banho de sangue”.
Porque, assinalou Putin, “defenderam a ordem constitucional, a vida, a segurança e a liberdade de nossos cidadãos, salvaram de comoções nossa pátria e, de fato, detiveram uma guerra civil”.
Juan Pablo Duch | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
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