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Toggle“Responderemos, mas com sabedoria, e a espera israelense faz parte do castigo”, sentenciou o líder da Resistência do Líbano (Hezbollah), Hassan Nasrallah, durante a cerimônia de homenagem ao comandante Fouad Shukr.
Várias semanas transcorreram desde estas declarações e do assassinato por parte de Israel do mártir Shukr no subúrbio sul de Beirute e do chefe do Burô Político do movimento Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã.
“O governo do ultradireitista Benjamín Netanyahu recorreu a sua tática terrorista contra Estados ou indivíduos, cruzou linhas vermelhas e tomou a decisão de escalar as tensões contra o Líbano e o Irã”, enfatizou o secretário-geral do Hezbollah.
À luz das pressões para evitar a resposta prometida do Hezbollah e da República Islâmica, a máxima figura do movimento político e militar libanês exigiu, dos preocupados com um cenário pior na região, que pressionem a entidade israelense a pôr fim à guerra na Faixa de Gaza.
Mensagem de dissuasão
Desde a abertura da frente de apoio em 8 de outubro, a Resistência libanesa rejeitou um cessar-fogo no sul do país sem deter a agressão israelense contra o povo de Gaza. Depois do ataque ao subúrbio sul de Beirute em 30 de julho, Nasrallah anunciou a inclusão de novos alvos israelenses no começo de uma fase de operações como parte de sua participação na epopeia palestina Dilúvio de Al-Aqsa.
A divulgação de imagens da instalação Imad-4 confirmou a capacidade do Hezbollah para lançar mísseis pesados a partir do subsolo sobre Israel, sem serem detectados e a salvo do fogo inimigo. Em um artigo divulgado no site de análises The Cradle, o jornalista libanês Khalil Nasrallah enfatizou que a divulgação de um vídeo da vasta rede de túneis do Hezbollah não deve ser menosprezada e obriga Tel Aviv a reconhecer a capacidade estratégica do movimento.
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O também apresentador de programas políticos considerou que o centro Imad-4, batizado em homenagem ao comandante militar, Imad Mughniyeh, abriga uma fração do avançado arsenal de mísseis e contém mensagens importantes não só para a atual guerra regional centrada em Gaza, como também para acontecimentos que abrangem pelo menos duas décadas e meia.
De acordo com o especialista em assuntos regionais, um dos objetivos mais críticos desta revelação é desafiar frontalmente a falsa narrativa de Israel de que o Hezbollah se esconde atrás dos civis e armazena suas armas em casas, escolas, complexos residenciais e outras infraestruturas. Na avaliação do analista, tais comentários infundados são amplamente divulgados pelo aparato de propaganda de Tel Aviv e repetidos pelos opositores da Resistência no Líbano.
No alvo da resistência
Para o analista libanês, a revelação de frustrar qualquer possível “ataque preventivo” israelense contra zonas civis em sua tentativa de apresentá-lo como “instalações de mísseis”, demonstra a disposição do Hezbollah de confronto caso a entidade decida intensificar ainda mais o conflito. A propósito desta projeção, o especialista em temas do Médio Oriente, Hosam Matar ressaltou que o que foi publicado pela Resistência é só um exemplo de fortificação, segredo, eficiência, preparação, liberdade de ação, efetividade e capacidade para operar nas condições mais duras.
O doutor em Relações Internacionais indicou que as instalações vitais e estratégicas do ente israelense não sobreviverão ao fogo da Resistência libanesa. Na imprensa israelense, o jornal hebreu Maariv comentou: “o Hezbollah revela pela primeira vez sua cidade subterrânea, com caminhões prontos para lançar mísseis”. O diário Yedioth Ahronoth descreveu o vídeo da Resistência como ameaçador e detalhou os túneis gigantescos equipados com computadores e iluminação e com tamanho e profundidade suficientes.
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A mesma publicação indicou que o conteúdo audiovisual mostrou um percurso por um dos túneis, revelando um longo labirinto subterrâneo iluminado por onde passam continuamente caminhões numerados.
Para o jornalista israelense do site de notícias Ynet, Lior Ben Ari, o material audiovisual é “perturbador” e considera que deveria ser “examinado em profundidade”.
Capacidades militares
Em fevereiro, o jornal francês Liberation informou que a rede de túneis é notavelmente sofisticada, estende-se por centenas de quilômetros, chegando até a Síria. A esse respeito, o jornal britânico The Times comentou a capacidade do movimento político e militar libanês, inclusive a versão econômica de dissuasão nuclear com milhares de mísseis de longo alcance. O jornal considerou que se o Hezbollah lançar todos estes mísseis em ráfagas massivas, superará rapidamente as defesas antiaéreas israelenses, e destruirá centros populacionais e infraestruturas em todo o norte do país.
A publicação britânica considerou conservadora a estimativa de mais de 150 mil mísseis em mãos da Resistência libanesa e fixou em meio milhão seu arsenal de foguetes, drones, morteiros e artilharia.
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O Hezbollah já infligiu danos no norte de Israel desde outubro passado utilizando drones-bomba suicidas, muitos dos quais são capazes de burlar as defesas israelenses, informou a Bloomberg. Segundo a revista estadunidense Foreign Affairs, Israel tentou recuperar a dissuasão por meio de uma perigosa escalada militar no Médio Oriente com os assassinatos levados a cabo em Teerã e no subúrbio do sul de Beirute, como uma extensão da guerra contra a Resistência palestina na Faixa de Gaza.
Na opinião de comentaristas, o governo de Telavive não toma decisões baseadas em cálculos estratégicos de longo prazo e depois do devastador golpe a sua posição dissuasória no ataque de 7 de outubro, luta de maneira frenética para recuperar-se e está disposto a assumir maiores riscos e custos.
Os recentes passos hostis dados pelo gabinete de Telavive frustram qualquer avanço nas negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e irremediavelmente obrigam uma resposta dos movimentos de Resistência no Líbano, Palestina, Iraque, Iêmen e Irã.
A critério do político e general libanês Jamil Al-Sayyed, Israel não pode ignorar que atualmente não está em um confronto militar com exércitos tradicionais: enfrenta homens com uma doutrina de luta baseada na fé e na resistência, que o veem como uma entidade usurpadora e violadora de direitos.
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