A apenas dois dias da realização no Congresso dos Deputados da sessão de posse do líder do direitista Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo, que tem todo o jeito de fracassar, dezenas de milhares de pessoas se manifestaram neste domingo (24) no centro de Madri contra uma hipotética lei de anistia para favorecer os independentistas catalães processados pela declaração unilateral falida de secessão de outubro de 2017. Durante o protesto, agitaram-se as bandeiras espanholas e gritaram consignas contra o separatismo catalão, sobretudo com uma exigência: “Puigdemont na prisão”.
Núñez Feijóo, que apesar de não ter os votos suficientes para levar adiante sua posse, se submeterá ao debate e à votação nesta terça-feira (26), decidiu convocar um “ato de partido” no centro de Madri para levantar a voz contra a anistia que o presidente do governo em função e líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, está negociando com as formações nacionalistas catalãs – as quais incluíram esta condição, entre outras, para apoiar sua posse e reeleição ao cargo.
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Núñez Feijóo qualificou a anistia como “uma cacicada inqualificável” e advertiu que tanto ele como seu partido tentarão evitar a todo custo que se realize.
Segundo a Delegação do governo da Espanha em Madri, no ato do PP reuniram-se cerca de “40 mil pessoas”, embora o PP tenha elevado a cifra para 60 mil. Tanto a praça central do comício, a Felipe II, como as ruas próximas, se encheram de milhares de pessoas que além de apoiar Feijóo às vésperas de seu debate de posse, sobretudo expressaram seu repúdio frontal à previsível anistia que pretende levar adiante o presidente Sánchez para alavancar sua reeleição.
Durante o ato, Feijóo afirmou que “em uma Espanha de cidadãos livres e iguais não se pode dar mais valor ao voto de um diante do voto de outro. A lei e a Justiça devem ser iguais para todos, começando pelos políticos, porque se os políticos não forem iguais perante a lei é uma cacicada inqualificável no Estado de Direito. Não cabem cidadãos de primeira e de segunda (ordem)”.
O líder da direita espanhola, que estava acompanhado pelos ex-presidentes José María Aznar e Mariano Rajoy, acrescentou que ia “defender a soberania do país; ainda que me custe a Presidência do Governo, vou defender que a Espanha é uma nação de cidadãos livres e iguais”.
Foto: Alberto Núñez Feijóo – Reprodução/Twitter
Alberto Núñez Feijóo durante ato em Madri em 24 de setembro
Feijóo afirmou ainda que “o que estão fazendo só tem um nome, indignidade. E só tem um responsável, aquele que está em La Moncloa depois de ter perdido as eleições. Mais de dois séculos depois, e depois de 45 anos de democracia, nós, os espanhóis, nos vemos obrigados a defender a mesma coisa que em 1812: nossa soberania, nossas liberdades e nosso direito às mesmas oportunidades”.
O ex-presidente Aznar também falou durante o ato, dizendo que “a Constituição não é moeda de troca para satisfazer golpistas e a liberdade e a igualdade de todos ninguém vai malversar. A anistia seria um ataque sem precedentes, porque não só vem dos inimigos da Constituição, como também de um partido que tem a obrigação de defendê-la e não o faz. Não vamos aceitar isso nunca!”. Para o ex-presidente Rajoy, a anistia seria “uma emenda à totalidade de nossa Constituição e de nossa democracia e é moralmente inaceitável”.
Armando G. Tejeda | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Ana Corbisier
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