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Sob amparo do Vaticano, congregação católica lavou US$ 295 milhões em paraíso fiscal

Segundo a investigação jornalística Pandora Papers, a rede fraudulenta dos Legionários de Cristo esteve operativa entre os anos 2010 e 2011
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

Os Legionários de Cristo, a congregação ultra católica mexicana à qual pertencem desde seculares, católicos de base e militantes, está também na mira da investigação do Pandora Papers, ao figurar como responsáveis de uma rede financeira oculta a partir da qual moveram até 295 milhões de dólares para investir em negócios imobiliários, petroleiros e tecnológicos.

Segundo a investigação jornalística, a rede fraudulenta foi criada sob o amparo do Vaticano e esteve operativa entre os anos 2010 e 2011. 

O Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativos (ICIJ), uma agrupação que congrega mais de 700 jornalistas de 600 meios de comunicação de todo o mundo, chegou à conclusão de que a congregação religiosa mexicana Os Legionários de Cristo fundada pelo ex-sacerdote Marcial Maciel, condenado anteriormente por pederastia e abuso de menores, utilizou a rede de fraude fiscal internacional das elites mundiais para lavar seus milionários lucros por seus negócios. 

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A congregação religiosa é nutrida economicamente por seus fiéis, mas sobretudo pelos numerosos negócios no setor educativo, entre eles a Universidade Anáhuac, o Colégio Cumbres e uma rede de escolas de nível médio e superior no México, Colômbia, Espanha, El Salvador, Venezuela, Argentina e Chile. 

Segundo a investigação jornalística Pandora Papers, a rede fraudulenta dos Legionários de Cristo esteve operativa entre os anos 2010 e 2011

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Os Legionários de Cristo, a congregação ultra católica mexicana

A investigação jornalística revelou o que até agora era um segredo sabido, as contas não transparentes de uma congregação religiosa que há muitos anos está no centro da polêmica; primeiro por sua proximidade com o ex-Papa João Paulo II, mas sobretudo à raiz dos escândalos de pederastia, abuso de menores e fraude nos quais esteve imerso seu fundador Marcial Maciel, um sacerdote que há algum tempo teve enorme influência no clero mexicano e no poder político de então, e que tinha comunicação direta com o Vaticano. 

A investigação adverte que na última década, os Legionários de Cristo teceram uma rede de fideicomissos e empresas subsidiárias que operavam a partir de um paraíso fiscal sem deixar rastro de quem estava por trás.

Assim conta o diário El País, que participou da investigação: “Sacerdotes e empresários próximos à instituição criaram entre 2010 e 2011 um intrincado esquema que em poucos anos acumulou mais de 295 milhões de dólares em ativos com investimentos em setores como o imobiliário, o tecnológico ou o petroleiro.

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Segundo a investigação, o eleito para desenvolver a trama ilegal foi o cardeal Velasio de Paolis, então responsável das finanças vaticanas e homem de confiança do papa Benedito XVI. “Devia sanear a congregação e pôr em ordem um enorme patrimônio econômico.

O processo durou dois anos e meio, e o informe final prometia a renovação da instituição. Os Papéis de Pandora revelam agora como, enquanto presumiam ter a casa limpa, montaram um esquema para absorver dinheiros através de três fideicomissos na Nova Zelândia. Um destino regular para aqueles que buscam evadir impostos sobre a riqueza”.

Segundo a investigação do ICIJ, “o fideicomisso RMCT se nutria de outros dois, estabelecidos também na Nova Zelândia com o mesmo agente e sob a mesma direção que o primeiro.

O histórico arquiteto das finanças legionárias, o sacerdote mexicano Luis Garza Medina, e dois de seus irmãos empresários abriram em 15 de novembro de 2011, Salus Trust e AlfaOmega Trust, dois fideicomissos de eram utilizados para investir em centenas de projetos em todo o mundo.

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Nessa estrutura injetaram milhões de dólares que, segundo explicam, provinham de “uma herança familiar”. 

De acordo com as atas de criação, ambos contavam com 100 dólares de capital inicial e os fundos incorporados posteriormente consistiam em “transferências bancárias” de dinheiro em efetivo e possivelmente ações do grupo empresarial mexicano ALFA, fundado pela família de Garza Medina.

E assim foram acumulando até 295 milhões de dólares que foram utilizados para ampliar sua influência financeira e empresarial nos setores da energia no México, o petróleo e as novas tecnologias.

Armando Tejeda, correspondente de la jornada em Madri, 

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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