21 anos após o atentado do 11 de setembro, as forças progressistas estadunidenses têm mais poder político real e potencial que em qualquer momento em décadas e, ao mesmo tempo, enfrentam uma ofensiva neofascista sem precedentes que ameaça o futuro da república estadunidense.
O “centro” político, o chamado “mainstream”, confessa que já não tem o controle absoluto sobre o manejo da política nem o consenso suficiente que havia garantido a “estabilidade” política durante as últimas décadas. Agora se fala diariamente, e nos mais altos níveis de poder, sobre ameaças sem precedentes ao sistema democrático e até em “guerra civil”.
No 21º aniversário dos atentados terroristas em Nova York e Washington e a declaração da aparentemente infinita “guerra contra o terror”, uma parte do saldo são as incontáveis mortes, massivas violações de direitos humanos e a destruição de vários países, enquanto um complexo militar-industrial estadunidense goza de orçamentos anuais que está para chegar a aproximadamente 850 bilhões de dólares anuais, um gasto superior ao total combinado dos seguintes 9 países com os maiores orçamentos militares no mundo.
“Guerra contra o terror”: até onde o poder estadunidense atua para vingar 11 de setembro
Vale recordar que Noam Chomsky comentou ao La Jornada, imediatamente depois do 11 de setembro, que esses atentados beneficiariam sobretudo a direita mundial e ao mesmo tempo eram um golpe severo contra as forças progressistas e os imigrantes e com terríveis consequências em particular para o povo palestino.
É possível que, entre as vítimas, agora se deva incluir a própria democracia estadunidense.
Essa “guerra antiterrorismo” aparentemente não contemplou os “terroristas domésticos”, componentes dessa direita beneficiada, que não tinham que cruzar fronteiras, já que foram feitos nos EUA e que hoje se converteram no que o Departamento de Segurança Nacional qualifica como a maior ameaça doméstica à Segurança Nacional.
Parte do que nutre esses movimentos extremistas, muitos de tipo neofascista, é a devastação das vidas de trabalhadores e granjeiros brancos em setores rurais e industriais tradicionais, começando nos anos setenta junto com as consequências da imposição do neoliberalismo durante os últimos 40 anos. Forças da direita, muitas financiadas por multimilionários, conseguiram canalizar a ira e o desespero para alcançar, entre outras coisas, o triunfo de Donald Trump.
Alguns se perguntam, 21 anos depois do 11 de setembro, se ainda existe a democracia nos Estados Unidos
Ao mesmo tempo, forças progressistas ofereceram a esses mesmos setores e aos jovens um convite a uma rebelião antineoliberal, que nos anos recentes se manifesta, entre outras coisas, em um apoio eleitoral massivo para políticos como o senador Bernie Sanders e outros que se identificaram como “socialistas democráticos” – segue assombrando que uma maioria de jovens nos Estados Unidos hoje diz favorecer o “socialismo” – ou defensores da causa das maiorias multirraciais que são o futuro demográfico do país. Esta expressão foi nutrida por novas gerações que participaram em movimentos altermundistas e mais tarde do Ocupa Wall Street, do Black Lives Matter e do renovado movimento ambientalista, entre outros.
Pepe Escobar de volta pro futuro: O mundo pré-11 de setembro no Talibanistão
Temos repetido que, ao tentar reportar objetivamente sobre a pugna política nos Estados Unidos durante os últimos seis anos, é preciso recorrer a duas palavras que quase nunca se haviam usado em décadas: fascismo e socialismo.
Não é que desapareceu a cúpula política, mas todos os dias essa mesma cúpula é obrigada a reconhecer que está enfrentando uma crise existencial.
Alguns se perguntam, 21 anos depois do 11 de setembro, se ainda existe a democracia nos Estados Unidos.
“Há uma desconexão fatal entre um sistema político que promete igualdade democrática e liberdade enquanto leva a cabo injustiças socioeconômicas que resultam em uma desigualdade de renda grotesca e no estancamento político. Conseguida durante décadas, esta desconexão extinguiu a democracia estadunidense”, conclui o jornalista Prêmio Pulitzer e analista Chris Hedges.
E agora, 21 anos depois, o que será?
Bônus musical 1 | The Raconteurs feat. Ricky Skaggs and Ashley Monroe – Old Enough
Bônus musical 2 | Trombone Shorty Everybody in the World.
David Brooks, correspondente do La Jornada em Nova York.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
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