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Além de tanques Leopard e Abrams, Ucrânia pode pedir caças em próxima reunião da Otan

A entrega de aviões de combate é uma das linhas vermelhas russas que até agora Washington e seus aliados resistem a cruzar
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Casualidade ou não, no dia seguinte em que Estados Unidos e Alemanha anunciaram que vão fornecer à Ucrânia seus tanques pesados, a Rússia respondeu com um ataque massivo com mísseis e drone contra Kiev e outras cidades em uma dezena de regiões ucranianas. 

Aqueles que fazem o cálculo afirmam que se trata do décimo terceiro ataque destas características desde que começou, em outubro anterior, a tática russa de bombardear núcleos urbanos sob o pretexto de destruir “alvos militares”, infraestruturas energéticas, sobretudo que deixam a população civil sem eletricidade, calefação e água corrente, ao mesmo tempo em que buscam “sobrecarregar” os sistemas de defesa antiaérea.

Kremlin: Tanques Abrams e Leopard não darão a vantagem desejada à Ucrânia

A confirmada entrega de tanques Abrams estadunidenses, Leopard alemães e Challenger britânicos é vista pelo Kremlin como uma “implicação direta” do Ocidente na guerra. Seu porta-voz, Dmitri Peskov, assim o assinalou na quinta-feira (26): “Consideramos isto como uma implicação direta no conflito, e vemos que cada vez é maior”. 

No mesmo sentido se pronunciou Nikolai Patruschev, o secretário do Conselho de Segurança da Rússia cuja voz tem grande peso no entorno presidencial, o qual declarou também na quinta-feira à agência noticiosa TASS que o atual conflito e o envio de armamento dos EUA e seus aliados à Ucrânia são “resultado da guerra híbrida que há anos trava o Ocidente contra a Rússia”.

Não chegaram ainda os primeiros tanques ocidentais e já correm rumores de que a meia centena de países aliados da Ucrânia voltarão a se reunir em meados do mês de fevereiro, na base militar de Ramstein, Alemanha, para discutir um novo lote de armamento para Kiev. Na ocasião, o governo de Volodymyr Zelensky tratará de convencer aos doadores que lhe entreguem aviões de combate, uma das linhas vermelhas russas que até agora Washington e seus aliados resistem a cruzar. 

“O seguinte grande obstáculo são os caça bombardeiros, que se nos concedem obteríamos uma vantagem decisiva nos campos de batalha (…) e não me refiro só aos F-16 (estadunidenses): necessitamos aviões de quarta geração”, adiantou Yuriy Sak, assessor do ministro da Defesa ucraniano, em uma recente entrevista à agência Reuters.

A entrega de aviões de combate é uma das linhas vermelhas russas que até agora Washington e seus aliados resistem a cruzar

Flickr
Caça F-22 Raptor

Ataque a Kiev

As críticas de Peskov e Patruschev se difundiram depois que o titular do Estado Maior do Exército russo, general Valery Gerasimov, ao mesmo tempo comandante chefe das tropas de seu país na Ucrânia, ordenara atacar Kiev e outras cidades ucranianas com pelo menos duas ondas de mísseis e drones. 

O comandante chefe do exército ucraniano, Valeri Zaluzhny, informou na noite de quinta-feira que ao longo do dia a Rússia “lançou 55 mísseis de localização aérea e marítima X-101, X-555, X-59, Kinzhal (no mar Negro)”. 

Rússia: Vamos continuar avançando enquanto Otan enviar armas de longo alcance à Ucrânia

A defesa antiaérea, asseverou Zaluzhny, logrou derrubar 47 destes foguetes de precisão e, nesta ocasião, “os atacantes usaram vários mísseis balísticos hipersônicos KH-47 Kinzhal (Punhal)”, agregou.

Desde a madrugada, foram ativados na Ucrânia os sistemas de alarme antiaéreo, e caiu a primeira onda, com cerca de 30 mísseis, 15 deles dirigidos para Kiev. A segunda, no transcurso de quinta-feira, veio acompanhada de drones “suicidas” de fabricação iraniana. 

O balanço preliminar de vítimas e danos materiais – de acordo com Oleksandr Jorunzhy, porta-voz do serviço de emergência ucraniano –, inclui pelo menos 11 pessoas mortas e igual número de feridos, assim como 35 edifícios afetados, uma subestação elétrica destruída em Odessa e duas mais em Zaporiyia, danificadas.

“Reforçamos 88 subestações que abastecem de eletricidade instalações de primeira necessidade como hospitais”, explicou Jorunzhy, reconhecendo que, após os bombardeios, houve cortes de fornecimento elétrico em Kiev, Dnipró, Odessa e outras cidades.

Juan Pablo Duch | Correspondente do La Jornada em Moscou.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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