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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (Foto: Nicolás Maduro / Facebook)

Manipulação e desinformação: a intervenção dos EUA na Venezuela em janeiro de 2025

Apesar do golpismo dos EUA e seus aliados, a democracia, a resistência popular e as forças armadas da Venezuela demonstraram sua força e asseguraram a posse de Maduro
Stella Calloni
Diálogos do Sul Global
Buenos Aires

Tradução:

Pátria Latina

Após o fracasso do golpismo permanente dos Estados Unidos contra o governo da Venezuela, primeiro do comandante Hugo Chávez Frías desde 2002 até sua morte em 2013, e depois contra Nicolás Maduro, que o sucedeu por meio de eleições verdadeiramente democráticas e seguras, até agora não havia ocorrido um golpe tão desesperado do império como o que estamos vivendo em pleno janeiro de 2025.

A oposição ultradireitista liderada por Corina Machado, que pediu repetidamente a invasão militar estadunidense para desalojar do poder o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), fracassou na tentativa de criar o argumento necessário para alcançar isso.

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Enquanto isso, causa vergonha alheia o comportamento do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, que considerou que a detenção pública de um gendarme argentino em missões de inteligência na Venezuela era “um crime de lesa-humanidade”, ofendendo gravemente os familiares de milhares de sequestrados desaparecidos na Argentina e em outros países.

Almagro, participante indispensável do golpe de Estado contra o ex-presidente Evo Morales na Bolívia, em 2019, agora no cenário de guerra contrainsurgente de Baixa Intensidade que os Estados Unidos e seu sócio Israel aplicam a nossos países, assume a falsa acusação da ministra da Segurança argentina Patricia Bullrich, que caracterizou a detenção do gendarme Nahuel Gallo, posto à disposição da justiça, como “sequestro e desaparecimento forçado”, quando nada disso existe.

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Sem credibilidade e legalidade

Almagro, sem credibilidade alguma, ignora as normas jurídicas, para simplesmente fazer parte do batalhão golpista que ameaça com uma invasão militar dos Estados Unidos diante da urgência de se apropriar por todos os meios ilegais e violentos das maiores reservas petrolíferas do mundo na Venezuela.

Também se prestou para esse grosseiro ensaio a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), demandando o governo venezuelano por suposta violação dos mesmos.

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Isso, apesar do insólito de um movimento político que decide se declarar vencedor de uma eleição como a de julho passado. O sistema de voto eletrônico na Venezuela, que Hugo Chávez Frías deixou estruturado, é considerado o mais seguro e inviolável do mundo.

O que aconteceria em qualquer país da América Latina se um partido de oposição ficasse com as atas próprias e as levasse para fora do país, quando todo o resto da oposição se apresentou, como fez o PSUV oficialista perante a justiça eleitoral, que de fato tem os resultados das eleições, com dupla garantia, demonstrando os números verdadeiros após uma cuidadosa apuração?

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González Urrutia, o autoproclamado

O autoproclamado presidente eleito, Edmundo Gonzáles Urrutia, buscou o amparo de um governo como o do ultradireitista Javier Milei, que violou todas as normas constitucionais da Argentina, governando por decreto como pode fazer uma junta militar surgida de um golpe de Estado e implantando uma ditadura como aconteceu durante todo o século 20 em nossos países e ainda neste século 21.

Enquanto isso, em Caracas, milhões de venezuelanos se preparavam para a posse do presidente eleito Nicolás Maduro, a quem os Estados Unidos e seus seguidores chamam de ditador, quando se trata do país com maior democracia participativa da região, com forças militares patrióticas que defendem a soberania nacional dos violentos golpes imperiais.

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A organização em comunas da população venezuelana e outras descobertas da chamada Revolução Bolivariana inspiram toda a região, e é esse exemplo e esse modelo que o império em decadência tenta destruir, cujos planos para os conflitos do século 21 na região se tornaram um projeto geoestratégico de recolonização da América Latina, para controlar diretamente os grandes recursos naturais de nossa região.

Os acontecimentos do dia 9 de janeiro, quando Corina Machado e os opositores golpistas tentaram criar violência e caos, sabendo que não contavam com as maiorias populares que esperavam como uma grande festa nacional a posse de Nicolás Maduro em dia 10 de janeiro, fracassaram ostensivamente, embora continuem insistindo como lacaios do império que são.

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“Operação psicológica” e “nova simulação”

O procurador-geral da República, Tarek William Saab, em um comunicado, referiu-se às tentativas da oposição golpista de criar “uma funesta operação psicológica para desencadear atos de violência em momentos em que o país se prepara para a posse do presidente Nicolás Maduro, no período 2025-2031”.

Referiu-se à “nova simulação” à qual se juntaram automaticamente os líderes da extrema-direita em várias partes do mundo, analisando que isso demonstrou que tudo o que foi feito “foi premeditado e coordenado ao nível das ultradireitas internacionais que, neste caso, tiveram uma atuação sinistra”.

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De fato, esses opositores, traidores de sua pátria porque defendem os interesses do poder hegemônico terrorista, manipulam o tema dos direitos humanos, tão caro para os povos de nossa região, com uma cascata de mentiras e notícias falsas que são utilizadas em um nível de criminalidade toda vez que tentam provocar caos, violência, destruição e morte.

A imprensa do poder hegemônico, a desinformação e a manipulação são “imprescindíveis”, como declararam funcionários dos Estados Unidos que apoiam o maior genocídio do século 21 contra um povo como o palestino, ao qual o governo de Israel aplica a política de extermínio para tirar o último pedaço de território que lhes pertence.

Alvos preferenciais de um genocídio

Um genocídio onde as crianças e as mulheres são o alvo preferido, sendo metade dos milhares de mortos, feridos e torturados, enquanto a humanidade “ocidental” é cúmplice desse crime sem paralelo pelas características impostas pelas mesmas forças militares que há anos ocupam esses territórios submetidos à violência criminal, só comparável aos tempos do nazismo hitleriano.

É ainda mais incrível que o sionismo governante em Israel use as vítimas do povo judeu durante o nazismo para justificar os crimes selvagens contra o indefeso povo palestino.

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A atual tentativa de invadir a Venezuela em “defesa dos direitos humanos”, enquanto ocorre um genocídio a céu aberto há mais de um ano, é de uma falsidade criminosa que não podemos ignorar.

Como sustenta o procurador-geral da Venezuela, os opositores pró-imperialistas “voltaram a fazer ridículo ao difundir uma nova infâmia. Com essa encenação, pretendeu-se semear o caos e a violência na nação e desviar a atenção do estrondoso fracasso que resultou a convocatória para esse setor radical minoritário”.

Comprometidos com a paz

“As instituições do Estado, a Força Armada Nacional Bolivariana e o povo da Venezuela estão comprometidos com a paz até alcançar dia a dia grandes vitórias para cumprir o destino de glória que nossos libertadores nos encarregaram de alcançar”, acrescentou.

Foi incrível a tentativa de apresentar como “vítima da ditadura chavista” María Corina Machado, que supostamente havia sido “sequestrada” pelo governo no dia 9 de janeiro, e vimos a Itália, a Espanha e outros países pedindo “a libertação” de quem não esteve detida em momento algum.

A dignidade e a imaginação das resistências populares são invencíveis, apesar do exército midiático que usa a desinformação e a manipulação como uma arma, o que os torna cúmplices dos crimes que se sustentam com a mentira universal.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Stella Calloni Atuou como correspondente de guerra em países da América Central e África do Norte. Já entrevistou diferentes chefes de Estado, como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Luiz Inácio Lula da Silva, Rafael Correa, Daniel Ortega, Salvador Allende, etc.

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