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Cannabrava | Bolsonaristas abrem vantagem; Lula tem que rebolar para não perder de virada

Análise do cenário eleitoral, das tendências e da movimentação dos partidos aponta que nada será fácil à oposição, que não percebe que estamos em guerra
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

O cenário político eleitoral está mutante e favorável às oposições. Aparentemente, a tempestade perfeita está formada, só falta atuar com denodo e coerência. Não cabe tergiversar. O propósito está evidente: derrubar o governo através do voto. Isso só será possível com uma vitória estonteante já no primeiro turno. Para isso, será preciso mudar a correlação de forças que trataremos de descrever a seguir.

A candidatura de Lula tem um sentido de reparação. Era o favorito para ganhar a eleição de 2018 e, por causa disso, não só o impediram de ser candidato, como o mantiveram preso para que não pudesse influir no pleito.

Eleições aquelas que, de todos os pontos de vista, foram fraudadas: fraude pela ausência de Lula; pelo abuso do poder econômico; pela manipulação ilegal das redes sociais; pela ingerência de organizações estrangeiras no processo eleitoral. Foram fraudadas porque a Operação Lava Jato foi armada nos Estados Unidos para servir a seus objetivos hegemônicos.

Resultado de uma Operação de Inteligência realizada por militares das forças armadas, o governo que ocupou o Palácio em janeiro de 2019 o fez com intenção de se perpetuar no poder. E nesses quatro anos se prepararam para isso. Agora, contam com as mesmas armas que utilizaram na campanha de 2018 e com o aval da metrópole imperial, os Estados Unidos, explicitado em recentes declarações da general dos EUA Laura J. Richardson, comandante do Comando Sul das forças do império.

Disse a general que os Estados Unidos estão preocupados com a China e a Rússia, mais ainda com os Brics, formado pelos países citados, mais Brasil, Índia e África do Sul. A Ameaça na América Latina é a integração dos países à Nova Rota da Seda chinesa. Desta vez, o ouro não é negro, mas branco, se chama lítio. A comandante Laura expressa bem isso e sabe que as maiores reservas estão na Nossa América: México, Venezuela, Bolívia, Chile… e Brasil que ainda não mediu suas reservas.

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Brasil a serviço do Capital

O governo militar está a serviço do capital. Mas agora colocaram a sociedade no mesmo rumo. Explico: 

É o capital que manda e o capital já decidiu que não vai perder espaço e muito menos a hegemonia. Deixou isso explícito ao aderir à Carta aos Brasileiros, lançada estoicamente pela Faculdade de Direito da USP. O capital simplesmente botou a merda no ventilador, e disse, explicitamente: democracia e respeito aos resultados das urnas é tudo o que queremos para legitimar nossa vitória. A vitória do Deus dinheiro, dos banqueiros, dos grandes capitalistas e do projeto ianque de colonização.

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Nem a direita democrática, nem a esquerda se deram conta e se preparam para a operação de guerra que será a eleição de outubro. 

Os dados estão lançados. Temos duas candidaturas polarizadas, significando continuidade ou mudança e um conjunto de candidatos que apenas favorecem o continuísmo. 

Fica mais que evidenciado que essa pardidocracia brasileira é uma aberração e que, assim como as leis e regras eleitorais, precisa mudar. Para dar um só exemplo do quão incoerente é o sistema eleitoral e quão absurdo é cada um dos partidos, no Amapá, o PL de Bolsonaro e o PT, de Lula, ferrenhos adversários no plano eleitoral, estão juntos e apoiam o candidato do Solidariedade, Clécio, que também tem o apoio do PDT, de Ciro. Outros absurdos se repetem nos demais estados e são vistos como normal. Não é normal.

A campanha começa já na próxima semana, dia 15 de agosto. Preparem-se. O Partido dos Militares, manejando a máquina governamental e assentados no Partido Liberal, já está fazendo campanha para arrecadar fundos. Cuidado! É um saco sem fundos. Rios de dinheiro vão correr pelas avenidas, comprando tudo: votos e mídia. R$ 4,9 bilhões só do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, o tal do Fundo Eleitoral. 

Na continuação, detalho o cenário eleitoral para que se tenha ideia da correlação de força desigual para com os democratas e para as esquerdas, o que só poderá ser mudado com um movimento de massas vigoroso e mobilização das pessoas em torno da verdade. E a verdade é que se trata de uma luta de libertação nacional e que, seguramente, perdermos mais essa batalha.

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Os candidatos

Os candidatos com seus partidos e os minutos de televisão disponível (em minutos e segundos) e recursos financeiros do Fundo Eleitoral (em milhões de reais)

• Lula, vice Alckmin — PT, PCdoB, PV, Solidariedade, PSB, Rede, Psol, Avante, Pros (3m18s). Recursos do Fundo: R$ 503,4 do PT; R$ 268,9 do PSB, R$ 76,1 do PCdoB; R$ 69,7 da Rede; R$ 113 do Solidariedade; R$ R$ 100 do Psol; R$ 69,2 do Avante; R$ 91,4 do Pros e R$ 50,6 do PV. Soma R$ 1,273 bilhões.

• Bolsonaro, vice general Braga Neto — PL, Progressistas (PP) e Republicanos. (2m40s). Recursos: R$ 288,5 do PL; R$344,9 do Progressistas; R$ 242,2 do Republicanos. Soma R$ 875,6 milhões.

• Simone Tebet, vice Mara Gabrilli — MDB, PSDB, Podemos e Cidadania (2m6s). Recursos: R$ 191,4 do Podemos; R$ 87,9 do Cidadania. Soma R$ 279,3 milhões.

• Soraya Thronicke, vice Marcos Cintra — União Brasil (2m7s). Recursos R$ 782,5 milhões.

• Ciro Gomes, vice Ana Paula Matos — PDT (50s). Recursos R$ 253,4 milhões.

• Roberto Jeferson, vice Kelmon Souza — PTB (20s). Recursos R$ 114,5 milhões.

• Luis Felipe D’Ávila, vice Tiago Mitraud — Novo (19s). Recursos R$ 90,1 milhões.

• Eymael, vice João Barbosa Bravo — DC (8,3s). Recursos R$ 3,1 milhões.

• Vera Lúcia, vice Kunã Iporã (Raquel Tremembé) — PSTU (6,8s). Recursos R$ 3,1 milhões.

• Sofia Manzano, vice Antônio Alves — PCB (6,8s). Recursos R$ 3,1 milhões.

• Leonardo Péricles — UP (6,8s). Recursos R$ 3,1 milhões.


Situação na pesquisa em 30 de julho

Escolhemos a Quaest por ser a que está servindo de balizamento para o capital se posicionar. E foi essa pesquisa que animou a Febraban e a Faria Lima a assinarem o Manifesto da Democracia. Estão seguros de que vencerão, apesar de Bolsonaro.

De julho para cá, Janones desistiu de sua candidatura em favor de Lula. Teoricamente, seriam mais dois pontos para o petista, mas sabemos que a conta não é tão aritmética assim.

No segundo turno, Lula mantém a vantagem de 51 em quaisquer dos cenários.

Tendência de baixa, Lula partiu de 45% para 44%; com tendência de alta, Bolsonaro ascendeu de 23% para 32%, quase 10 pontos, não é brincadeira.

Cláusula de barreira: Nesta eleição, regra aprovada em 2017, para se manterem como partidos as legendas terão que eleger 11 representantes para a Câmara dos Deputados em um terço dos estados, ou seja, nove para ter acesso aos fundos partidário e eleitoral. Os pequenos partidos tendem a desaparecer, por isso se uniram em federações.

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Frente pró Lula consistente e crescendo

PT (Partido dos Trabalhadores) — O grupo formado inicialmente em torno de Lula, na Federação Brasil da Esperança — PT, PSB, PCdoB, PV — cresceu e já são nove partidos formando a frente de salvação nacional, com a adesão do Psol, Rede, Avante, Solidariedade e Agir (antigo PTC). Poderá contar com o Pros também. Além disso, cresce com a adesão de avulsos e rachas nos partidos. O PSTU afirma que Lula não representa os interesses da classe trabalhadora, mas que é urgente e crucial derrotar Bolsonaro e, Bingo! Lula é o favorito.

Psol e Rede estão unidos em uma federação.

PT, que já foi a maior bancada, hoje está em terceiro lugar, 56 deputados, que com os 24 do PSB, 8 do PCdoB, e 4 do PV, somam 92 da fusão. Juntas, elegeram 130 deputados, 12 senadores e oito governadores em 2018

Com os partidos que se somaram à campanha, a situação melhora, pois são 8 do Psol, 2 da Rede, 6 do Avante, 8 do Solidariedade e 4 do Pros, 28 coligados totalizando 120 deputados. Melhora mas é bem desproporcional. Corresponde a maior quantidade de votos que a oposição consegue no Congresso, derrotada sempre com mais de 300 a 350 votos para qualquer votação.  Com a soma dos recursos do Fundo Eleitoral tem R$ 1,273 bilhão para gastar na campanha. 

Lula conta também com apoio das lideranças do MDB de onze estados, apesar do partido oficialmente ter lançado candidatura própria.

Fica claro que se não mudar essa correlação de forças no Legislativo, mesmo ganhando as eleições não haverá governabilidade possível.

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Maiores colégios eleitorais

Nos maiores colégios eleitorais, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, as frentes formadas em torno de Lula se unem com dificuldade e enfrentam adversários poderosos. 

O truque de colocar o tucano histórico Geraldo Alckmin como vice não convence o caipira conservador e muito menos o fascista que votou no Bolsonaro e ganhou a eleição. Pensar que o eleitor vai mudar de voto é um erro. O Nordeste é fechado com Lula, mas não tem densidade eleitoral para eleger um presidente.

Com relação às Centrais Sindicais, há que destacar que seis delas manifestaram apoio explícito e engajamento na campanha de Lula: CUT, CTB, UGT, Força Sindical, Intersindical e Nova Central de Trabalhadores. Há divergências entre elas com relação à proposta original do PT de revogar todas as reformas promulgadas pelo ilegítimo Temer, o que fez Lula abrandar sua proposta.

Luciano Bivar, do União Brasil, consciente da inutilidade de sua candidatura a presidente, desistiu e anunciou que está com Lula para parar o golpe. Será mesmo? Vai tentar renovar seu mandato de deputado federal. É vivo. Sabe que haverá substituição no Planalto, acumula fichas para negociar no futuro. Para Lula, um gol de placa como se dizia antigamente, caso Bivar entre na sua campanha.

Também o deputado federal mineiro André Janones, que já foi do PT, do PSC e agora está no Avante, de onde lançou sua candidatura à presidência, desistiu de ser candidato e após se reunir com Lula na quinta-feira (4) aderiu à campanha do petista. Dizia que apoiaria se Lula aceitasse suas propostas, a executiva do partido as incorporou e selou o acordo de apoio.

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A eleição presidencial tem que ser ganha com o maior número de votos possível e com o maior número de parlamentares progressistas, de preferência ligados às lutas dos trabalhadores

Tão dura como a vitória será difícil a governança. Ganhar com uma pequena margem desestabiliza o sistema, dá margem à contestação.

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Tudo está sendo feito dentro do sistema para dar continuidade ao sistema. Não há nem proposta, nem condições para romper com ele.

Por isso, é necessário trabalhar duro na formação da grande Frente de Salvação Nacional, com propostas de mudar o sistema, repensar o país, construir a pátria soberana.


Partido dos Militares

PL – Partido Liberal. Havia um Partido Liberal fundado em 1985 por Álvaro Valle e Valdemar Costa Neto, oriundos da Arena, o partido criado para apoiar a ditadura militar (19964-1985). 

Liberal, se compôs com o PT e indicou o então vice José de Alencar nos dois mandatos. Esse partido desapareceu vítima das danças das cadeiras. Em 2006, o Partido da República (PR) une o Prona e o PL e se transforma em Partido Liberal, o PL que tempos hoje, presidido por Valdemar da Costa Neto. Sempre foi uma vanguarda do Centrão, com a maior bancada da Câmara Federal, 77 deputados, apoiou o golpe de 2016 e sustenta o governo federal.

O PL fechou com o Progressistas (PP), partido de dois pesos pesados do governo, o presidente da Câmara, Arthur Lira e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, além de constituir a segunda maior bancada, com 58 deputados e com o Republicanos, com 44 deputados, totalizando 179 parlamentares que são os que estão manejando o Orçamento da União e detentores dos cerca de R$ 15 bilhões das emendas parlamentares secretas e não secretas. Além do fundo eleitoral, iniciou campanha de doações com objetivo de arrecadar pelo menos R$ 70 milhões.

Esse PL, militarista, tem um forte nicho nos quartéis, das forças armadas e das polícias militares. Além do vice, general Braga Netto, abriga a candidatura de militares em todos os níveis e para governo dos estados, senadores, deputados estaduais e federais e para a Presidência da República, como também no âmbito dos municípios.

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Bolsonaro, em campanha, é recebido como “mito” nas visitas e nos discursos que faz, ilegalmente, às academias militares e nos quartéis, contrariando a legislação.

Bolsonaro conseguiu fechar coligações nos 27 estados, notadamente com o PTB e o PSC. Seus principais candidatos são Onyx Lorenzoni, no Rio Grande do Sul, e o capitão Tarcísio de Freitas, em São Paulo, ambos do PL. Em Mato Grosso, seu partido fechou com o União Brasil e dará palanque para o capitão.


Análise do cenário eleitoral, das tendências e da movimentação dos partidos aponta que nada será fácil à oposição, que não percebe que estamos em guerra

Foto: Ricardo Stuckert
Goste ou não dele, Lula é o favorito e tem real chance de ganhar no primeiro turno




Messias segue sendo mito

Jair Bolsonaro, seis vezes eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro, passou pelos partidos PDC, PPR, PPB, PP, foi eleito pelo. PSL e agora está no PL. Como deputado federal sempre foi do baixo clero (ralé) e compôs com o Centrão, eleito em 2018, tendo o general Hamilton Mourão de vice, pelo então minúsculo partido PSL, a força dos evangélicos e a fraude eleitoral

Médicos e enfermeiras votaram, boa parte, nele. Em seu mandato foi aprovado o piso profissional para as enfermeiras, uma conquista, mas há que tratar a vitória como um direito não de uma concessão, mas, funciona eleitoralmente.

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Com relação aos médicos, salta aos olhos a cena dantesca apresentada pelo Conselho Federal de Medicina, que recebeu Bolsonaro, recepcionado sob aplausos efusivos e gritos de “mito”. Médicos e enfermeiros aliados à necropolítica do Estado Assassino, fascista. São os absurdos de Nosso Brasil.

Republicanos é o partido da Igreja Universal do Reino de Deus que, junto com a maioria das denominações evangélicas, apoiou Bolsonaro em 2018 e, em sua maioria, segue dando apoio a quem consideram eleito por Deus para salvar o país. Claro que há um setor progressista nas hostes evangélicas, mas pouco altera a vantagem de Bolsonaro que conseguiu alterar significativamente a correlação de forças.

Benedita da Silva, deputada federal pelo PT do Rio de Janeiro, diz que não é certo que o Bolsonaro tenha todos os evangélicos, pois, a fome e o desemprego estão no meio deles também. 

Em junho, pesquisa do Poder Data mostrava intenção de voto 46% para Bolsonaro e 28% para Lula no primeiro turno. Mas… ainda é muito voto, e se mudar, será para favorecer o partido situacionista. Entre os católicos, Lula ganha de 48% a 32%.

Em junho, 53% dos evangélicos aprovavam a gestão de Bolsonaro e 39 desaprovam. Entre os católicos, é quase o inverso, 54% desaprovavam e 35% aprovavam.

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Auxílio Brasil muda o voto?

As 14 milhões de famílias que estão para receber os R$ 600 de ajuda emergencial, juntamente com motoristas de caminhão e de aplicativos, também motoristas de ambulância são alvo das bondades do governo. Nós temos dito que esse dinheiro vai desaparecer assim que chegar nas casas, pois mal dará para pagar as dívidas, comprar comida.

Pesquisa da Quaest verificou que oito de cada dez eleitores sabem que o dinheiro vem do governo, mas não pretendem mudar seu voto. Para a Poder Data, entre os beneficiários, Lula tem 58% e Bolsonaro 25%. 

Segundo pesquisa do Poder Data, o PL é o partido com mais candidatos competitivos ao senado com chance de se eleger em seis estados (DF, ES, MT, RJ, RN, e SE); seguido do PSDB, cinco estados (AM, GO, MG, PE e SE).

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União Brasil tem quatro (PB, PR, PE e TO); o mesmo número que o PT (AC, CE, PB e PI); O PSD levaria quatro estados (AM, BA, RS e SC); MDB, três (AL, SE e RR); PSB também três (MA, SE e SP); PP igualmente (MS, SE e TO); Republicanos dois (ES, RS); e levaria um estado o PDT (RN); o PSC (MG); o PTB (PA); o Podemos (SE) e o Psol (SE).

O senado é importante e neste ano a eleição é para renovar 1/3 da casa, ou seja, estão em disputa em outubro 27 cadeiras, uma para cada estado.

Os números definem 12 candidatos competitivos dos partidos que apoiam Bolsonaro e nove na coligação que apoia Lula.

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Movimento Democrático ou um saco de gatos?

MDB — Movimento Democrático Brasileiro — já foi a grande frente que salvou a República, com 37 deputados tornou-se um saco de gatos. Coligado com o PSDB (21 deputados) e o Cidadania (7), ambos unidos numa federação, conta com um total de 65 parlamentares para sair a campo em busca de votos. 

Em 2018, em conjunto, elegeram 82 deputados e 11 senadores. Em 11 estados, o partido definiu apoio a Lula (AL, PB, CE, ES, BA, PI, MA, RJ, PA e RN). Apesar disso, o presidente Baleia Rossi fez a convenção lançar candidatura própria e negou apoio oficial ao petista.

E Simone Tebet, por que insiste? Seu partido está dividido, a maioria (11 estados) vai para o lado certo, apostando em Lula para virar a mesa. Seus 2% não vão subir, só vão atrapalhar.

Para corroborar, o PSDB indica a senadora paulista Mara Gabrilli para ser vice da federação PMDB/Cidadania/PSDB. Uma chapa puro sangue feminina — Amor e Coragem — tem mais chance, se alegra Tebet. 

Tem não. Não engana as feministas nem as mulheres comuns que estão passando fome e não se deixam enganar com conversa mole de quem nunca esteve a seu lado.

O correto seria manter uma candidatura que unisse o partido e ter cacife para negociar num segundo turno. Isso se o cenário fosse de normalidade. No cenário de guerra, Simone atrapalha e ficará na história como aliada dos bolsonaristas, jogará sua carreira, arrastando a Gabrilli. Dá lástima.

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União Brasil tem a maior cota do fundo

União Brasil tem bancada de 51 deputados, é o que conta com o maior volume de recursos do Fundo eleitoral: R$ 782,5. Claro que não desistirão de concorrer, mas a desistência da candidatura à presidência do líder, Luciano Bivar, complicou a vida do partido na fusão do PSL, do Bivar, com o Democratas, do ACM Neto.

Sérgio Moro, candidato a senador, está furioso. Esse, que deveria estar preso por traição à Pátria, continua tendo mídia. A Convenção decidiu pela senadora Soraya Khronick, com o vice Marcos Cintra, ambos do Mato Grosso do Sul e emersos do bolsonarismo. 

Soraya se destacou na CPI da Pandemia. De família rica, é proprietária de uma rede de motéis no estado. O vice, Marcos Cintra, foi secretário da Receita. Tornou-se conhecido por ter uma proposta de um Imposto único. Proposta que já foi encampada inclusive pelo PT, deverá estimular o debate sobre a tão necessária reforma tributária, anunciada por todos, mas nunca encarada e realizada. Apesar de estar há quase um ano em campanha, o Novo não conseguiu pontuar nas pesquisas.


Ciro, teimoso, se afunda e atrapalha

PDT  — Partido Democrático Trabalhista — O partido fundado por Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Neiva Moreira, Euzébio Rocha para levar a proposta do desenvolvimentismo de Getúlio Vargas desapareceu com a morte de seus líderes fundantes e foi parar nas mãos de oportunistas. Brizola, quando candidato, perdeu e apoiou Lula e também quando não foi candidato. Estão fechados com Lula os partidos da esquerda, centrais sindicais, movimentos populares.

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Diante desse quadro, por que um Ciro Gomes insiste? Hoje com 19 deputados, Ciro se manteve um tempo com 8% nas pesquisas e agora caiu para 5%, o suficiente para decidir a eleição de Lula no primeiro turno. Brizola deve estar revirando na tumba. Já foi derrotado três vezes.

Lançada para vice a vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos. A quem serve essas candidaturas se está dividindo o seu próprio partido? Muita gente do PDT vai votar em Lula já no primeiro turno e o Ciro diz em entrevista que nem num segundo turno votaria no Lula! A quem serve isso? 

Goste ou não dele, Lula é o favorito e tem real chance de ganhar no primeiro turno. Ciro desbundou de vez. Haverá alguém no PDT que consiga pôr ordem nessa bagunça?


PTB o maior estelionato político da história

PTB — Partido Trabalhista Brasileiro — hoje tem três deputados federais, é o maior estelionato político da história!

O partido criado por Getúlio Vargas para ser o partido dos trabalhadores para, através da socialdemocracia chegar ao socialismo, foi transformado num antro de ladrões e fascistas. 

O presidenciável Roberto Jefferson divulga fotos empunhando um fuzil com o qual quer matar os militantes da esquerda. Lançada uma chapa puro-sangue, tem Kelmon Luis da Silva Souza, um padre ortodoxo, líder do Movimento Cristão Conservador Latino-Americano como vice. 

O que a gente não entende é como Jefferson pode ser candidato estando condenado e cumprindo prisão domiciliar por estelionato político. Ambos os candidatos, usurpadores da sigla trabalhista, se tornaram conhecidos na eleição passada como aliciadores e mobilizadores de milícias cibernéticas que ajudaram na farsa eleitoral que levou os militares ao poder.


Novo é o partido dos banqueiros e bilionários

Novo — Partido Novo, fundado por banqueiros para defender seus interesses, é formado por bilionários e existe para defender o mercado financeiro. Já tem oito deputados federais. 

Na sua declaração de bens, Felipe D’Ávila registra R$ 24 milhões. Só? Seu vice é o protótipo da elite dos Estados Unidos. Foi Diretor Executivo da Fundação Estudar e presidiu a Brasil Júnior (Confederação Brasileira de Empresas Juniores). Participou do Programa de Desenvolvimento de Lideranças da Harvard Business School.


Partido que não é

PCB — Partido Comunista Brasileiro, se diz o partido mais antigo do país. Não é. O PCB, fundado em 1922, entrou em agonia no 6º Congresso em 1968. Morreu com a saída de Luiz Carlos Prestes, nos anos 1980. A sigla, não o partido, ainda teve uma sobrevida até ter sido extinta por Roberto Freire que criou o Cidadania e se compôs com os tucanos. Tiveram 45 mil votos em 2014. Propõe reformar as reformas do Temer.

Pros — Partido Republicano da Ordem Social, fundado em 2013, tem dois senadores, quatro deputados federais e 24 estaduais, e foi o primeiro a registrar um candidato no TSE. Comissão Executiva do Pros, conduzida por seu presidente, Eurípedes Júnior, reunida na quarta-feira, 3 de agosto, retirou a candidatura de Pablo Marçal, notório nas redes digitais.

PSD — Partido Social Democrático, com 47 deputados, é um feudo de Gilberto Kassab, useiro e vezeiro em apoiar qualquer governo a troco de cargos ou favores. Apoiou Fernando Henrique, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro. Há dois meses das eleições mantém-se neutro, ou seja, mantém suspense. Só vai se manifestar quando tiver certeza e fichas nas mãos para negociar.

Tudo isso para mostrar que não há outro caminho que a linha de massa para quebrar a hegemonia do capital.

Paulo Cannabrava Filho, jornalista latino-americano e editor da Diálogos do Sul.


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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1957. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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